capitulo 57-eu não te odeio

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Maratona. 1/7

Depois, eles me olharam.

Suas expressões passaram de calma para surpresa e depois para raiva rapidamente. Isso me fez olhar para os meus braços.

Estavam vermelhos. Com as marcas perfeitas dos dedos do meu "agressor".

Josh veio até mim e examinou cuidadosamente os estragos, antes de fechar a cara para as manchas vermelhas.

- Vai melhorar em alguns dias, ok? – ele se virou para mim, e seu rosto exibiu uma máscara de calma e de compaixão. Ele beijou minha testa e foi se sentar ao lado do seu amigo, que me olhava de vez em quando. Ele não queria me encarar, e eu estava com tanta raiva dele, que também preferia não olhá-lo.

Me sentei na poltrona e fiquei encarando o vazio, tentando me prender mais ao silêncio da sala do que aos fatos recentes. Minha mãe desceu as escadas logo em seguida.

- Tudo bem filha? – ela andou até mim devagar. Queria saber quanto ela tinha ouvido.

- Vai ficar. – suspirei.

- O braço eu sei que vai. Quero saber se você vai ficar bem. Se por dentro você vai se recuperar.

Eu não queria ficar ali, não queria ouvir nada daquilo naquele momento.

Me levantei e subi para o meu quarto, deixando minha mãe com uma expressão um tanto preocupada.

Só queria um pouco de paz. Queria aproveitar minha nova solidão.

Não consegui ficar lá por muito tempo. O quarto começou a parecer pequeno demais, quente demais... Trazia lembranças demais. Fazia o buraco que deixaram ao arrancar meu coração doer demais.

Peguei uma blusa de frio e desci as escadas quase correndo. Os três, que ainda estavam na sala, olharam para mim, um pouco sobressaltados.

- Não quero ninguém atrás de mim. Não vou voltar tarde, portanto não precisam se preocupar. – eu disse enquanto abria a porta.

Meu plano era andar sem rumo pela cidade, mas parei assim que saí de casa, a pouco mais de um metro da porta. Não tinha forças, não conseguia me forçar a andar.

O vento batia em mim, tentando me derrubar, como todos os outros acontecimentos do dia tentaram. Estava cansada de ser forte, cansada de fingir que eu não me importava tanto com aquilo. Ia ficar ali até que me cansasse, quando peguei o final da conversa que acontecia na minha sala.

- Mas eu ainda acho que alguém deveria ir atrás dela. – josh falou.

Um minuto de silêncio.

- Eu vou. É melhor, acho que ela não vai ter tanta resistência em conversar comigo. – a voz era de Noah. Falei três palavrões em voz baixa, e andei para a chuva.

A água gelada produzia um efeito estranho em contato com as minhas roupas, e logo depois com a minha pele. Meu cabelo se encharcou em pouco tempo, pingando água nas minhas costas. Fiquei ensopada em poucos minutos, e isso me proporcionou certa tranquilidade.

Tranquilidade que duraria muito mais se eu estivesse ali sozinha, só com meus pensamentos.

A voz dele chamou meu nome e ecoou no meio da chuva. Não olhei, ainda o odiava muito para isso.

Ele era mais rápido e conseguiu me alcançar, segurando meu pulso e me virando para ele.

- Não me ouviu chamar? – noah me olhou.

- Ouvi.

- E por que não parou?

- Porque eu não quero conversar com ninguém, muito menos com você. – disse, me soltando dele e seguindo meu caminho. Ele andou até ficar ao meu lado, e ficamos em silêncio por algum tempo.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora