Andando pela rua me sentia tão pequena. Por todo lado tinha tantas pessoas, carros e prédios gigantes. O que deveria me fazer sentir sufocada só me fez sentir aliviada por finalmente não estar no centro das atenções. Cheguei em um parque que parecia não ter fim. Não esperava encontrar tanto verde no meio do acizentado da cidade. Tinham pessoas tomando sol, brincando, fazendo ginástica, piquenique, tudo. Sentei na sombra de uma árvore que tinha perto de um campo de areia, onde estavam jogando vôlei.
— Cuidado! - alguém gritou.
Antes mesmo que pudesse ver quem foi, uma bola acertou com toda força a minha cabeça.
— Você está bem? - gritou um dos garotos, enquanto uma garota morena vinha na minha direção.
Não sabia o que fazer. Só fiquei parada com a mão na cabeça, como se isso fizesse parar a dor.
— Ei, você se machucou? - ela perguntou me analisando com seus olhos escuros, mas nem me deu tempo de responder. - Que pergunta idiota! Claro que alguém que leva uma bolada dessa se machuca. Foi mal, não quis te acertar. Até porque se eu quisesse não iria conseguir. Já deu para ver que meu senso de direção não é muito bom, né? Foi mal mesmo. - ela falava tudo rápido como se nem precisasse respirar.
— Tudo bem. - forcei um sorriso.
— Desculpa aí pela nossa amiga. - outro garoto interrompeu. - A gente já contratou um adestrador para ela aprender a não machucar as pessoas. Cada semana é uma vítima diferente. - todos riram, menos ela que só levantou o dedo do meio como resposta.
— Como eu ia dizendo. - ela virou para mim se aproximando mais. - Desculpa mesmo, parece que dessa vez machuquei de verdade. - ela observava meus olhos que deviam estar vermelhos de tanto que chorei ultimamente.
— Não, está tudo bem. Foi só um acidente. - abaixei a cabeça. Não queria que ela se desse conta de que aquilo não era choro pela dor da bolada.
— Vai logo! A gente quer jogar. - o mesmo garoto gritou.
Peguei a bola e entreguei na mão dela. Não lembrei que tinha subido as mangas devido ao calor, então seus olhos foram de encontro com os cortes nos meus pulsos. Tentei virar os braços para ela não ver, mas pela cara que ela fez com certeza tinha visto.
— Calma! - gritou impaciente, indo em direção ao campo de areia. - Pronto! Toma logo essa merda! Sempre soube que você gostava de uma bola mesmo. - deu um sorriso debochado.
— Não vai mais jogar?
— Hoje não. Depois eu ligo para vocês.
— Vai aprontar alguma, né?
— E quando ela não apronta?
— Vocês são piores que vizinhos curiosos, adoram cuidar da vida dos outros.
— Vê se não põe fogo em alguma coisa... de novo.
— Vou por fogo em vocês, isso sim. - falou sério, mas todos começaram a rir, então devia ser só uma brincadeira. Estranha, mas só uma brincadeira.
Ela voltou para perto de mim e se sentou ao meu lado.
— Esqueci de me apresentar. É que meus amigos são doidos e não sabem calar a boca. Meu nome é Angelina, mas não gosto que me chamem assim. Então me chame de Angie. Qual seu nome?
— Alicia.
— Tipo Alicia no país das maravilhas? Aí esquece, é Alice. - se corrigiu levando a mão à cabeça. Era engraçado como ela respondia suas próprias perguntas. - Acho que nunca te vi aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]
DragosteKyle Collins pode ser a maior estrela entre as celebridades, mas para Alicia ele é muito mais do que isso. Ele é a única estrela que ilumina a escuridão que ela tem como vida. Presa em um ambiente problemático tanto na sua escola quanto em sua própr...