capítulo 24-conto de fadas

2.5K 174 5
                                    

A mãe da minha amiga me deixou na porta de casa e depois buzinou, pra avisar que eu tinha chegado, ou algo assim. Ao entrar, percebi que o aviso tinha sido ouvido. Minha mãe e meu irmão me esperavam, e me abraçaram assim que passei pela porta.

Depois de contar sobre o meu final de semana incrível, cortando as partes sobre o bay, inventei uma desculpa qualquer pra subir.

Eu achei que estaria preparada. Achei que depois de tanto tempo, eu me acostumaria com tamanha perfeição. Bom, eu pensei errado.

Assim que eu o vi, sentado na cadeira do meu computador, meu coração se acelerou no meu peito. Ainda era o rosto mais lindo que eu já tinha visto. É, ele ainda não tinha falado nada. Ainda não tinha estragado o momento. E, do jeito que estava entretido, não ia estragar tão cedo.

Coube a mim então, a tarefa de começar uma conversa. Eu não conseguia vê-lo daquela forma por muito tempo. Não conseguia prolongar um momento fofo por muito tempo. Não com ele.

- Nossa, você deve mesmo amar o meu quarto. - falei e ele se virou para me olhar, e o meu sorriso favorito se formou em seus lábios.

- Talvez. – noah disse.

- noah, eu juro que não tô com paciência. Agora sai que eu vou trocar de roupa.

Ele deu uma risada irônica, e me encarou.

- Só tenho medo de você se apaixonar. – eu olhei pra ele, que me olhou de cima a baixo.

- Hm, já vi melhores. – respondeu.

- Coincidência, eu também. Melhores, maiores... Você escolhe. – pisquei pra ele. – Agora sai.

Ele me olhou de novo. Os olhos divertidos, meu sorriso ainda preenchendo seu rosto. Se levantou da cadeira e andou pra porta, mas parou no caminho pra me encher.

- Não precisava mentir pra me fazer sair daqui. – ele falou no meu ouvido.

- Idiota.

Isso encerrou nossa conversa, e ele finalmente saiu do meu quarto. O que eu podia dizer?

Estava de volta à realidade.

O jeito como a semana se passou realmente foi uma prova de que meu pequeno conto de fadas tinha acabado. A realidade invadiu de novo minha vida com uma força e com uma monotonia surpreendentes.

O tédio voltou a dominar as aulas, as pessoas voltaram a ser as mesmas de sempre, o noah voltou a ser parte irritantemente sempre presente na minha vida. É, ele continuava a passar mais tempo na minha casa do que na dele.

O final de semana demorou a chegar. Nada conseguia fazer com que o tempo passasse mais rápido, e talvez fosse porque nada de interessante acontecia. As coisas só pareceram começar a dar algum sinal de mudança na sexta feira depois da aula.

O primeiro sinal foi quando eu, joalin, Matthew e pepe voltamos, todos juntos, para a casa. Isso nunca acontecia. Os meninos sempre iam embora primeiro e nos deixavam para trás.

Ter os meninos conosco tornou a volta mais divertida e interessante. E isso foi só o começo.

Depois de almoçar, fui dormir, já que por milagre o noah não estava na minha casa. Outra coisa incomum que me deixou bastante surpresa. Tentei não me importar com isso.

Estava completamente perdida em sonhos, quando meu celular tocou. Ainda estava meio adormecida quando o peguei na cômoda e o levei ao ouvido. Também estava nervosa. O primeiro dia que eu conseguia ter paz suficiente pra dormir de tarde, e alguém vinha atrapalhar.

- Alô? – eu mal conseguia pronunciar as palavras de forma inteligível.

- Oi, Sabi.

- Quem é?

- Nossa, não lembra mais de mim, não?

O sono começou a ceder, e eu pude começar a me concentrar na voz, pra tentar reconhece-la.

- Quem é? – eu repeti.

- Poxa, agradeço pela consideração.

Isso estava me irritando. Porque a pessoa não podia falar quem era e pronto? Decidi então fazer a coisa mais óbvia do mundo. Pela primeira vez desde que peguei meu celular, o tirei do ouvido e olhei no visor, pra ver quem número era.

Eu não tinha espelho, mas tinha certeza que meu rosto tinha ficado vermelho.

O nome no visor era simples, pequeno, e trazia muitas lembranças.

"Bailey :)", era o que estava escrito.

Recoloquei meu ouvido no celular, pronta para pedir desculpas.

- bay? Bay, é você mesmo? – a alegria na minha voz era evidente.

- É, agora sabe né? – dava pra perceber que ele estava fingindo que estava nervoso.

- Ai, que saudade de você! - ele riu.

- Eu também tô com saudade de você, linda. E é pra isso que eu tô te ligando.

- Pode falar. – disse doce.

- Vamos sair amanhã à noite? Tipo, pra qualquer lugar que você quiser.

- Ah, sim, vamos! Mas a gente pode combinar depois? Eu acabei de acordar e acho que meu cérebro ainda não despertou. – ele riu de novo, e o som fez com que eu tivesse vontade de rir também.

- Como você quiser. Então, vai voltar a dormir, ok?

- Não vou conseguir, mas tudo bem.

- Tchau, Sabi. Beijo.

- Beijo, bay.

A alegria era evidente dentro de mim quando eu desliguei o telefone. Era assim que ele me fazia sentir. Me deixava alegre, me deixava bem. Era exatamente o que eu precisava no momento. É, talvez a realidade não tenha invadido totalmente minha vida. Talvez o futuro ainda guardasse um pouquinho de conto de fadas pra mim.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora