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Acordei e não sabia que horas eram, porque lugar não tinha janela. Não havia ninguém ali, tentei levantar mais estava me sentindo muito fraca. Procurei meu celular que tinha deixado ao meu lado na maca, mas ele não estava mais ali. Fiquei encarando o teto por alguns longos minutos, até que a porta foi aberta.

— Você acordou - Minha mãe diz entrando.
— Acordei - Ri - Que horas são?
— Seis e meia - Olha no relógio.
— Já? Nós chegamos aqui uma da tarde.
— Pois é - Sorri - Tá se sentindo bem?
— Tô com dor na barriga ainda e agora tô um pouco fraca - Falo - Cadê meu celular? Quero falar com o Léo, o show dele era o de abertura do evento, já deve ter acabado.
— Filha... O Léo tá vindo pra cá.
— Como assim vindo pra cá? Aconteceu alguma coisa com ele? - Meu coração acelera.
— Maria...
— Mãe, o Leonardo tá bem?
— Tá filha, ele tá bem, calma.
— Você me assustou - Suspiro - Mas porque ele tá vindo embora? Era pra ele voltar só na quinta.
— Olha só quem acordou - A médica entra no cômodo - Como você tá se sentindo?
— Ainda com dor e fraca, a dor parece com uma cólica, mas bem mais forte.
— É assim mesmo - Se aproxima - Eu vou te passar alguns remédios, mas antes, nós precisamos conversar.
— O que tá acontecendo? - Tento me ajeitar.
— Eu acho que é melhor esperar o Leonardo chegar - Minha mãe fala com a médica - Ele ligou agorinha pra mim, disse que em uns vinte minutos chegava aqui, a cidade onde ele estava não fica tão longe e ele já estava dentro do São Paulo.
— Gente, alguém pode me falar o que tá acontecendo?
— Nós já vamos falar filha, calma - Minha mãe força um sorriso - As meninas estão aqui pra te ver, vou chamar elas.

Minha mãe saiu sendo seguida pela médica e alguns instantes depois Suzy, Carol e Duda entram no quarto.

— Oi nojenta - Duda se aproxima - Como você tá?
— Querendo saber o que está acontecendo.
— O Léo tá chegando, já vão falar com vocês - Suzy diz.
— Mano, não tô doente, não tô entendendo o porquê de vocês estarem me visitando e porque da demora de me falar o que tá rolando... Aconteceu alguma coisa com a Luíza? O que eles viram nesses exames?
— Amiga, calma - Carol pede - Respira fundo e relaxa.
— Não consigo, quero saber o que foi que aconteceu.

Nesse instante a porta é aberta Leonardo coloca a cabeça pra dentro do quarto, então me dá um sorriso.

— Oi minha gostosa - Diz entrando de vez.
— Oi minha vida - Sorri.
— Acho melhor a gente ir - Carol diz.
— É, a médica disse que já tá vindo aqui falar com a gente - Ele diz sentando na beirada da cama.

As meninas se despedem e saem do quarto, então ele se ajeita e começa a fazer carinho na minha barriga.

— O que tá acontecendo vida?
— Não sei meu amor - Diz - Minha mãe me ligou e pediu pra eu voltar.
— Você fez o seu show?
— Aham, assim que encerrei vim pra cá.
— E o restante do evento?
— Isso aí eu vejo depois - Sorri.
— Ah não Léo, nós combinamos que você não ia parar com nada.
— Mas eu nem sei o que tá acontecendo amor, cê acha mesmo que eu ia ficar lá sabendo que você tava aqui fazendo esses exames?
— Não precisava vir, era só ligar.
— Então, mas se minha mãe me ligou é porque alguma coisa tá rolando - Diz - Será que o negócio aumentou?
— Espero que não - Suspiro.
— Ou pode ser que ele tenha sumido - Tenta me animar.
— Então porque eu tô sentindo tanta dor assim?
— Tá doendo?
— Desde de ontem a noite - Confesso.
— Como assim amor? Nas mensagens você disse que tava melhor e não tava sentindo nada.
— Eu sei, mas é porque eu sabia que se falasse que tava doendo, você não iria pro show.
— E não ia mesmo amor, tá louca? Você tem que me falar tudo o que você sente Maria, mano, a gente tá junto nessa e eu quero cuidar de vocês, não tem que ficar escondendo as coisas de mim.
— Desculpa - Peço.
— Promete que não vai esconder as coisas de mim, nunca mais.
— Prometo.
— Ótimo - Me dá um selinho.

Nesse instante a médica abre a porta do quarto e entra. Pude ver minha mãe, a mãe do Léo, o pai dele, minhas amigas e o Krawk, todos do lado de fora do quarto e meu coração acelerou. Porque tava tudo mundo ali?

— A dor passou? - Pergunta.
— Não - Digo - Tá do mesmo jeito.
— É assim mesmo, com o tempo e a ajuda de alguns remédios, ela vai passando e ...
— Doutora, o que tá acontecendo? - Leonardo pergunta bem direto.
— Bom, vocês sabem que esse deslocamento poderia tanto sumir quanto aumentar, né?
— Sim - Digo - Aumentou?
— É que assim, se aumentasse, poderia acontecer do útero não ter espaço suficiente pra filhinha de vocês e...
— Por favor, fala logo - Leonardo diz.
— Nós não vamos conseguir salvar a filha de vocês, o deslocamento está aumentando gradativamente e não achamos que fazer a cirurgia seja uma opção.
— Porque não? - Leonardo pergunta - Se a cirurgia for o único jeito pra salvar a minha filha, nós vamos fazer sim.
— O risco é muito grande, tanto pra sua filha quanto pra Maria, além do que o espaço está cada vez menor, a chance de dar errado é muito maior do que a de dar certo - Se levanta - Eu sinto muito.

Ela forçou um sorriso e então saiu da sala. Leonardo encarava o nada, até que eu soltei um soluço e então se virou pra mim e me abraçou. Ninguém disse nada, o único som presente na sala, era o meu choro.

𝙨𝙚𝙪𝙨 𝙨𝙞𝙣𝙖𝙞𝙨 🥀• leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora