Jimin ficou até uma hora da manhã em meu apartamento. A Nancy comeu o que eu fiz com o que ele havia comprado e acabou dormindo agarrada nele no sofá. Jimin a colocou na cama e ficou na cozinha comigo, conversando coisas banais enquanto tomávamos vinho e comíamos os petiscos que eu fiz questão de preparar. Foi realmente muito agradável passar o final do dia com ele. Até mesmo me fez rir ao contar um pouco da sua infância. Ele me perguntou sobre a minha e eu fiquei sem jeito para falar sobre, e ele respeitou isso e não insistiu, mudando de assunto.
Nos despedimos com apenas um aceno e assim que me vi sozinha, pude sentar no sofá toda largada e colocar as pernas para o alto. O dia foi cansativo.
(...)
Na manhã seguinte, Ahjumma apareceu no mesmo horário de sempre, e Jisoo apareceu logo depois do almoço, alegando que estaria livre o restante do dia pois não iria voltar ao trabalho. Fiquei sentada no chão da sala enquanto Nancy brincava com a nova boneca que ganhou de Jisoo. Estávamos conversando calorosamente, até que eu lembrei de ontem.
── Eu ainda não entendo o porquê a Nancy precisa de um alfa por perto. ── Mordi meus lábios. ── Eu achava que meu cheiro era mais que o suficiente.
── O médico disse isso? ── Ela perguntou, afagando os cabelos de Nancy.
── Sim. Ele sabe da minha situaçã, sabe do meu passado e do que me aconteceu. Então deve ter sugerido isso.
── Me explique isso, menina. ── Ahjumma apareceu na sala, secando a mão na toalha de mão.
Falei para ela tudo o que o médico disse e ela se sentou no sofá, me encarando.
── Sobre o assunto de ter a presença de um alfa, vou te explicar o que eu aprendi com meus Pais. Já peço desculpas, pois talvez eu possa ser insensível ao tocar no assunto, mas quando aconteceu aquilo de ruim com você e engravidou, você não teve a presença de um alfa durante a gestação. Esse momento é importante, pois a criança sente dentro do barriga quem é seu Pai, sente aquela conexão. Por você ser mãe solteira e não ter um alfa, isso pode ter deixado ela carente. Você entende? ── Concordei com a cabeça. ── Talvez ela deva estar sentindo a falta da presença de algum alfa. Assim como é essencial termos um alfa em nossas vidas.
── Verdade. ── Jisoo fala e eu olho para ela. ── Isso faz total sentido pra mim. ── Ela me encara de volta e sorri fechado. ── As crianças devem sentir a ligação dentro da barriga e como você passou pela a gravidez sozinha e ela não tem muito contato com outras pessoas, pode ser que ela ache que o seu chefe seja o que ela sente falta. E também, ela sempre foi doentinha.
Respirei fundo ao ouvir isso. Essa me pegou em cheio!
── Então é bom ter alguém por perto. ── Ahjumma se levantou. ── Já estou terminando de fazer um lanche para todas nós.
── Obrigada. ── Agradeci, compreendo tudo o que ela me explicou.
Senti uma leve pena da minha filha e de mim mesma. Não achei que as coisas chegariam a esse extremo.
(...)
Jisoo e eu estávamos passeando pelas ruas movimentadas de Seoul, apenas para distrair um pouco a cabeça. Colocamos o papo em dia, até mesmo paramos para beliscar algo doce. Foi realmente muito bom! Ela me contou umas coisas sobre seu namorado e eu me senti feliz por ela. Entramos em uma loja de roupas e ficamos ali, matando tempo. Acabei comprando algumas peças e ela também, em seguida, entramos em uma rua pouco movimentada. Senti novamente aquela sensação de estar sendo observada e olhei para trás, não vendo ninguém de suspeito. Tentei esquecer isso e continuei focada em nossa conversa. Passei em sua casa e ficamos um pouco lá, mas quando deu umas seis horas, resolvi ir embora. Me despedi dela e sai de sua casa, caminhando até um ponto de ônibus que era um pouco distante. Começou a chover de repente, me fazendo praguejar por não ter trazido um guarda-chuva. O tempo já estava fechado quando saímos para passear, mas não achei que iria chover agora e sim mais tarde. Acabei me molhando um pouco e torcia para não pegar um resfriado. Abracei meu corpo e parei em frente a uma loja fechada, que tinha uma cobertura. Me abriguei ali e esperei que a chuva diminuísse um pouco. As pessoas corriam rápido e outras se abrigavam também da chuva. Respirei fundo e voltei a caminhar, quase correndo até o ponto de ônibus que estava logo a frente. Sentei no banco ao lado de uma menina e fiquei ali, tentando me esquentar quando um carro para em minha frente, descendo o vidro. Encarei curiosa e lá estava alguém que eu nem imaginava encontrar. Jimin.
── Entra aí. ── Ele disse, destravando a porta do carro.
Encarei a menina ao meu lado e ela estava corada, olhando para o chão. Ela reconheceu o Jimin? Não sei. Me levantei e entrei em seu carro.
── Obrigada! ── Agradeço, fechando a porta. ── Estou um pouco molhada, desculpe.
── Não tem problema. ── Ele disse. ── Estava indo pra casa?
── Sim. Eu fui dar uma volta com a Jisoo, minha amiga e madrinha de Nancy. Ahjumma está com a minha filha, não se preocupe.── Comento, olhando para janela e ele respondeu apenas um "hm".
Estava um pouco longe de onde eu morava, mas agradeci por ele ter aparecido e ter me oferecido carona. Ele até mesmo me deu um casado dele que estava no banco de trás, pedindo para mim vestir. Eu fiquei com vergonha, mas aceitei. Quando coloquei o casaco, ele parou no sinal. O casaco dele é cheiroso demais, quentinho também. Olhei para a janela de novo e parou um carro bem ao nosso lado. A chuva ficou cada vez mais forte e eu só pensava em chegar em casa logo. O carro parado ao meu lado desceu o vidro e curiosa, eu olhei.
Meu coração, literalmente, parou de bater. Senti meu corpo endurecer e aquela sensação horrorosa me atingiu.
Era ele ali.
Ele me encarou de volta e sorriu de canto. Eu estava petrificada, não conseguia desviar o olhar. Ele estava com seus cabelos tingidos de preto, usava o mesmo corte de cabelo que há 2 anos atrás. Quando senti meu corpo começar a tremer, o sinal abriu. Minha respiração ficou pesada e acelerada demais.
── Kyung? ── Jimin me chamou mas eu ainda continuava olhando para ele.
Hoseok levantou o vidro do carro, ainda me olhando e sinto os dedos quentes de Jimin tocar minha perna.
Não me aguentei.
── Me tira daqui! ── Pedi baixo, começando a agarrar meus cabelos. ── Me tira daqui, Jimin. ── Mordi meus lábios bem forte, estava desesperada.
── Hey, calma! ── Ele continua seu trajeto mas sinto seus olhos grudados em mim. ── O que foi? Já estamos chegando em seu apartamento.
── NÃO! ── Acabei gritando apavorada, assustando-o. ── Vamos para outro lugar, por favor, não me leve pra casa. ── Meu peito doía demais e as lágrimas quentes desciam pelo meu rosto.
Não posso ir para casa, não posso... Minha filha está lá, não quero que ele saiba onde a gente mora.
Encarei as coisas ao meu redor e olho para trás nervosa, com medo dele nos seguir. Jimin estava com uma expressão confusa, até mesmo olhou para trás rapidinho.
── Kyung, por que você está assim? ── Encaro Jimin, sentindo meus lábios formigarem.
── Só vamos pra outro lugar, tudo bem? ── Sorri forçado para ele e tentei me acalmar, pois não vi o carro dele nos seguindo ou algo do tipo.
── Eu estava indo para casa. ── Ele comentou, apoiando o braço na porta do carro e levando seus dedos até seus lábios, focando a pista em nossa frente.
Peguei meu celular na bolsa que eu trouxe e liguei para Ahjumma, falando que eu voltaria tarde para casa, mas que eu a deixaria informada. Jimin ainda me encarava confuso e eu tentei respirar fundo e ficar mais calma. Aquela sensação era muito ruim, muito ruim mesmo. Eu jurava que poderia desmaiar.
Eu tinha muito medo dele, muito mesmo! Ele se tornou meu maior pesadelo. Tudo o que eu passei e o que eu senti durante aquela época ainda está tattoado em minha pele, em meu coração. Traumatizada.
••••♡••••
As coisas referente a Nancy estão explicadas? Espero que sim!
Me perdoem qualquer errinho. Sempre passa algo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tell me, what do you want? • Jimin
FanfictionA obra retrata sobre a vida pessoal de Park Jimin, um homem totalmente rígido e grosso, CEO de uma empresa de grande prodígio, e um alfa totalmente viciado em sexo. Ele sente uma forte atração por sua secretária e isso o deixa louco. Aliás, ela se...