Ainda estava deitada quando ouvi a minha mãe mexendo com alguns talheres e pratos, as crianças da casa de trás gritando em meio a sua brincadeira, e ouvi a porta da frente da casa se fechando.
Um minuto depois ouvi a voz que eu menos queria ouvir.
Meu coração falhou por meio segundo e eu me levantei, trancando a porta do meu quarto.
Deslizei por ela até encontrar o chão. Fiquei ali por um tempo antes de criar coragem para voltar pra cama.
O que diabos ele estava fazendo ali?
Já que ele e meu irmão tinham passado o dia anterior e metade daquele juntos, será que cada um não podia simplesmente seguir para a sua casa e ponto final? Se eu não soubesse por mim mesma que um deles não era gay, eu realmente consideraria essa hipótese.
Mergulhei a cabeça no travesseiro e tentei me distrair com outras coisas. Inútil. Eu continuava concentrada nas duas vozes masculinas da casa, que agora subiam as escadas e se aproximavam.
Esperei impaciente até que a porta do quarto do meu irmão se fechasse e respirei fundo quando isso aconteceu.
Tentei ouvir mais alguma coisa, mas foi em vão. Era quase como se eles tivessem se calado de repente.
Fiquei ali deitada por mais dois minutos, quando senti meu estômago roncando e percebi que não comia nada desde a última noite.
Considerei todos os riscos que eu correria ao sair do quarto. Encontrar com ele, ver o seu olhar depois do que nós tínhamos feito, ver o seu sorriso ao me ver... Meu estômago roncou mais uma vez e eu decidi que teria que descer, querendo ou não.
Desci as escadas num jato, e peguei na geladeira qualquer coisa que parecesse comida. Alcancei a porta do meu quarto um segundo depois de ver a porta do outro quarto se abrir. Entrei e tranquei a porta antes que meus olhos pudessem formar alguma imagem reconhecível.
Me sentei, ofegante, na mesa do computador para comer e acabei ficando no meu quarto pelo resto da noite.
Não fazia idéia da hora que o noah tinha ido embora, apenas sabia que tinha sido tarde, considerando-se o fato de que eu tinha pegado no sono antes que isso acontecesse.
O outro dia na escola foi do mesmo jeito. Eu corri dele no inicio da aula, e nos três primeiros horários. Mas bom, eu não podia evitá-lo pra sempre e ele sabia disso.
Assim que ouvi o sinal, eu corri pro meu lugar de lanche de sempre, chegando antes do Matthew e da Celeste. Péssima idéia. O lugar era óbvio demais e não demorou muito até que eu visse o Noah andando até mim.
Infelizmente, o lugar também era isolado demais para que eu fingisse estar conversando com alguém.
O desespero me fez recorrer a uma medida ainda mais idiota: entrar em um dos vestiários que existiam ali perto.
Não sei o que me fez pensar que ele não tinha me visto.
Se passaram menos de dois minutos antes que ele me alcançasse.
- Isso aqui é um vestiário feminino. - protestei.
- Olha, você está falando comigo. - Noah sorriu.
- Sério? Não, imagina. - sorri sarcástica pra ele.
- E então? - ele arqueou a sobrancelha e continuou sorrindo.
- E então que você continua em um vestiário feminino. - cruzei os braços.
- Não acho que ninguém vá me ver. Você lancha no lugar mais isolado da escola, sabia disso?
- É exatamente por isso que eu lancho aqui. Não tem ninguém pra me incomodar. Não normalmente.
- E quando foi que eu passei de seu amigo a um incomodo? - ele perguntou, se aproximando.
- Você sabe exatamente quando. - eu disse, cerrando os olhos.
- Então é por aquilo que você está me evitando.
- Eu não estou te evitando noah. - eu menti. - Só prefiro não te ver.
- E o que aconteceu com o lance de que voltaríamos a ser bons amigos depois daquela noite?
Eu estava pronta para responder quando duas vozes chamaram o meu nome. Matthew e joalin. Senti meu rosto se transformar num misto de espanto e medo, e o dele se abrir em um sorriso malicioso.
- Exatamente quem faltava. - ele debochou.
- Cala a boca. - eu disse, nervosa, e depois estremeci. - Eles não podem nem sonhar que nós estamos aqui juntos.
As vozes se aproximavam e ao ver meu desespero crescendo, ele me puxou pelo braço. No segundo seguinte estávamos dentro de um dos boxes e próximos demais.
- Realmente, uma ótima solução. - eu disse, sussurrando, ao perceber a proximidade perigosa das vozes dos meus amigos.
- Quer voltar lá pra fora? - ele também sussurrava. Eu pensei por um segundo antes de responder.
- Eu prefiro aqui. - bufei, me rendendo.
- Ótimo. - ele sorriu, sarcástico.
Esperamos um minuto até que o silêncio reinou do lado de fora.
- Pronto. - eu falei, com a minha voz já em seu tom normal. - Podemos sair agora.
- Não até você me responder. - noah me segurou pelo braço. Eu abaixei meu olhar para o lugar e depois subi encontrando seus olhos.
- Te responder o que?
- O que aconteceu com nosso lance de amizade. Sabe, aquele que nós combinamos antes de dormimos juntos.
- Ai, não me lembra disso. - eu preferia que aquela noite caísse no mar do esquecimento.
- Então você quer esquecer o lance de amizade? - ele sorriu maliciosamente. Era o meu sorriso preferido.
- Não é isso. - eu fiz uma careta. - Eu não quero lembrar que dormi com você.
- Fui tão mal assim? - ele continuava sorrindo.
- Não vou te responder isso.
- Mas ainda tem que me responder se vamos ser o que éramos antes de sábado ou não. - eu pensei por um minuto antes de responder.
- Vamos. Mas... Com as minhas regras.
- Lá vem você. - ele revirou os olhos, soltando o meu braço, que ainda estava segurando.
- É pegar ou largar. - coloquei as mãos na cintura.
- Você está se achando um pouquinho, não acha? - eu apenas o encarei. - Tudo bem, com as suas regras.
- Só amigos, sem pegação. A noite de sábado vai ser esquecida pra sempre, e você não tem o direito de tentar nada comigo.
- São boas regras. - ele estalou a língua no céu da boca.
- Ótimo. Agora me deixa sair.
Ele abriu a porta, e seguimos nosso caminho, lado a lado. Estávamos prestes a nos separar, quando ele completou com o que eu sabia que ele diria, cedo ou tarde.
- Você não espera que eu siga aquelas regras, não é? - ele me olhou divertido.
- Na verdade, sim.
- Não, não acredito que você goste de se enganar tanto assim. - ele sorriu.
Eu estava prestes a responder, quando o sinal bateu e ele foi para sua sala. O que eu podia dizer, ele sempre seria o Noah de sempre.
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o melhor amigo do meu irmão-urridalgo
RomanceSabina é uma garota comum, e com a convivência do melhor amigo de seu irmão, que no entanto odeia, cresce um amor onde jamais qualquer um acharia possível. Mas é um dos mais belos amores. Eles descobrirão esse grande amor por um simples jogo de sedu...