capitulo 67-ele se preocupava comigo

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Enquanto estava lá, mais perguntas pipocaram na minha cabeça. Deitada de barriga pra cima na cama coloquei o travesseiro na minha cara, tentando fazer os pensamentos que eu tanto odiava sumirem.

Ouvi a porta se abrindo algum tempo depois, mas continuei na mesma posição. Se passou mais algum tempo até que minha proteção foi arrancada do meu rosto.

- Vai morrer sufocada. – Noah falou.

- Eu não ligo. – protestei.

Ele me entregou o travesseiro novamente e sorriu.

- Vai em frente.

Eu joguei o travesseiro nele e me sentei na cama. Ele estava sorridente demais.

- Que foi? – perguntei, estranhando.

- O pepe? Sério? – ele estava com um sorriso quase de deboche no rosto. Foi o bastante para que eu me sentisse ofendida. E me ofendesse pelo pepe!

- É. O pepe. Qual é o problema? Pensei que ele era seu amigo. – ergui meus ombros, com uma voz irônica.

- Ele não chega a ser isso. – ele negou passando a mão entre os cabelos.

- Não quero você falando mal dele. É meu amigo. – eu lhe pedi.

- Pareceu mais do que amizade de onde eu estava vendo.

- É... Difícil de explicar. – soltei os ombros.

- Amizade muito colorida?

- Acho que sim. – eu suspirei. Ele fez sinal para que eu arredasse e se sentou do meu lado na cama.

- Ele não parece ser o seu tipo de cara. – noah falou, brincando com os dedos.

- Desde quando você sabe qual é o meu tipo de cara? – eu o olhei, uma sobrancelha arqueada.

- Não tô falando que sei. – ele sorriu pra mim, se defendendo. – Falei que ele não parece seu tipo de cara.

- Ele não é a minha ideia de cara perfeito... Mas chega perto. – fui sincera.

- Se pra você está bom assim... – ele deu de ombros.

- Pra mim está ótimo assim. – eu sorri determinada.

Ficamos em silêncio por um tempo indeterminado. Ele se distraiu reparando em cada detalhe do meu quarto, e eu me dividia em olhar pra ele e olhar pra minha unha. A falta de barulho começou a me incomodar.

- Então... – cocei a garganta.

- O que? – ele me olhou. Pela primeira vez naquele dia trocamos olhares. Olhos castanhos mel. Tímidos, mas ao mesmo tempo, ousados. Eu os amava.

Eu também não sabia o que. Pensei um pouco antes de responder, e sem que precisasse me esforçar um assunto surgiu na minha cabeça. Era algo que eu queria saber.

- O que aconteceu ontem à noite? – perguntei, e ele desviou o olhar, com pouco caso.

- Você chegou bêbada e eu te trouxe até seu quarto. – ele disse simples.

- Disso eu lembro. Mas... você falou mais alguma coisa. E não estava sorrindo. O que você falou? Não consigo me lembrar disso. – disse, e aquilo era verdade, porém eu estava bêbada demais pra me lembrar de qualquer palavra de Justin.

- Não é algo que você precise saber. Não vai morrer se não descobrir.

- Provavelmente não. Mas me irrita não conseguir lembrar. – falei, e ele suspirou uma vez.

- Eu te perguntei por que você fez aquilo. Porque tinha bebido tanto. Sabi, você estava horrível. Não era bem você. Eu tive que te mandar falar baixo várias vezes. Estava quase gritando...

- Eu estava tão ruim assim?

- Bastante. Não sei por que você fez isso com você. – ele me olhou sincero. – É o tipo de coisa que, sei lá, eu esperaria de mim. Não de você.

- Você pode ficar bêbado e eu não?

- Não é isso. É que você é menina. E não é preconceito meu, mas é que as pessoas comentam mais quando uma menina fica bêbada. Você não precisa passar por isso.

Eu raciocinei suas palavras por um minuto. Ele não queria que falassem de mim. Também sabia que a bebida me fazia mal e não queria que eu fizesse mal a mim mesma.

- Você se preocupou. – eu disse, não era uma pergunta. – Por isso estava sério.

- É... Foi, mais ou menos isso... – ele falou, se levantando. – Somos amigos, né Sabi. Eu meio que me preocupo com você e tudo isso. Vou descer, ok?

E ele saiu do meu quarto, fechando a porta.

Eu fiquei imóvel, sem me mexer nenhum centímetro.

Aquela estranha e estúpida alegria começou a nascer em mim novo. Eu realmente odiava me sentir assim.

Meu último movimento da noite foi me virar de barriga pra baixo e afundar meu rosto no travesseiro, para afastar aquele sentimento idiota de mim. Adormeci ali mesmo.

A segunda feira passou normalmente. Não quis sair da sala no recreio e tive a surpresa de mesmo assim conseguir a companhia do Matthew e da joalin. O único problema foi que eu tive que suportar a melação dos dois, mas era algo com que eu podia conviver nos quinze minutos do intervalo.

Voltamos para a casa como de costume, e o pepe ainda insistia na idéia de não pegar na minha mão, o que me agradava.

Andamos lado a lado até minha casa e, de vez em quando, ele me puxava pelo braço ou pela cintura e me roubava um beijo. Isso estava divertindo e inspirando o Matthew e a joalin, que depois de um tempo começaram a fazer o mesmo. A única coisa diferente na hora de ir embora aconteceu na saída da escola. Não que eu devesse me importar, mas eu não conseguia evitar.

Noah e savannah estavam conversando, encostados ao muro e ele estava segurando mão dela. Ele se revezava em olhar pra baixo e olhar pra ela, enquanto ela não tirava os olhos de suas mãos, juntas com as dele.

A última coisa que eu pude ver antes de ir embora foi quando ele fez com que ela o encarasse, levantando seu queixo com o indicador da mão que ele tinha acabado de soltar da dela. Depois disso fui obrigada a parar de olhar, já que o pepe chegou e me pegou pela cintura, me girando e me beijando logo depois.

Ao chegar em casa, entendi o que estava acontecendo na saída da escola.

Savannah e Noah estavam na porta da minha casa, abraçados e se beijando.

No meio das brincadeiras que eu e os meninos fizemos pelo caminho, eles devem ter passado por nós.

Sem perceber o que acontecia dentro de mim, meus amigos foram embora, e eu tive que respirar fundo para conseguir fingir que não me importava. Eu realmente odiava ter que me esforçar tanto.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora