capitulo 73-eu precisava disso ou enlouqueceria

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Meu coração disparou quando eu vi quem realmente estava na porta.

Minha cabeça, por sua vez, girou tentando descobrir o que diabos ele fazia ali.

Teria que me humilhar pela última vez antes de ir aproveitar a que seria, provavelmente, a melhor noite de sua vida? Precisaria jogar na minha cara que estava completamente feliz enquanto eu estava ali, me afundando em tristeza e pensando nele?

A campainha tocou mais uma vez e eu respirei fundo antes de abrir a porta.

- Oi. – Noah falou, abrindo o sorriso mais lindo que eu já tinha visto em seu rosto. Não era o meu favorito, mas ainda era perfeito. Misturava alegria, confiança, e inesperadamente, esperança e um pouco de timidez. O resto dele também estava impecável. O cabelo, a roupa, o corpo... Tudo gritava perfeição. Eu senti meus joelhos tremerem.

- Oi. – tentei não sorrir, conseguindo um quase resultado. – Está fazendo o que aqui? É o dia do baile. Deveria estar com alguma menina perfeitamente arrumada. Deveria estar lá dançando e não... Não deveria estar aqui.

- Se é isso que está te preocupando, eu estarei com uma garota perfeitamente arrumada em pouco tempo. Não que ela precise se arrumar para qualquer coisa... Mas, enfim.

- Então, por que está aqui ao invés de estar com ela? Tem uma garota linda e arrumada esperando por você em algum lugar, vá atrás dela.

- Não, não. Ela não é linda. Isso seria falar mal dela, se é que você me entende. Ela é... Maravilhosa. Até mais do que isso. – ele sorria.
Eu o encarei, irritada. Os sentimentos bons começavam a dar lugar à raiva, mais uma vez.

- Então, isso é o que? Veio jogar na minha cara que vai estar com uma menina quase perfeita hoje enquanto eu vou ficar aqui, sozinha? Pois bem, não precisava. Eu já não estava me sentindo bem comigo mesma, mas obrigada. Agora estou me sentindo pior.

Tentei fechar a porta. Foi um movimento forte, impulsivo e rápido, mas não foi o suficiente para que ele não me impedisse.

- Sabi...

- O que foi? Tem mais alguma coisa pra falar sobre ela? O que mais ela é? Além de linda, é claro. Aposto que ela também é interessante, simpática, bem humorada, alta, engraçada, carinhosa, inteligente e quantos mais adjetivos bons existirem. Estou certa, Noah?

- Nossa. – ele falou, com uma expressão de surpresa fingida no rosto. – Você fez a melhor descrição dela que eu já ouvi, eu só tiraria quando você disse que ela era alta.

- Acho melhor você buscá-la, então. É melhor do que vir aqui pra me irritar. Ah, e antes que eu me esqueça, vai pro inferno.

Tentei fechar a porta de novo, mas ele me impediu. Eu já estava muito irritada.

- Eu não vim até aqui te irritar. Qual é, não sou tão infantil assim.

- Então, é o que? Veio me humilhar? Acabar com o resto de dignidade que eu tenho.

- Deus, como alguém pode ser tão idiota assim? – ele me segurou, colocando as suas duas mãos sobre meus dois braços. – Eu não vim aqui te fazer mal, sua imbecil. Eu vim aqui buscar a garota com quem eu vou ficar hoje a noite. Será que é... Tão difícil assim de entender?

- É o que? – ele riu e me puxou pra mais perto.

- Por favor, Sabi, você é mais inteligente que isso. Eu vim buscar você. Ou você realmente achou que eu iria para essa festa estúpida sem te levar? Você é a garota, Sabina. E já faz muito tempo.

A alegria idiota nasceu dentro de mim, mas dessa vez não foi aos poucos. Foi uma explosão. Eu tentei me controlar, não era comprovado que ele estava falando a verdade.

- Me solta. – pedi e ele obedeceu. – Não acredito em você. E mesmo se for verdade, não tenho roupa, não tenho sapato, e eu não pretendo ir desse jeito.

Ele não me respondeu. Se abaixou e levou sua mão até algum lugar que eu não podia ver da porta. Quando se endireitou, estava com duas sacolas grandes na mão.

- Sei que é idiota fazer isso, mas eu sabia que você ia reagir assim. Toma. – ele me estendeu as duas sacolas e eu peguei, meio sem entender nada. – Seu irmão me deu certeza de que vão servir.

Eu abri um pouco as duas sacolas. Um vestido e um par de sapatos. Noah tinha razão, aquilo era um pouco idiota. Principalmente porque meu irmão estava metido naquilo. Meu coração se recusava a acreditar nessa minha concepção.

- Acha que é fácil assim? – eu o encarei, me concentrando em não deixar que nenhum sorriso escapasse pelos meus lábios. – Acha que você chega aqui, fala meia dúzia de palavras bonitas, me dá alguns presentes e é isso?

- Não, eu não acho. Mas eu espero que seja o suficiente pra, pelo menos, te fazer sair de casa. – ele se aproximou de mim, sem me tocar. – Olha, não estou te pedindo pra ficar comigo agora, mas eu quero que você esteja lá comigo hoje. Por favor, faz um esforço. Se eu não for com você, eu não vou ter razão pra ir.

Eu olhei pra ele e não consegui encontrar nenhum vestígio de mentira em seus olhos.

Mesmo assim, me afastei um pouco.

Depois de pensar por três segundos, cheguei à conclusão obvia: eu iria. Mesmo que eu fosse sofrer depois, eu iria. Uma noite de felicidade não ia me matar.

- Ok, eu vou. Mas... Não é por você. – eu disse, séria. – É por algum motivo que eu ainda não descobri, mas não é por você.

- Tudo bem, eu não ligo. Não me importa por quem ou pelo que você esteja fazendo isso, você só precisa fazer.

- Ok...

Antes que eu pudesse fazer mais alguma coisa, ele me beijou. Não um beijo mesmo, mas um selinho apenas. Foi quase carinhoso.

- Eu só... Eu precisava disso ou enlouqueceria. – ele sorriu para mim e naquele momento eu não pude deixar de retribuir

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora