capitulo 49-o verdadeiro noah

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- Pode entrar, any. – ela sorriu, e fez o que eu disse. – Vamos subir. Eu troco de roupa e a gente começa a estudar, tudo bem?

- Claro. Esqueceu que eu vinha, é? – ela sorriu, simpática como sempre.

- Não, claro que não. Só perdi a noção do tempo.

- Ah, entendi. – ela disse radiante, e o sorriso começou a desaparecer logo depois. Ela olhava pra um ponto distante, e eu não precisei me virar para saber o seu foco. – Oi, Noah. – Já não havia vestígios do sorriso em seu rosto.

Inevitavelmente, me virei para olhá-lo. Estava sem camisa, e mesmo que sua pele estivesse seca, a bermuda e o cabelo denunciavam o local onde ele estava, que era o mesmo que o meu. Ele passou a mão pelo cabelo molhado, um pouco sem graça.

- Oi, any. – os olhos dela o analisaram por alguns segundos, e depois pousaram em mim.

- Vamos subir, então? – perguntei, querendo sair dali.

- Vamos, claro. – any sorriu.

Eu a peguei pelo braço e a guiei até o meu quarto, fechando a porta ao entrar. Ela ainda estava um pouco séria.

- E então, você tem dúvida em qual parte da matemática? – eu disse enquanto puxava uma das cadeiras da mesa do computador, me sentando. Ela ficou em silêncio por algum tempo. Depois se sentou também, e tirou o caderno da bolsa, abrindo-o em uma parte que já estava marcada.

- É só nisso aqui.

Eu olhei pro caderno. Era uma coisa simples, eu não demoraria muito pra explicar... E não acreditava que ela podia não estar entendendo aquilo. Any era mil vezes mais inteligente que eu, e Matemática era uma de suas melhores matérias.

De qualquer jeito, fiz o melhor que pude. Ela ficou calada durante todo o tempo, apenas balançando a cabeça afirmativamente quando eu perguntava se ela estava entendendo.

Acabei em menos de uma hora.

- Tem certeza que entendeu, any?

- Tenho sim. Você explica bem, acredite. – ela sorriu, e se levantou, indo pra perto da minha cama. – Então, você e o Noah estão bem amigos, né?

Eu pisquei, surpresa. Ela se sentou na minha cama, e continuou a me olhar, esperando alguma resposta.

- Bom, sim. Nós somos amigos. Quase melhores amigos, na verdade.

- Engraçado, né. Você o odiava quando eu fui embora. Até brigou comigo quando eu fiquei com ele pela primeira vez, lembra?

- Muita coisa aconteceu depois que você foi embora, Any. E nós só ficamos amigos no meu aniversário. Antes disso eu ainda o odiava.

- Como vocês passaram de ódio à amizade tão rápido? Eu só... Não consigo entender.

- Nem eu entendo, Any. Acho que talvez seja porque eu o odiava por razões fixas, sem sequer ter conversado direito com ele. Quando nós nos comprometemos a ser amigos, eu passei a conhecer o verdadeiro noah , o que existia por trás do Noah galinha e infantil. Talvez seja isso.

- Ah, entendi. Acho interessante a intimidade que vocês têm um com o outro. Por exemplo, vocês nadaram juntos hoje, não? – ela perguntou sugestiva.

Eu pensei por um segundo. Não sabia direito onde ela queria chegar, e uma palavra a mais poderia me comprometer.

- É, nadamos. Amigos podem fazer isso, não podem? – dei de ombros.

- Na minha concepção, claro que podem. Mas, se pensarmos na concepção do Bailey, acho que as coisas mudam um pouco, não? – any perguntou, e agora eu entendi onde ela queria chegar.

- Podem até mudar, mas com o bay eu me resolvo. Sem querer ofender, você não tem nada a ver com isso.

Ela se levantou da cama e me encarou. Depois sorriu de lado, e se virou para a porta.

- Tudo bem, então eu não tenho nada a ver com isso.

- Não tem mesmo, any. As coisas que acontecem comigo e com o bay dizem respeito a nós dois, e só a nós dois. Ninguém de fora tem direito de dar opinião sobre as nossas coisas, a menos que peçamos a opinião. – meu olhos já estavam cerrados em sua direção.

Nós tínhamos sido amigas por tempo demais para que eu não soubesse o quanto ela era perigosa quando queria ser. Antes, nunca tinha tido motivos para se meter comigo, mas agora eu não sabia mais. O sorriso infernal ainda não tinha abandonado seu rosto quando ela andou até a porta, antes de voltar a falar.

- Eu nunca discordei disso, Sabi.

- Ótimo, então. – sorri de volta na mesma intensidade.

- Acho melhor eu ir embora. Tenho coisas pra fazer. – ela alegou.

- Minha mãe está lá em baixo. Ela abre a porta pra você.

- Então... Tchau, Sabina.

- Tchau.

Assim que ela foi embora, eu fui para a minha cama e me deitei, olhando para o teto. Fechei meus olhos com força e respirei fundo três vezes.

Era incrível como ela conseguir me irritar quando estava determinada a isso.

Sem dúvidas, ela podia ser uma boa amiga da mesma forma como podia se tornar uma inimiga admirável, tudo de acordo com as circunstâncias.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora