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POINT OF VIEW MARIA •

Acordei em um lugar o qual não sabia onde era, até olhar pro lado. Haviam alguns aparelhos de monitoramento e uma "bolsa de soro" ligada diretamente na minha mão. Olhei pro meu outro lado e o Léo estava dormindo em uma poltrona.

— Léo? - Chamo baixinho mas ele não ouve - Amor? - Falo mais alto.
— Ãn? - Abre o olho - Graças a Deus, cê acordou.
— Porque eu tô aqui?
— Cê não lembra? - Senta na beirada da cama.
— Só lembro de estar na cozinha do Thiago e sentir muita dor na barriga e... Léo, a Luíza tá bem? - Me desespero.
— Calma, ela tá bem - Segura na minha mão - Mas nós temos outro problema.
— Que problema?
— Bom...

Nesse instante a porta é aberta e meus pais e a minha irmã entram no quarto. Caralho, fodeu.

— Tem muito tempo que você acordou filha? - Minha mãe pergunta se aproximando.
— Não muito.
— Tá sentindo alguma coisa?
— Ainda tô com um pouco de dor, mas agora parece mais uma cólica.
— É assim mesmo, mas já vão aplicar a segunda dose do remédio e vai melhorar.
— Nós temos que conversar - Meu pai fala.
— Precisa ser agora? - O encaro.
— Essa conversa já tinha que ter acontecido desde quando você soube que ... Meus Deus, eu não consigo nem falar - Ele diz - Leonardo, você precisa ir.
— Eu não vou deixar ela aqui sozinha - Fala.
— Ela não tá sozinha - Ele fala - Tá com a família dela.
— Pois é, mais goste você ou não, agora eu também sou a família dela.
— Meu bem - Minha mãe olha pro meu pai - Ele tem razão, nós precisamos conversar com os dois.
— Acho melhor eu sair - Minha irmã diz - Vou lá avisar pro pessoal que você acordou.
— Quem tá aí? - Pergunto.
— Muita gente - Ela diz rindo.

Observamos minha irmã sair do quarto e Leonardo segurou na minha mão por baixo do lençol. Meu pai voltou sua atenção pra nós e suspirou pesado.

— Eu tô tão, mais tão decepcionado com você que não consigo nem imaginar algo pior que isso pra ter acontecido - Diz - Grávida Maria Eduarda? Grávida? Você só tem dezessete anos, não trabalha, como você vai cuidar dessa criança?
— Pai...
— Ela não precisa trabalhar, eu vou dar tudo o que as duas precisarem - Léo me interrompe e fala.
— Ah menino, pelo amor de Deus, vai sustentar como se você nem trabalha?
— Eu trabalho sim - Diz.
— Desde quando ser músico dá dinheiro? Faça-me o favor, né? Eu ainda acho que tirar essa criança é uma opção.
— Tá maluco? - Pergunto - Você só pode estar maluco.
— Meu bem, nós já falamos disso, ela não vai tirar, isso foi um erro e eles vão ter que assumir a responsabilidade.
— Assumir a responsabilidade? - Ele ri - É uma criança, eles não vão conseguir fazer isso.
— Exatamente - Leonardo diz - É uma criança e você tem a coragem de falar uma coisa dessas? E não importa como vamos fazer isso, nós vamos cuidar da nossa filha sim.
— Não enche a boca pra falar isso garoto, tenho certeza que se pudesse, você cairia fora.
— Eu jamais faria isso, se eu fui homem pra fazer, sou homem pra assumir e além do mais, eu amo a Maria, não deixaria ela por nada nesse mundo.
— Tem certeza? É a terceira vez que vocês terminam e voltam, quem garante que você não vai fazer isso quando a criança nascer?
— Eu garanto - Diz.
— Sinceramente, isso não dá pra mim, façam o que vocês quiserem, só não contem comigo pra nada.

Meu pai diz isso e sai do quarto. Eu sabia que ele não reagiria bem, mas sinceramente não esperava que ele fosse dizer as coisas que disse. Minha mãe olhou a porta se fechar e me olhou em seguida.

— Não adianta chorar Maria Eduarda, o que tá feito, tá feito, agora é aguentar as consequências.
— Até você, mãe?
— Você queria o que? Que eu ficasse feliz, soltasse fogos e desse uma festa pra contar pra família que a minha filha de dezessete anos tá grávida? - Ela basicamente cospe as palavras na minha cara - Eu tô tão decepcionada quanto seu pai, mas jamais te incentivaria a fazer um aborto, vocês erraram e vão ter que conviver com isso.
— A Luíza não foi um erro, foi um descuido, é diferente - Digo - Mas independente disso, eu nunca considerei essa opção, eu ia ter ela vocês gostando ou não.
— Pois é, agora é o que vai acontecer. Faltavam só três meses pra você se formar minha filha. E os seus planos de ir morar com as suas amigas? A faculdade? Acabou tudo.
— Não acabou não - Léo diz - Ela vai terminar a escola e assim que a Luíza nascer, ela pode começar a faculdade, alguns meses mais tarde não fazem mal.
— Olha, sinceramente eu nem sei mais o que dizer.
— Não precisa dizer nada, só não vira as costas pra mim como meu pai fez - Peço e meus olhos se enchem de lágrimas.
— Eu jamais viraria as costas pra você, ainda mais agora - Diz - Mas não significa que eu esteja contente com o que aconteceu.

Alguém bate na porta e uma enfermeira entra pra aplicar a segunda dose do remédio, mas logo ela saiu. Ninguém disse mais nada. Minha mãe ficou ali, sentada na poltrona onde o Léo estava antes e ele deitou comigo na cama e ficou fazendo carinho em mim, até que eu dormi de novo.

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𝙨𝙚𝙪𝙨 𝙨𝙞𝙣𝙖𝙞𝙨 🥀• leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora