capitulo 65-aposto que você vai querer ir

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- Alô? – atendi o telefone meio sem saber onde estava e que horas eram. Olhei de relance e vi no relógio que marcava quase onze horas da manhã.

- AMIGA! — joalin gritou do outro lado da linha, sua voz não escondia como ela estava feliz.

- Você está bem feliz, hein. — minha voz era sugestiva.

- Isso é o que acontece quando você não bebe e não acorda de ressaca.

- Já que sabe que eu estou de ressaca, fala bem baixinho. - pedi e ela riu um pouco.

- Eu acho que já sei o que você vai dizer, mas ouve bem minha proposta antes. – ela pediu e eu pensei "lá vem".

- Só se sua proposta for ficar em casa sem fazer nada o dia inteiro. – sugeri, era o que o meu corpo pediu.

- Ah, tá! Não mesmo.

- Então acho que não quero ouvir. – murmurei baixo.

- Não tem que querer. – ela bufou. – É o seguinte: clube. Hoje é domingo e eu quero me divertir, já que ontem eu tive que ser a responsável do grupo.

- Ah é, obrigada por isso.

- Nada disso, Sabi. Você vai me agradecer indo ao clube. Já consegui convencer os meninos a irem. E como o pepe vai, aposto que você vai querer ir. – ela riu, me provocando, e eu fiquei paralisada por um tempo.

A lembrança tomou conta de mim como uma corrente elétrica e eu não conseguia nem ao menos falar.

Era isso que eu tinha feito de errado, era disso que eu ia me arrepender. Eu tinha ficado com o pepe.

Demorei quase um minuto pra responder.

- O pepe... Vai? – eu gaguejei feio.

- Acabei de falar isso, Sabi. Então, você vai?

- Vou... Vou sim, amiga.

- Daqui a meia hora então, pode ser?

- Pode sim.

- Tchau, Sabi.

Então a ligação caiu.

Eu nem ao menos respondi. Me sentei no sofá e deixei que a surpresa e o espanto fossem as únicas emoções em mim: não deu certo.

As perguntas começaram a surgir e, junto com elas, o medo e um pouco de arrependimento.

Droga, eu me lembrava de tudo. Da conversa, dos beijos... Me lembrava até demais dos beijos.

O pior era, e se ele lembrasse também?

Como iríamos nos encarar e voltar a ser amigos depois de termos nos beijado como nos beijamos?

Como poderíamos continuar sendo apenas amigos depois de tudo aquilo?

Tentando tirar aquilo da minha cabeça, fui tomar um banho e me arrumar para ir ao clube.

Eu estava ficando boa em me distrair, em não pensar em coisas desagradáveis pra mim. O único problema era que eu não conseguia fazer aquilo por muito tempo.

Vesti um short qualquer e uma camiseta, sem me preocupar com minha aparência. Enquanto calçava os chinelos, percebi que o sol que entrava pela janela do meu quarto fazia minha cabeça doer mais. Peguei o óculos de sol pelo caminho e deixei um bilhete para minha mãe, avisando onde eu estava e que não voltaria muito tarde.

Andei calmamente até o clube, reparando até na formigas que andavam em filas pela rua.

Não queria ficar ansiosa demais, nem preocupada demais antes da hora.

O pepe  podia nem se lembrar do que tinha acontecido, assim como eu não estava me lembrando até a joalin me lembrar. E ele tinha bebido mais do que eu, então as chances dele não se lembrar eram maiores.

Respirei fundo e entrei no clube.

Os três estavam sentados em uma das mesas mais afastadas da piscina e o pepe e o Matthew também usavam óculos. Aquela estava sendo uma tarde difícil para todos nós, imaginei.

- Até você de óculos? – joalin me zoou.

- Nunca beba. É o meu conselho pras próximas gerações. – lhe disse, arrancando risadas.

- Uhum... Então você vai parar de beber? – Matthew questionou.

- Não falei isso. – eu sorri e me sentei à mesa.

Pepe estava sentado distante de mim e não parecia sequer me olhar, mesmo estando com os óculos. Ficamos em silêncio por algum tempo.

- Alguém quer tomar alguma coisa? – joalin disse, três minutos depois.

- Suco. – falei.

- Água. – Matthew falou.

Somente o pepe não respondeu. Parecia envolvido nos seus pensamentos. Eu, joalin e Matthew nos entreolhamos.

- pepe, vai querer alguma coisa? – joalin perguntou, atraindo seu olhar disperso.

- Ah, não. Obrigado, joalin.

Ela saiu e voltamos a ficar em silêncio. Matthew deitou a cabeça na mesa, e eu olhei pro pepe. Ele também estava me encarando, como se esperasse que eu fizesse alguma coisa.

Eu sorri, sem muita animação, ainda receosa. Ele me devolveu um sorriso aberto, alegre, e com algumas expectativas.

Depois, apontou com a cabeça para a piscina e ficou esperando por uma resposta.

Eu apenas me levantei e fui.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora