capitulo 11- desejos

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Depois de mais alguns minutos de reflexões idiotas, eu fui tomar banho. Dormi cedo aquela noite, afinal, eu tinha que acordar cedo no outro dia.

Eu sonhei naquela noite.

Era um lugar muito colorido e iluminado, além de lindo. Eu podia ouvir um riacho ao longe, e o céu estava completamente azul, quase sem nuvens. Eu estava procurando por alguma coisa, que mesmo sem saber o que era, tinha certeza de que era importante. Já estava começando a ficar desesperada, sempre procurando e não conseguindo encontrar nada, e a única coisa que eu podia perceber era que eu estava me aproximando do riacho. Eu precisei atravessar os arbustos para achar o que eu tanto procurava. Ele estava dentro da água, e mais lindo do que nunca. Sorriu pra mim, e me olhou como se eu fosse a coisa mais linda que ele já tinha visto. Eu sorri em resposta, e me aproximei da margem. Noah estendeu a mão, me convidando para entrar, para ficar ao lado dele. Não pensei duas vezes, lógico. Mas assim que coloquei meus pés na água, alguma coisas puxou para trás, me impedindo de ir ao encontro da pessoa mais incrivelmente maravilhosa desse mundo. Eu estendi as mãos para a pessoa na água, mas ele não conseguiu me pegar a tempo. Eu me afastava cada vez mais dele, me afastava cada vez mais do meu lugar perfeito, estava indo para escuridão, para onde o sol não brilhava. Eu gritava de desespero, não queria ir para as trevas. Juntei forças o suficiente para me virar e ver o que estava me afastando do lugar onde eu queria estar. Era o pepe.

Acordei com o despertador tocando no meu ouvido, e tenho que admitir, um pouco assustada. Deixei pra lá, era só um sonho idiota. Coloquei uma calça jeans, a blusa de uniforme, terminei de me arrumar e fui tomar café da manhã.

- Bom dia filha! - minha mãe estava animada.

- Bom dia mãe! - respondi na reciprocidade. - Cadê o josh?

- Ele já foi, tinha que buscar a hina.

- Nem pra ele me esperar, hein? - reclamei triste.

Minha mãe riu de mim. Fiz uma cara de brava pra ela. Apesar da escola ser perto, eu não queria ir andando. Era segunda, poxa.

- Eu te levo pra escola - ela disse enquanto apertava minhas bochechas e sorria.

Depois de tomar café, subi, escovei os dentes e fui pro carro. Chegamos na escola bem rápido, e eu pulei pra fora do carro depois de dar um beijo na minha mãe e agradecer por ela ter me levado ali.

Entrei na sala e fui pro lugar que a joalin já tinha guardado pra mim.

- Oi amiga, bom dia. - ela sorriu.

- Olá Jô !

- O que aconteceu depois que você e o pepe me deixaram em casa? - ela tinha um tom de malícia na voz.

- Nada demais, ok? - certifiquei.

Eu quase não acreditava que isso tinha acontecido ontem. Parecia tanto tempo, tanta coisa já tinha acontecido.

- Tá bom, tá bom. Eu só perguntei.

Deitei minha cabeça na mesa e esperei o professor chegar. E isso não aconteceu. No lugar do meu professor de química, o diretor da escola entrou na sala. O que será que os idiotas da minha sala tinham feito agora?

- Bom dia pra todos. - o diretor disse.

- Bom dia. - todo mundo respondeu juntos.

- Vocês estão esperando o Professor Jaime agora, certo? Pra um aula de química. Bom, acho que tenho uma boa notícia pra vocês. O ensino médio só terá aula hoje depois do recreio. Até lá, vocês estarão assistindo a uma palestra no pátio.

A sala virou um carnaval. Fiquei até muito impressionada por não ter visto nenhum caderno voando. Mas pra mim, aquilo não era muito um motivo pra comemorar. Quando eu pensava em todo o ensino médio reunido no pátio, eu só pensava em uma pessoa. Uma pessoa que talvez eu não quisesse ver, apesar do aceleramento do meu batimento cardíaco me dizer o contrário. Tratei de acalmar meu coração, ele estava sendo idiota.

Eu e minha melhor amiga saímos da sala e seguimos para o pátio, depois, é claro, de esperar que os alunos entusiasmados fossem para lá. Não sei quanto a joalin mas eu não queria morrer pisoteada.

Quando chegamos lá, o lugar estava lotado. Seguimos para um dos únicos lugares vagos na arquibancada e ficamos lá sentadas esperando que o palestrante ou sei lá quem chegasse. Eu estava tentando manter meus olhos em minhas mãos. Não queria permitir que eles vagassem o local, correndo o risco de encontrar outro par de olhos, que poderiam me fazer prender a respiração por mais tempo do que eu podia.

Tá legal, era completamente retardado esperar que ele estivesse olhando pra mim. E mais retardado ainda era o medo de sentir alguma coisa estranha quando ele olhasse pra mim.

Eu tinha a certeza que seria só desejo. Desejo pelo beijo dele, pelo corpo dele, pelo jeito dele... Desejo de sentir ele perto de mim.

"Chega Sabina!" Pensei com força para mim mesma. "Você está sendo uma completa idiota. Você vai levantar a cabeça e olhar o pátio todo, sem procurar por ninguém, e se, por um acaso, você encontrar alguém, você vai agir como você sempre agiu. Sempre funcionou, não é?"

Respirei fundo quatro vezes, me concentrando nesse movimento.

"É", respondi a minha própria pergunta, imaginando se eu não estava ficando doida.

Eu olhei para ele por um tempo, e logo depois virei o rosto para minha amiga.

- Sobre o que você acha que vai ser a palestra, hein? - perguntei, tentando ignorar o que acabou de acontecer.

- Sei lá amiga, mas deve ser importante, pra fazer a gente perder os três primeiros horários.

- É.

A joalin olhou em volta da quadra e seus olhos pararam em algum lugar na arquibancada de frente para a nossa.

Ela sorriu despreocupadamente e eu me perguntei pra quem ela estava olhando. Será que ela estava afim de alguém e eu não sabia?

- É... Sabi ?

- Oi? - eu ainda tentava manter meus olhos nela, não podia olhar pro lado.

- O noah ta olhando pra cá.

- O quê? - meu coração falhou uma batida.

- É, ele ta olhando bastante pra cá.

- O QUÊ?

- Shh, para de gritar!

Coloquei meus pés em cima da parte da arquibancada onde eu estava sentada e abracei meus joelhos.

Escondi minha cabeça ali, na tentativa de desaparecer naquele momento.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde histórias criam vida. Descubra agora