capítulo 26-eu não quero que aconteça

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Pela hora e pelo dia da semana, eu já devia ter imaginado que ele estaria lá. Estava deitado no sofá, assistindo televisão. Tentei passar por ele sem ao menos olhar nos seus olhos, mas era difícil ignorar a forma como ele me olhava.

Acho que era isso que eu conseguia por andar pela casa de pijama.

- Cuidado pra não babar. – avisei-o.

- Se eu fosse você eu tentaria abaixar minha auto-estima. Você não pode tanto assim. – ele disse pra me provocar.

- Se você diz... – tentei colocar o máximo de ironia que pude na minha voz. Ele percebeu, e riu.

Entrei na cozinha, e enquanto arrumava alguma coisa pra comer, percebi o bilhete pregado na geladeira.

"Filha, eu e o seu irmão fomos ao centro. Se não chegarmos para o almoço prepare alguma coisa pra você comer. Te amo, mamãe."

Ah, ótimo. De novo, eu estava sozinha com o noah. Que ótimo jeito de começar uma manhã de sábado. Eu precisava pensar. Não ia ficar ali por não sei quanto tempo com ele.

Me direcionei às escadas, dessa vez ignorando-o completamente quando passe pela sala. Chegando ao meu quarto, peguei meu celular e prendi meu cabelo em um coque. Assim que entrei nas mensagens, vi que a joalin estava online.

"?"

"Oi amiga, tudo bem? ;)"

"Ah. Mais ou menos, e você?"

"Eu tô bem, e por que você ta mais ou menos?"

"É que o noah está aqui em casa, e minha mãe saiu com meu irmão."

"Ah. Entendi."

"Posso ir aí pra sua casa? Eu não quero ficar aqui sozinha com ele."

"Você já devia estar aqui em casa."

"Você é demais. Obrigada jo."

"Hahaha, você é boba demais. Até parece que precisa pedir isso. Vem logo, tô te esperando."

"Ok, tô indo. Beijo, te amo."

"Beijo."

Desliguei o celular, e fui para o banheiro. Bom, meu sábado estava a salvo. Eu ficaria na casa da minha amiga até ter certeza que minha mãe já estava em casa, e depois sairia com meu bay. Ok, ainda não era meu bay, mas eu podia sonhar, certo?

Já no banheiro e já com meu cabelo preso em um coque, entrei para o chuveiro. Quando acabei, fui para o meu quarto enrolada na toalha, e encostei a porta.

Coloquei uma blusa rosa mais justa e um short jeans em cima da cama, e peguei uma lingerie branca no guarda roupa. Quando acabei de vesti-la, a porta se abriu. Me virei pra ela, já com a certeza de quem a teria aberto.

- Dá pra sair daqui? – pedi com educação.

- Eu acho que não. –noah se aproximou de mim enquanto falava e quase automaticamente eu andei para trás. Dessa vez eu realmente não queria que ele encostasse em mim. Eu tinha algo como um encontro com um dos meninos mais fofos que existiam no mundo, e não queria ter nada na minha memória que me fizesse sentir culpa.

- Eu tô falando sério, noah.

Nós continuávamos a nos mover como em um filme. Ele se aproximando, e eu tentando me afastar. Eu não conseguia tirar meus olhos do seu rosto, e os olhos dele se alternavam entre meu rosto e meu corpo.

Eu poderia ter escapado. Se não existisse uma cama do meu lado direito, um computador do lado esquerdo, e se ele não estivesse na minha frente, forte o suficiente para me impedir de passar. E claro, se meu quarto fosse grande o suficiente para que eu nunca esbarrasse na parede de fundo.

Quando isso aconteceu, percebi que, mais uma vez, era inútil tentar fugir. Desviei meus olhos do rosto dele por um momento, tentando fazer minha cabeça entender que ela teria que se manter conectada ao meu corpo, para me ajudar a resistir. Com um último suspiro, olhei pra ele.

Estava parado na minha frente, me encarando com o meu sorriso preferido no rosto.

- Então, percebeu que é inútil tentar escapar? – aquele sorriso.

- Você me deixaria escapar?

- Só se eu tivesse certeza de que ficar longe de mim é o que você realmente quer.

- É o que eu realmente quero. – falei, séria.

- Não, não é o que você quer. Pelo menos não agora.

- Você é tão idiota.

- Olha quem está falando. – eu podia ouvir o riso em sua voz.

Com essa última frase, ele se aproximou de mim. Colocou uma mão no meu pescoço, enquanto a outra posicionou uma das minhas no mesmo lugar de seu corpo. Ele ainda me olhava quando isso aconteceu. Mantendo seus olhos fixos nos meus, ele soltou meu cabelo com a mão livre, e só então me beijou. Como sempre, os nossos lábios foram ganhando velocidade com o tempo.

Quando percebi, eu já tinha colocado minha outra mão em seu pescoço, e ele já tinha levado a sua à minha cintura. Mais uma vez, nossos corpos estavam completa e perfeitamente interligados. Isso quase me irritava.

Gentilmente, ele me desencostou da parede, e me deitou na cama, colocando seu corpo em cima do meu depois. Eu girei, ficando em cima dele, e logo depois ele fez o mesmo. Na minha vez de tentar ficar por cima mais uma vez, eu esqueci que a cama não era infinita, e nós caímos no chão.

Nossos lábios se separaram, e ao ouvir ele murmurar algo como um 'Ai', tive que rir.

- Você ri porque não foi você que bateu as costas no chão.

- Cala a boca.

- Você que manda. – ele riu, quase com ironia. Depois, juntou nossos lábios de novo, que dessa vez se moviam com mais rapidez.

Minhas pernas encontraram o chão, ficando ao redor dele, como grades. Suas mãos começaram a andar pelas minhas costas, e, de vez em quando, ele fazia algum movimento que me fazia arrepiar.

A ponta do seu dedo subiu pelas minhas costas, seguindo a linha da minha coluna. Ele então fez suas duas mãos se encontrarem no fecho que prendia meu sutiã ao meu corpo. Foi quando eu "acordei". Separei nossos lábios, afastei meu rosto do dele, e apoiei minhas mãos no chão, ficando quase sentada sobre seu corpo.

- O que foi? – ele me olhou.

- Isso não vai acontecer.

- E isso por que...?

- Porque eu não quero que aconteça. – disse com firmeza.

Ele me encarou por um momento. Parecia querer ver nos meu olhos a confirmação da mentira. Ele não conseguiria. Porque naquele momento, eu realmente não queria. Eu já tinha feito o que não devia fazer: beijá-lo no mesmo dia em que eu ia sair com o bay. Não levaria isso mais adiante.

Sai de cima dele, caindo no chão ao seu lado. Depois de respirar fundo duas vezes, me levantei e andei até a porta.

- Vamos, saia daqui.

Ele não contestou. Se levantou e andou para fora do meu quarto. Assim que ele saiu, fechei a porta, trancando-a a chave dessa vez. Olhei pra minha cama, e não pude conter o suspiro. As roupas que eu tinha escolhido estavam completamente amassadas e eu teria que escolher outras.

Abri meu guarda roupa e peguei um short branco e uma blusa preta, começando a vesti-los.

Eu precisava me apressar, precisava sair dali.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora