capítulo 23-bailey

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A chegada no quarto foi, no mínimo, interessante. Pra dizer a verdade, minha noite estava sendo interessante. Primeiro, filme de terror, e naquele momento, filme policial. Eu nunca poderia suspeitar das incríveis habilidades investigativas dos meus amigos.

Foi realmente difícil explicar que eu só me atrasei por causa da beleza da cachoeira e por causa do meu novo coleguinha.

E... graças a essa nova revelação, surgiram mais um milhão de perguntas. Será que eles nunca se cansavam?

Por fim, consegui que o interrogatório parasse, para que eu pudesse dormir. Eu tinha certeza de que o dia seguinte seria tão agitado quando aquele. Ou talvez, até mais. Era difícil fazer previsões exatas.

Foi tudo praticamente igual ao primeiro dia. Com a diferença que dessa vez, nós tínhamos algumas horas a mais, o que, na linguagem dos meus amigos, significava novas atividades. Era realmente impressionante tudo que nós podíamos fazer naquele lugar.

A questão é que, mesmo tirando as novas atividades, o dia não foi totalmente igual. E isso aconteceu graças a uma só palavra: bailey.

Eu realmente não esperava que ele viesse conversar comigo de novo, especialmente porque estava escuro, e ele não devia nem se lembrar de mim. Mas bom, ele se lembrou.

Quando eu estava saindo da lanchonete com a joalin, ele veio conversar comigo, e pela primeira vez eu realmente reparei nele.

Não, a beleza dele não era como a dos outros meninos. O cabelo dele devia ser liso, castanho escuro, e era penteado de jeito a ficar espetado pra cima. O rosto dele podia ser considerado bonito, mas a real beleza estava em seus olhos. A cor não era especial, apenas um castanho intermediário. O que realmente me impressionou é que eles brilhavam. Isso fazia do bailey uma pessoa de quem você não podia tirar os olhos. Isso era novo pra mim. Principalmente porque ele nem parecia perceber o impacto que ele tinha sobre as pessoas. Ele era apenas... ele mesmo.

Nós conversamos sobre várias coisas. E descobrimos várias coisas um sobre o outro. Ele era dois anos mais velho do que eu, e morava na nossa cidade. Infelizmente, estudava em uma escola diferente. Mas isso não seria problema. Eu iria aproveitar o nosso tempo juntos, de qualquer jeito.

E eu realmente não teria saído dali se não fossem o Matthew e o pepe. Essa parte eu estranhei. Quero dizer, estranhei o fato dos meninos terem vindo me buscar. Eu tinha certeza que eles ainda estavam cismados com o bailey, tudo por causa do jeito como nós nos "conhecemos".

Isso era patético. Eu nunca me senti tão bem com alguém, nunca confiei tão rápido em uma pessoa como eu fiz com o bay .

De qualquer forma, isso foi a única coisa diferente naquele dia e em todos os outros. Eu passei a conversar com o bailey todos os dias, quase sempre à tarde, e quase sempre nós íamos à cachoeira. Eu não me importei com a objeção do pessoal, principalmente porque, aos poucos, o Nate ia acabando com ela.

Era praticamente impossível não gostar de alguém como ele.

Quando os meninos vinham me buscar, ele sempre dava um jeito de conversar com eles, sempre estava com um sorriso no rosto, tentando mostrar que era um cara legal. Ele não se deixava abalar nem quando não era tratado com a mesma simpatia. Tanto tentou provar que era do bem, que no último dia foi convidado a jogar futebol com a gente. O convite só aconteceu com alguma insistência minha e da joalin, mas bem, no final das contas, valeu a pena.

Ele realmente conseguiu um pouco da confiança dos meus amigos super preocupados com a minha segurança, o que rendeu pra ele algum tempo a mais de conversa comigo no fim do dia. É, o pepe e o Matthew estavam agindo como meus pais.

Infelizmente, como tudo que é perfeito demais, meu final de semana teve fim. Eu, o bay, o pepe, a joalin e o Matthew assistimos o pôr-do-sol na cachoeira, quando a água refletia os tons de alaranjado do céu. Depois disso, eu e o pessoal fomos colocar as malas dentro do carro do pai da joalin, e andamos até o carro da mãe dela.

Deixei a parte mais triste pro fim: me despedir do meu novo amigo. É, amigo. Como eu disse, o bay não era como os outros meninos. Ele não tentou ficar comigo, não tentou passar a linha da amizade. Isso era bom. Eu já tinha preocupações demais no quesito relacionamentos e precisa muito de uma amizade naquele estilo bailey. Não que eu não quisesse ficar com ele, mas eu preferia deixar nossa relação crescer um pouco mais, pelo menos por enquanto.

Nossa despedida foi bem simples. Um abraço, algumas palavras, trocas de telefone e endereço..

- Então, é isso né? - Nate me olhou.

- É... - disse olhando pra baixo.

Nós nos abraçamos por um tempo.

- Eu vou sentir saudades. - ele sussurrou no meu ouvido.

- Eu sei. Eu também. - falei quando nos separamos e sorri.

- Telefone?

- Ah, sim.

Cada um passou seu aparelho de celular para as mãos do outro, para que pudéssemos colocar nossos números lá. Fui a primeira a terminar.

- Aqui. - o entreguei.

Ele sorriu e me devolveu meu telefone.

- Bom, eu te ligo. - ele garantiu.

- Acho bom mesmo. - eu sorri.

Depois, ele me abraçou de novo. Um pouco mais apertado, e talvez um pouco mais demorado, eu não sabia direito. O perfume que vinha da pele dele me deixou um pouco confusa.

- Não vai esquecer de mim, hein? - ele disse, ainda me abraçando.

- Impossível. - sorri.

Então, ele afastou nossos corpos e me olhou. Depois, em um erro de calculo, proposital ou não, o beijo que seria no meu rosto pousou no canto da minha boca.

Assim que ele me soltou, eu sorri de leve pra ele e entrei no carro, nem um pouco preparada pra voltar pra casa. Nem um pouco preparada para encarar o dono do nome que se formou em minha mente.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora