capitulo 63-você gosta de mim de qualquer jeito

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Maratona 7/7

O resto da semana se passou dentro dos novos padrões de normalidade. Eu ainda me sentia estranha. Ainda pensava em coisas estranhas. E claro, ainda tentava afastar esses pensamentos de mim. Tinha uma vaga ideia de porque eu estava sentindo e imaginando aquilo tudo, mas era tão absurda que eu deixei pra lá.

Provavelmente eu só estava ficando louca, ou passando por uma fase que logo iria passar.
Noah terminou algo que ele nem ao menos tinha com a savannah no dia seguinte à nossa conversa, e a partir daí eu não a vi perto dele no intervalo mais. Mas isso não significava que ele ia ficar sem meninas nessa hora.

Ele era o Noah, e as garotas sabiam disso. Dessa forma, ficaram em cima dele, esperando que alguma delas fosse a sortuda que conseguiria conquistá-lo.

Todas elas se julgavam boas o bastante para conseguir isso, mas eu não me sentia nem um pouco estranhamente preocupada com isso.

Como uma quase melhor amiga dele, eu sabia que nenhuma delas seria boa o suficiente pra ele. Nenhuma delas sequer fazia o tipo dele.

A sexta-feira chegou, e com ela um convite para sair. Não pensei para aceitar. Eu precisava me distrair, e as pessoas que mais conseguiam fazer isso no mundo estavam tentando fazer isso. Como os bons amigos que eram, já tinham percebido que eu não estava tão bem e, como eu não conversava sobre o assunto, eles tentavam, ao menos, me fazer sentir melhor.

Tínhamos combinado de ir a uma festa arranjada de última hora, e eles me buscariam em casa por volta das oito horas da noite. Eram sete e cinquenta e eu estava na sala, pronta, assistindo televisão.

- UAU! Você está... Linda. – noah falou, quase cantando, enquanto descia as escadas.

- Eu sei. – ele me olhou um pouco surpreso, sorrindo, e eu pisquei pra ele, devolvendo o sorriso.

- Você ta ficando mais atrevidinha. – ele concluiu quase trinta segundos depois.

- E isso é ruim por quê?

- Não falei que é ruim. – ele se sentou. – Eu até gosto.

- Que bom então. – eu disse, um pouco irônica, tentando disfarçar uma maldita e estranha alegria que nascia. Ele sorriu. Isso significava que ele ia começar um jogo.

- Você gosta que eu gostei?

- Você gosta que eu gostei que você gostou? – retruquei.

- O que? – ele piscou uma vez. — eu ri.

- É o seu jogo. Você deveria saber. – eu sorri. – Mais esperteza, Noah, vamos lá. — disse estalando dos dedos.

- É, - ele se levantou e caminhou para a cozinha. – Eu definitivamente gosto de você atrevida.

- Você gosta de mim de qualquer jeito. – tentei imitar o sorriso prepotente que ele me lançava de vez em quando. Estava animada com aquele jogo. Ele parou perto da cozinha, um pouco perplexo, e eu me levantei, andando lentamente até ele.

- Como é? – ele se virou pra mim, e eu me aproximei. Dois segundos depois ele estava de costas para a parede e eu estava a um passo dele.

- Não precisa fingir, Noah. Admita que você gosta de mim, admita. – o sorriso que eu tinha conseguido imitar estava faiscando no meu rosto. Ele estava sorrindo também, um pouco abestalhado.

- Eu não gosto. Pare de se iludir, Sel. – ele tinha entrado no jogo. Estava falando comigo exatamente como eu falava com ele.

Me aproximei mais, e ele se encostou na parede. Eu estava de salto e ele descalço, de forma que estávamos do mesmo tamanho. Pressionei um pouco meu corpo no dele, passando a mão pelo seu pescoço.

- Não precisa mentir pra mim. Eu vejo como você fica quando eu me aproximo de você assim. – apertei mais meu corpo junto ao dele. Noah não estava rindo. Assim como eu, estava atuando perfeitamente.

- É só desejo, corpo. Não tem nada a ver com gostar. – ele falou.

- Se você quer ver dessa forma...

- Eu vou sempre ver dessa forma. Porque é a verdade.

- Não é a verdade, e você sabe. – sorri.

- Sabe que eu nunca vou confirmar isso.

- Sei sim. — disse com a maior indiferença possível.

E eu o beijei. Assim como ele sempre fazia comigo. Seguindo a mesma ordem das falas e dos movimentos. Ele sorriu no meio do beijo e passou os braços pela minha cintura, me prendendo junto a ele. Minhas mãos se enroscaram no seu cabelo, e eu não pude evitar sorrir também.

Não estávamos nem próximos do fim quando uma buzina soou do lado de fora da casa.

Relutante, me afastei dele e me dirigi ao sofá, para pegar minha bolsa, indo para a porta logo depois.

- Entendi porque você faz isso. – eu disse.

- Isso o que? — ele disse, meio tonto ainda. Sorri.

- Isso de ficar no controle e fazer todas as afirmações. — minha voz transparecia o sorriso. Perfeito!

- Ah. – ele sorriu.

- A sensação é boa. – foi a última coisa que eu disse antes de fechar a porta e correr para o carro, onde meu três salvadores me esperavam.

A noite teria que ser muito boa para não me deixar pensar no que tinha acabado de acontecer.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora