capitulo 17 -eu ainda te odeio,muito

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- Que-Quem está aí? – consegui responder com um pouco de dificuldade e um pouco alto demais. Mesmo tendo uma noção de quem era, eu ainda tinha medo de ser outra pessoa.

Minha respiração ofegante e meu coração acelerado desconfiavam dessa ultima hipótese.

Eles tinham praticamente certeza da pessoa escondida no escuro do meu quarto, e gritavam para o meu cérebro o nome.

- Quer parar de falar alto e de ser idiota? Sou eu, pode ficar calma agora. – noah disse.

- Que merda, noah. Quer me matar de susto? – a última parte foi sussurrada, eu não queria acordar ninguém.

- Até que não é uma má idéia. – de novo, a voz dele conseguia transparecer o sorriso que era impossível de ser visto naquele momento.

- Nossa, tão engraçado você, estou morrendo de rir por dentro.

Nós já estávamos sussurrando, e eu podia não conseguia perceber nenhum som além desse.

Nossos sussurros.

Ficamos algum tempo sem falar nada. Talvez um de nós estivesse esperando que o outro falasse algo. Talvez estivéssemos nos preparando para o que viria a seguir. Ou talvez, só estivéssemos esperando nossas vistas se acostumarem.

Não tenho a menor noção do tempo que passamos ali, parados, mas foi tempo suficiente para que minha visão se acostumasse com o escuro. Eu já podia ver o meu quarto quase perfeitamente, e podia ver a pessoa mais perfeita dentro dele. Quando nos referíamos a beleza, claro. Ele estava sem camisa, o cabelo loiro mais bagunçado do que de costume, o rosto com uma expressão complicada, que misturava a seriedade, a concentração, a expectativa e o divertimento.

Ele também já podia me ver, eu tinha certeza.

Seus olhos percorreram rapidamente meu corpo, e voltaram a encontrar o meu olhar. Eu estava cansada demais para continuar com nosso joguinho de sempre. Nossa pequena competição pra ver quem cedia primeiro, pra ver quem se deixava cair em tentação mais rapidamente.

Soltei um suspiro pesado e fui ajeitar minha cama. Dessa vez, ele ia ter que realmente se esforçar se quisesse alguma coisa. É lógico que eu ainda o queria com uma intensidade um pouco além do que eu podia entender. Eu ainda desejava com uma força estranha ele perto de mim, o corpo dele no meu. Mas, eu não seria como as outras vagabundas sem cérebro da minha escola. Se eu fosse, ele apenas faria o que precisasse e depois iria procurar outra. Ele me consideraria igual às outras. E isso era a ultima coisa que eu queria. Eu precisava mantê-lo pedindo por mais, só assim eu conseguiria ser diferente, lutar de igual pra igual com ele.

Fiquei tão entretida nos meus pensamentos, que arrumei minha cama por mais tempo do que era necessário, e só saí do meu quase transe quando ouvi o som da porta se fechando.

Por um tempo, eu não consegui olhar para ver o que tinha acontecido. Ele podia ter saído do quarto, podia ter decidido que não ia se esforçar, pelo simples motivo de que ele não precisava se preocupar comigo. Será mesmo?

Olhei pra saída do meu quarto. Não estava como eu pensei que estaria. Ele ainda estava lá. Seu olhar não escondia a diversão, e ainda tinha espaço para demonstrar a expectativa. E seu rosto, estava iluminado pelo meu sorriso, ou algum bem parecido. Era difícil dizer agora, o quarto estava menos iluminado, desprovido da luz que estava vindo da escada. Tentei parecer indiferente e não mostrar o quanto eu queria aquilo.

- O que você pensa que está fazendo? – eu ainda estava sussurrando.

- Exatamente o que você quer que eu faça. - enquanto falava, ele se aproximava devagar. Depois, parou a pouca distância de mim e mexeu no cabelo, bagunçando-o mais um pouco.

Meu coração acelerou no peito. Se estava reagindo ao movimento dele, ou prevendo o que iria acontecer, eu não tinha a menor idéia.

- Você não tem idéia do que eu quero. – disse com convicção.

- Eu sei bem mais do que você pensa – ele sorriu pra mim, o sorriso sugerindo alguma coisa.

Com mais um passo, ele colocou seu corpo junto ao meu. Suas mãos passaram ao redor do meu corpo, na altura da minha cintura, me prendendo ali. Ele puxou o meu corpo para mais perto do dele, provocando arrepios na minha pele.

- Você sabe exatamente o quanto me quer. E nós dois sabemos que você está se fazendo de difícil. Achei que você fosse o tipo de garota que corre atrás do que quer. Ou tá com medo de fazer alguma coisa que te leve a se apaixonar? – ele sussurrou tudo isso no meu ouvido. A voz dele estava um pouco rouca, o que não colaborava com a minha tentativa de controlar minha respiração.

Ainda assim eu não pude deixar de rir. Por mais tentador que fossem o corpo e a presença dele, a idéia de me apaixonar por ele era completamente ridícula.

- Você acabou de ultrapassar as barreiras do ridículo. Você nunca pensou que minha única razão para ser difícil, é porque eu não quero você?

- Impossível.

Foi a ultima palavra dele.

Uma de suas mãos subiu até a minha nuca e seus lábios encontraram os meus.

Gentilmente, ele me deitou na cama, e depois colocou seu corpo sobre o meu, controlando o peso que me faria suportar. A primeira parte foi rápida, mal consegui percebê-la detalhadamente. Nossos corpos ficaram entrelaçados de uma forma perfeita, quase como se fossem peças de um mesmo quebra cabeça. Eu nunca conseguiria deixar de me impressionar com isso.

Depois dessa parte completa, as outras foram chegando e dando passagem às seguintes harmoniosamente, tudo num fluxo muito perfeito. Era incrível a sintonia que nós tínhamos, como se fossemos feitos para trabalhar juntos. Ele tentou ser gentil, carinhoso. Fazer tudo parecer perfeito. Mas não demorou muito para percebemos que nunca funcionaria assim com a gente. Não estávamos ali para fazer a cena de um conto de fadas, nem para brincar de casal perfeito. Ambos só queríamos a pura realização do desejo, e isso tornou as coisas mais intensas. Não apressadas, mas com algo a mais, algo que tornava tudo melhor pra mim, e talvez pra ele.

Não me preocupei com o tempo, e ele também não parecia interessado em contar os minutos que passávamos ali. Foi tudo muito natural, quase instintivo. Nós dois sabíamos quando a hora de dar um fim naquilo chegou. Deitei de barriga pra cima na cama, encarando o teto por um segundo. Ele se deitou ao meu lado, e eu tinha a impressão que ele olhava para o mesmo lugar que eu.

- Você sabe que isso não muda nada. Eu ainda te odeio, muito. – disse, em meio ao silêncio.

- Não pense que mudou alguma coisa pra mim. Eu também não gosto nem um pouco de você.

- Ótimo. - eu soltei um suspiro fraco de alivio.

- Ótimo.

Nenhum de nós falou mais nada, até porque, não tínhamos mais nada pra falar. Com o silêncio, meus olhos começaram a pesar, e eu não lutei contra o sono. Apenas deixei que a noite acabasse, enquanto eu me perdia nos sonhos que eu tinha certeza que teria naquela noite.

***

Chega por hoje kkkk amanhã eu posto mais capítulos. :)

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora