capítulo 4 -uma quinta-feira normal

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O resto da minha semana passou, bem, rápido. A joalin estava simplesmente me enlouquecendo com os assuntos da festa. Ela falava da comida, das bebidas, da limpeza da piscina, dos convites, da música, da decoração e de tudo mais que fosse possível de ser falado, o tempo TODO. Era como se eu respirasse a festa, e eu não gostava nem um pouco disso. Era muito parecido com obsessão, um saco. E não adiantava mandar minha amiga parar, ela estava tão empolgada que não se preocupava ou se importava com o que eu falava. E eu não queria magoar ela. Ela tinha me ajudado muito quando eu precisei - quando a any foi embora pra ser mais exata - e ela era a que conhecia mais gatinhos de nós duas. Ou seja, sem ela, a festa seria praticamente uma festa só pra meninas, e pra alguns meninos, que seriam disputados a unha.

Mesmo com tanta coisa ocupando minha cabeça, eu ainda tinha tempo para alguns outros assuntos, leia-se: Noah urrea. É, por algum motivo parecia que ele tinha realmente cismado comigo. Quando estava na minha casa, sempre ficava me olhando diferente, e sempre com aquele sorriso. Nada demais, na verdade. Exceto pelo que aconteceu na quinta.
Meu dia estava completamente normal. Joalin me deixando louca, minha mãe trabalhando, noah na minha casa, eu na sala assistindo televisão, meu irmão e ele no meu quarto, mexendo no computador.

Eu estava começando a assistir um dos meus seriados favoritos quando alguém tocou a campainha. Me levantei do sofá, e fui até lá. Era a hina, como vocês sabem, a namorada do meu irmão. Cumprimentei ela e fui lá em cima chamar o josh. Bom, eu estava um pouco errada. O josh estava no computador, o Noah tava dormindo.

- josh, a hina está lá embaixo. - avisei-o.

- Tudo bem, vou lá.

Ele me deu um beijo na testa e desceu as escadas. Eu deveria ter descido também, pra continuar assistindo televisão. Ou deveria ter ido assistir no quarto da minha mãe, pra não atrapalhar meu irmão e a namorada. Mas eu não fiz isso, claro que não.

Eu entrei no quarto pra poder ver ele mais de perto. Tava igual um anjo. Parecia inocente, e é claro, estava perfeito, principalmente porque estava sem camisa. Um deus dormindo na minha cama. Claro, um deus que eu odiava, mas nem por isso deixava de ser um deus.

Minha visão estava ótima do lugar que eu estava, e eu já tinha visto o suficiente. Eu poderia simplesmente ir embora, mas não. Eu me aproximei mais, mas já estava tão distraída, que esbarrei na cadeira do computador, que caiu no chão. Me apressei para levantar a cadeira e sair dali, antes que ele acordasse, mas assim que eu arrumei a merda da cadeira, ele falou.

- Nem um pouco descoordenada você, ein? - eu olhei pra ele.

- Nem um pouco folgado você, ein?

Ele se sentou na cama.

- Ah para, vai dizer que você não tava aí me olhando dormir?

- Não tava. Eu só vim aqui chamar meu irmão.

- Aham, chamar pra que?

- A hina está lá embaixo, porque diferente de você, ele consegue ter uma namorada, ao invés de uma coleção de casos insignificantes.

- Bem que você queria ser um desses casos.

- Se enxerga, noah. - revirei os olhos.

- Uau, você me chamou de noah.

- É o seu nome, ou não?

- É... - ele deu um sorriso, o meu sorriso.

- O que foi, porque ta me olhando assim? - cruzei os braços.

- Nada. - ele ficou em pé, ainda me olhando.

- Fala o que é. Ou eu vou pensar que você tem outro problema mental que eu ainda não tinha percebido. - ri divertida.

- É só que... você melhorou muito sabia?

- Idiota. - eu comecei a andar para fora do quarto. Mas, como sempre, ele não facilitou as coisas. Puxou meu braço com força, e eu fui de encontro a ele. Ele passou os braços pela minha cintura.

- Eu tô falando sério. - seus olhos estavam nos meus lábios. E naquele momento, eu me amaldiçoei por ter passado meu gloss favorito.

- Você quer fazer o favor de me soltar? - pedi, incomodada com aquilo.

- Como se você quisesse. - ele estalou a língua no céu da boca.

Então, aconteceu o que nem eu esperava. Ele andou pra trás e nós dois caímos na cama. Ele girou e ficou um pouco em cima de mim.

- O que você pensa que está fazendo? - perguntei, tentando sair dali.

- Shhhh, não precisa mais fingir. - ele me olhou nos olhos, e rapidamente voltou a olhar meus lábios.

- Eu não...

E antes que eu pudesse terminar, ele me beijou. Um beijo com desejo, mas mesmo assim, quase doce, carinhoso. Não era nada parecido com o que eu pensava do beijo dele. Por um tempo eu me rendi, esqueci que eu não gostava dele. Minhas mãos lentamente percorreram seu pescoço até que pararam no seu cabelo. As mãos dele tomaram rumos diferentes: uma continuou na minha cintura e a outra foi delicadamente até o meu rosto. Foi quando eu caí na realidade.

Empurrei o corpo dele pro lado e com bastante dificuldade saí dali. Ele, como sempre, deixou. Quando consegui olhar pra ele, ele estava sorrindo, mas não do jeito que eu pensei que estaria. Foi quase como se ele tivesse gostado do beijo. Quase como se ele tivesse gostado como eu gostei. Ei ei ei, vamos com calma. Eu gostei do beijo, mas ainda não gostava dele. Eu não podia fazer nada se ele tinha a melhor pegada e o melhor beijo que eu já tinha experimentado. Ele era bom demais. Um idiota repugnante, claro, mas excelente quando se tratava de me deixar louca.

Isso foi a única coisa que aconteceu de diferente na minha semana, a única coisa que conseguiu me deixar um pouco desligada da festa. Mas mesmo assim, a sexta-feira passou voando e quando eu percebi minha campainha estava tocando no sábado de manhã. Levantei ainda meio grogue e fui abrir a porta. Era a joalin.

- Bom dia, amiga! - ela entrou cantarolando. Feliz da vida.

- Oi joalin. - disse, me recuperando do choque. Qual é, estava muito cedo para os meus pensamentos acordarem! - Está tudo bem?

- Tudo sim, eu só não acredito que você ainda tava dormindo.

- Bom, vai ser um longo dia. - disse com certo pesar, mas depois me arrependi, não queria que joalin pensasse que eu não estava afim da festa. A minha sorte foi que ela estava aérea demais.

- Com certeza sabi, e vão vir tantos gatinhos. - ela comemorou me olhando com segundas intenções.

- Você chamou todos eles?

- Mas é claro, meu amor!

- Então vamos lá pra fora, começar a organizar tudo! - disse, sorrindo pra ela também

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora