capitulo 61-confusa

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Maratona 5/7

A primeira coisa que fiz ao acordar no dia seguinte foi me olhar no espelho. Descobri mais tarde que isso tinha sido uma péssima idéia. Minhas olheiras estavam enormes, como um resultado da noite mal dormida. O banho quente, que já tinha me ajudado antes, não adiantou nada dessa vez. Continuei com a mesma aparência de zumbi e, desistindo de parecer melhor, desci as escadas. Ele já estava lá.

- O que ele está fazendo aqui? – perguntei, com um pouco de irritação na voz.

- Ainda não acostumou? – joah riu.

- Já sim. Só que eu pensei que ele estaria cansado pela noite passada.

Os dois riram um pouco. Fiquei sem entender o porquê de tantos risos. Eu tinha certeza que ele tinha passado a noite com a Mari, era típico dele. Olhei mais uma vez pros dois, que continuavam com o sorriso bobo no rosto. Sem me preocupar com aquilo mais do que eu já tinha me preocupado, fui até a cozinha.

Preparei um copo de suco de laranja e um misto quente e me sentei na mesa para tomar meu café da manhã.

Na minha mente, a confusão da noite passada continuava. E pra minha infelicidade, tinha aumentado um pouco. Além de tudo que passou pela minha cabeça à noite, eu tinha criado uma nova pergunta: por que aquilo me incomodava tanto? Ele sempre tinha saído com outras meninas e nunca tinha escondido isso de mim. E isso nunca tinha me afetado. Pra mim, ele poderia fazer o que quiser da vida dele, poderia ficar com quem quisesse... Ou não, eu já não sabia mais. Não conseguia entender o que tinha mudado tanto.

Ok, nós éramos amigos. Isso tinha mudado.

Mas, de qualquer forma, eu nunca tinha ficado assim por causa do Matthew ou do Pepê . Aquilo tudo era novo pra mim, e me afetava de um jeito diferente de tudo que já tinha me afetado. De um jeito diferente, de um jeito ruim? Bom? Eu não sei.

Sacudi a cabeça duas vezes e tentei me distrair organizando meus horários pra fazer dever. Pensar em todos os deveres que eu tinha, e no pouco tempo que eu tinha pra fazê-los me distraiu um pouco. Mas isso só teve efeito até antes do Noah entrar na cozinha.

- Oi. – ele sorriu de lado.

- Oi. – eu não retribuí o sorriso. – Então, vai me explicar porque vocês riram quando eu falei que você deveria estar cansando?

- Porque não se fica cansado com aquilo.

- E aquilo seria...?

- Uma noite medíocre. — Ele sorriu

- Como assim? Era a savannah, ela não é... Medíocre.

- Você tem razão. – ele disse enquanto se sentava. – Ela pode não ser medíocre, mas o que ela faz é. Ou se você preferir, o que ela não faz.

- Eu não tenho certeza se estou entendendo.

- Ela é péssima. – ele falou pausadamente. – Quase a pior menina com quem eu já dormi. Foi... Ridículo.

- Ah. – eu soltei, depois de dois segundos. – Entendi.

Ficamos em silêncio por um tempo. Ele, por algum motivo indeterminado. Eu, pra esconder minha pequena alegria em ouvir que ela era ruim na cama.

Depois de um tempo, ele se levantou e foi para a sala. Já eu, quando terminei de comer, subi para o meu quarto. Como tantas outras vezes, não consegui ficar lá por muito tempo, e terminei perambulando pela casa.

O resto do meu domingo se passou indiferente e eu consegui ir pra cama cedo, como uma forma de compensar a última noite. Não sonhei com nada, apenas fiquei mergulhada na escuridão profunda do sono. De uma forma, acho que assim foi melhor.

Minha semana começou mal. Já na segunda-feira, acordei atrasada e só conseguir chegar à escola no segundo horário. O que não era bom, já que o primeiro horário era de física e eu precisava entender a matéria. Fui me sentar na última cadeira, a única vaga, e fiquei quieta lá até a hora do recreio. Minha amiga veio me chamar para irmos até o pátio.

- Por que chegou tarde? – joalin falou quando já estávamos sentadas em uma das mesas.

- Dormi demais. – eu sorri de leve pra ela.

- Tinha que ser mesmo. - ela riu um pouco.

Ficamos em silêncio por algum tempo. Eu estava com muito sono, mesmo tendo dormido um tempo a mais, e não tinha ânimo pra puxar assunto com ela. A joalin percebeu meu "estado" e manteve o silêncio. Isso era uma das melhores coisas sobre ela: compreensão. Ela não pressionava nada nem ninguém, e sabia respeitar o tempo de cada um.

Como não estávamos conversando, decidi olhar em volta.

As pessoas eram engraçadas de se observar. Alguns conversavam baixo, outros chegavam a exibir gestos largos para demonstrar bem o que estava falando. Alguns outros, assim como eu, apenas olhavam e se divertiam também. Ainda existiam aqueles que ficavam abraçados, trocando alguns poucos beijos quando viam que ninguém estava olhando. Outros se preocupavam em zoar os casais que estavam juntos, e tinham aqueles que apenas riam. E é claro, existiam aqueles conscientes da sua superioridade. Aqueles que sabiam que tinham algum poder sobre os outros e que usavam esse poder indiscriminadamente. Aqueles que escolhiam quem eles queriam, e que afastavam de si qualquer um que não fosse bom o bastante para estar juntos deles. Essa cena estava ocorrendo perto de mim.

Noah estava em pé em uma roda com seus amigos, como de costume. E também como de costume, essa roda se localizava a poucos passos de mim. Mari estava perto dele, rindo de tudo que ele dizia ao mesmo tempo em que colocava as mãos em seu braço.

Ir para a casa com o Matthew, o pepe e a joalin também me ajudou a não pensar muito nisso. Era incrível como eles conseguiam me distrair.

As brincadeiras infantis, as brigas fingidas, as histórias sobre os professores e os colegas, as dancinhas no meio da rua... Tudo isso não me deixava pensar no assunto que me incomodava.

Pena que minha distração acabou quando eu cheguei em casa e, para minha sorte, o motivo de porque eu precisava de distração estava lá também.

Como já vinha fazendo há pouco tempo, fingi que tudo estava bem e que não tinha nada me incomodando. Ele não pareceu perceber o que tinha estava errado comigo.

- Está calada ultimamente. – Noah falou depois do almoço, enquanto assistíamos televisão.

- Impressão sua. – não tirei os olhos da TV. – Mas já que quer conversar, fique a vontade para iniciar o papo.

- Tudo bem... Deixa eu pensar... Ah, você viu como a savannah tava hoje no intervalo?

Engoli em seco. Talvez tivesse sido melhor eu começar a conversa.

Aquele assunto não me agradava nem um pouco.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora