Tell me, what do you want? • Jimin

45 - A carta.

Dois dias se passaram após a última visita de Yoongi na casa de Hoseok. Kyung ainda estava desfalecida na cama, sem forças para se sentar e nem para comer, mas mesmo assim, as empregadas iam até seu quarto e a ajudavam no que podiam. Elas sentiam pena, gostariam de fazer algo mas o medo que elas têm pelo Jung é maior.

Hoseok mantinha contato com o médico, que havia levado Ahjumma para seu consultório e ela ainda estava em um sono profundo. Aparentemente em coma pela forte batida em sua cabeça. Sua situação saiu do estado crítico e agora era só esperar ela acordar. Hoseok estava, agora, acompanhando o descarregamento da nova droga vinda da Tailândia. Dois caminhões cheios. Toda a mercadoria era posta na casinha dos fundos. Após a mercadoria estar no seu devido lugar, Hoseok entrou e procurou pela sua filha que estava em algum canto da casa. Quando viu ela tomando água com a ajuda de umas empregada, ele se aproximou e pegou a pequena nos braços, passando a mão carinhosamente pelo cabelo dela.

── Papai vai na rua e irá comprar algumas coisas para você. O que você quer ganhar? ── Ele perguntou com um sorriso no rosto, se sentando no sofá.

Nancy demorou a responder depois de alguns incentivos da parte dele. Ele ficou mais alguns minutos com a pequena, que estava amoadinha. Ela sentia falta da Kyung, falta do calor da mãe. Hoseok passou a realmente não se importar se ela está bem ou não, apenas pediu para continuarem cuidando dela. Ele estava uma confusão completa por dentro. Quando ele olha para Nancy, ele sente um certo incômodo no peito quando a imagem de sua mãe vinha em mente. Ele sabe como é ruim não ter uma mãe ao seu lado, sabe o quão ruim é não ter um Pai bom ao seu lado e ele não desejava isso pra sua filha. Então, mesmo não se importando com o bem estar de Kyung, ele queria ela viva pelo menos.

Enquanto ele se perdia em pensamentos, Kyung sofreu pra se sentar na cama e tentar pegar o pequeno caderninho dentro da gaveta do criado mudo e uma caneta. Ela pediu isso para uma das empregadas. Kyung se acomodou na cama, apoiando suas costas na cabeceira e começou a pensar em como escrever aquela carta. Ela não estava aguentando mais aquilo, não mesmo. Ela pensou durante um bom tempo e finalmente está pondo em prática o que desejou fazer e pensou no que irá fazer depois. Lentamente, com as mãos trêmulas, ela começou a escrever, sentindo as lágrimas virem aos poucos. Ela desabafou naquele pedaço de papel. Citou sua filha, desejando que ela seja bem cuidada, que cresça saudável. Desejou que tudo de bom acontecesse na vida dela e que Nancy não fique triste, caso não tiver a mãe ao seu lado nos momentos importantes. Escreveu que, também, estava sentindo muita saudades do Jimin. Ele fez uma grande diferença na vida dela e isso ela jamais negará. Disse também que a mãe dela ter aparecido foi a melhor coisa que aconteceu. Quantas vezes ela desejou o calor de uma mãe? Lembrou de Jisoo e escreveu um pouco sobre ela. Jisoo sempre a deu suporte, sempre deu o melhor dela para tentar manter Kyung bem. Uma amizade realmente valiosa e importante. Kyung acabou desabando, lembrando de tudo que passou na sua vida. Lembrou das suas dificuldades, dos momentos bons ao lado de uma pessoa que ela nunca imaginou estar junto. Lembrou dos momentos com sua filha. Lembrou dos amigos, do irmão. Kyung encarou o anel em seu dedo, sentindo um nó na garganta e seu peito a sufocar.

── Me desculpem… ── Ela largou o papel e a caneta e abraçou o seu corpo, o sentindo tremer.

Ela sentia muitas saudades, muita mesmo. Havia um buraco grande em seu peito, um abismo, que sangrava incessantemente.

Ela sentia que não iria aguentar mais e temia deixar esse mundo, por isso ela escreveu aquela carta grande, na esperança de que alguém pegue e leia, que visse o quão ela lutou até o último momento.

Se sentindo enjoada, ela se deitou na cama novamente e deixou o caderno ao seu lado, não demorando a dormir. Seu corpo pedia descanso, seu psicológico estava destruído. Uma tortura agoniante.