capitulo 66- desculpe, eu não queria atrapalhar

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- Então... – pepe falou quando já estávamos sentados, com os nossos pés dentro da água. — Oi...

- É. Oi. – respondi, meio sem graça.

- Você também lembra? – ele me olhou.

- De tudo. – eu suspirei. Nenhum de nós falou mais nada por quase um minuto.

- O que é que nós estamos fazendo, hein, Sabi? Foram só... Muitos beijos. – ele riu. – Parece que nós matamos alguém na noite passada.

- Eu sei. Estamos transformando isso em uma coisa grande demais, não é? – também ri, percebendo o quanto toda aquela preocupação era ridícula. Era só o pepe, meu amigo.

- Parecemos crianças. – ele disse.

- Que situação idiota. – declarei.

Ficamos em silêncio por mais um tempo. Eu não sabia mais o que falar, e ele parecia estar pensando em alguma coisa.

- A gente precisa resolver isso? – ele perguntou e me olhou.

- Não sei. Você quer resolver isso?

- Não tenho certeza.

- Nem eu. Eu acho que... Tenho medo.

- Eu não mordo, Sabi. Só se você pedir. – ele sorriu e eu o acompanhei.

- E se isso atrapalhar nossa amizade? Quero dizer, eu não posso perder você... Sua amizade.

- Eu sei, também tenho medo disso. – ele confessou.

O silêncio voltou. Nesse tempo, eu o olhei uma ou duas vezes. Estava com a cabeça baixa, pensando.

- O que nós vamos fazer? – perguntei.

- Eu não sei. É meio que... Eu gosto de você, e muito. Você é bonita, engraçada, está sempre sorrindo e tudo isso. Mas... Eu não nos vejo namorando, Sabi. Sei lá, acho que você se tornou quase uma irmã pra mim.

- É tudo que eu diria de você. – mordi os lábios.

- Droga. – ele xingou, eu ri um pouco, e abaixei minha cabeça. Fiquei admirando meu reflexo na piscina por um tempo.

- Sabe, você é só quase meu irmão.

- E você é só quase minha irmã. – ele sorriu. Parecia ter entendido o que eu sugeri.

- Amizade colorida? – eu mordi o meu lábio, em dúvida.

Mesmo sendo uma coisa que com certeza funcionaria, eu não sabia até onde aquilo poderia ir. O pepe era um dos meus melhores amigos e, claro, conseguia mexer comigo quando queria. Poderia ser ótimo pra nós dois, se não houvesse outras perguntas estúpidas surgindo na minha mente.

- Eu topo se você topar. – ele sorriu de lado.

- E como isso seria?

- Ah, não sei direito. Acho que a gente se pega mas sem compromisso. – pepe falou e eu dei um tapa de brincadeira nele.

- Não fala assim, parece que eu não sou uma menina direita. Se pegar, fica ruim.– eu sorri e ele não falou nada. Apenas me deu um sorriso que dizia muito mais do que qualquer coisa que ele dissesse. Eu dei outro tapa nele, que riu.

- Ei, eu não falei nada. – ele levantou os braços em rendição.

- Eu sou uma menina direita, SIM. – estreitei meus olhos.

- Não falei nada. – ele riu de novo e ficou mais sério logo depois. – Mas e aí, topa ou não?

Eu pensei nas perguntas que ecoavam na minha cabeça, mas ignorava as respostas que eu arrumava pra elas.

Repeti pra mim mesma que estava ficando louca, e que aquilo era só uma fase, e que iria passar. E que eu não podia deixar de ter momentos ótimos com o pepe só por causa de uma fase idiota.

- Está bem. Eu topo.

- Topa? – ele sorriu.

- Você também topa, não é?

- Não, Sabina. Eu não topo. – ele falou sério, e sorriu meio minuto depois. Tentei dar outro tapa nele, mas ele me segurou e me puxou pra perto de si. Nossos rostos ficaram a 5 centímetros de distância. – Se nós vamos fazer isso, você tem que saber de uma coisa. Eu não gosto que me batam. Eu gosto de bater. – ele me lançou um sorriso de lado, meio malicioso.

- Você vai bater em outra então. Eu não gosto de apanhar. – sussurrei, eu não tinha percebido antes, mas estava sorrindo também.

- Eu vou pensar nisso, mas não prometo nada.

- Se você me bater...

Ele interrompeu minha fala com um beijo. Era doce, suave, respeitoso, mas com a pegada incrível que ele sempre teve. Era difícil entender como ele conseguia ser assim.

De novo, ficamos ali até que a Celeste nos chamou.

Ele não me pegou pela mão, como um namorado faria. Não éramos isso, e eu fiquei feliz dele ter essa noção. Inesperadamente, me levou em suas costas, de cavalinho... Como um amigo faria. Eu gostava da relação que teríamos. Era algo que já estava me fazendo bem.

Ficamos no clube até começar a anoitecer. Fomos andando juntos para a casa, e como quando voltávamos da escola, minha casa foi a primeira em que chegamos. A única diferença é que dessa vez alguém ficou comigo, ao invés de continuar seu caminho: pepe.

- Sabe que pode ir pra casa, né? – falei a ele.

- Sei. – ele sorriu e seus olhos acompanhavam o sorriso. Agora que estávamos sem os óculos podíamos realmente ver um ao outro, sem nada para esconder nossas emoções verdadeiras. Ele me abraçou, e andamos abraçados até a porta. Ficamos em pé lá.

- Então é isso, né?

- Acho que sim. – ele colocou as mãos nos bolsos.

- Você acha que vai dar certo, pepe?

- Não vejo porque não, Sabi. E se não der, nada vai ser diferente. Só não vamos mais ficar assim, você sabe. Porque nós ainda somos amigos, certo?

- Amizade colorida. – eu falei, quase que pra mim mesma. – Certo.

- Vem cá, vem. Não precisa ficar com medo de perder a nossa amizade, ok? Eu não vou deixar isso acontecer.

- Jura? – o olhei, seus olhos castanhos escuros me analisavam.

- Juro.

Ele me beijou de novo, e eu tentei esquecer os meus medos. Era quase fácil. Ele tinha esse efeito sobre mim, sempre tinha tido.

Estávamos distraídos em nós mesmos quando a porta começou a se abrir. Me separei dele instintivamente e olhei pra porta que se abria. Pepe sorriu, meio debochando de mim, enquanto olhava pra porta também.

Era a pessoa que eu não esperava ver naquele dia. A única pessoa que eu não queria ver naquele momento.

Ele olhou pra mim e pro pepe, e seus olhos pousaram, por uma fração de segundos, sobre meus lábios. Ele concluiu o óbvio.

- Desculpa, eu não queria atrapalhar. – Noah sorriu, meio sem graça. Mas dava para ver sua raiva e espanto por de baixo da voz calma.

- Nada, urrea. – os dois se cumprimentaram como velhos amigos. Às vezes eu me esquecia que ter colocado os dois no mesmo carro para fazer aquela viagem até a praia tinha os aproximado.

Eu sorri para o cumprimento dos dois, também meio sem graça.

- Então... Acho melhor eu entrar. – falei, depois de segundos.

- E acho melhor eu ir. – pepe falou e então me puxou e me deu um selinho rápido. Foi embora logo depois.

Eu entrei em casa, e dei oi para minha mãe e meu irmão, que assistiam televisão na sala. Subi para o meu quarto logo depois me martirizando.

Ele tinha visto, e estava na cara que não tinha gostado.

Eu gostei disso, mais do que deveria.

Droga! Droga!

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora