O resto do dia e da semana passou rápido e sem coisas espetaculares demais, o que era bom depois de três dias tão... Conturbados.
Eu mal conseguia acreditar que a festa na piscina tinha sido no sábado, que eu tinha conhecido o pepe no sábado, que eu tinha... Beijado ele no sábado. Era difícil acreditar ou entender o porquê dessa perseguição que o noah tinha comigo agora, depois de tanto tempo de piadinhas sem graça e de desprezo, silêncio.
Alguma coisa tinha mudado, e eu sabia exatamente o que era: meu corpo. Eu agora estava mais bonita, e mais atraente pra ele também.
O que eu não conseguia captar, era o que tinha acontecido com ele que me fazia desejar o corpo dele quase com a mesma intensidade.
Como no dia em que ele sorriu pra mim na cozinha e eu consegui sentir de volta sem esforço nenhum. Tudo se resumia ao fato de quando ele estava calado, o corpo dele era tudo no que eu podia me concentrar, e isso tornava as coisas BEM melhores.
Durante o resto da semana, nós estávamos praticamente no. Ignorando. Ou melhor, estávamos nos ignorando completamente. Ele não me dirigia a palavra, e eu não olhava para ele; coisas simples até demais, não me fazia nenhuma falta ficar sem conversar com um retardado mental.
As coisas só pareceram começar a mudar na sexta-feira, quando o meu irmão e o próprio noah iam pra eu não sei onde. Eu estava com minha melhor amiga na cozinha, terminando de fazer brigadeiro, ela tinha vindo pra minha casa assim que a aula acabou, estava sendo o dia perfeito.
Bom, mais ou menos seis horas da tarde, a campainha tocou. Fui atender e não demorei muito pra descobrir quem era.
- O meu irmão ta lá em cima. – foi tudo o que eu disse.
Eu estava fazendo o maior esforço pra manter minha expressão normal, quase entediada. Ele estava tão lindo.
Ele, por outro lado, não pareceu sequer tentar fazer o mesmo esforço, para fazer com que as coisas continuassem como estiveram a semana inteira: calmas. O noah me olhava como se estivesse me analisando, e eu automaticamente olhei para mim mesma, o que tinha de errado ali?
Eu tinha usado aquela roupa o dia inteiro: short jeans um pouco folgado, blusa roxa mais justa e agora eu estava descalça, mas qual é, era minha casa. Passei a mão na cabeça, quem sabe meu cabelo estivesse coberto de chocolate?
Não. Ele estava preso em um daqueles coques que a gente faz com o próprio cabelo, e a franja caía perfeitamente na frente, definitivamente sem nenhum chocolate. Como ele ainda me olhava, olhei para baixo de novo. Ok que talvez meu short fosse um pouco curto e que minha blusa deixava aparecer cerca de 3 centímetros da minha barriga, mas do meu ponto de vista, isso não era nada demais. Tudo isso durou menos de cinco segundos, foi quando ele finalmente me olhou nos olhos.
- Ok, eu vou subir então.
Enquanto ele subia, eu voltei pra cozinha, nossos olhares ainda fixos um no outro. Ele me olhava com um pouco de expectativa nos olhos, o meu sorriso preferido ameaçando aparecer no canto dos lábios dele.
Tinha quase certeza de que minha expressão era de desconfiança, porque ele estava me olhando tanto?
A joalin foi embora antes dos meninos saírem para o seu compromisso, ou sei lá o que. Assim que ela foi embora, deitei no sofá para assistir televisão. Eu é que não ia subir pra dar de cara com a pessoa que estaria no meu quarto.
Por que é que minha mãe tinha que trabalhar até mais tarde hoje? Se ela estivesse aqui, eu podia pedir pra ela falar pra eles saírem do meu quarto, onde eu tinha certeza de que eles estariam. Então, já que ela não estava em casa, o que me restava era assistir desenhos, ô decadência. Eles estavam até legais, eram coloridos e, de vez em quando, eu dava umas risadas.
Eu não ouvi nada. Nem um ruído, nem um sinal de presença de alguém, nada mesmo, mas, de repente, ele estava ali. Ainda não tinha dito nada, nem encostado em mim, nem mesmo entrado no meu campo de visão, mas era fácil demais reconhecer a presença dele.
Isso me irritou um pouco. Eu não queria saber tanto assim, ser capaz de senti-lo tanto assim.
Me sentei no sofá, deixando minhas pernas naquela posição pernas de índio que a gente ouve no pré-primário. Ele, sem olhar pra mim, se sentou na poltrona que ficava perto do sofá. Eu o acompanhei com os olhos. Quando ele estava acomodado, levantou o olhar e encontrou os meus olhos, encarando-o.
Ficamos ali por um tempo, e a única coisa que eu podia ouvir era o barulho do chuveiro no segundo andar: meu irmão tomando banho.
Era por isso que o noah estava ali. Na sala, nada se mexia, nada se atrevia a quebrar o nosso silêncio perfeito. Depois de um tempo nesse ambiente, com tudo quieto demais, eu senti meu cabelo se soltar, caindo nas minhas costas. Droga de cabelo liso. Ele levantou uma sobracelha e sorriu, meio zombeteiro. Como se estivéssemos jogando o jogo do silêncio, ou brincando de estatua, e eu tivesse perdido.
Soltei um suspiro pesado e fui para a cozinha, prendendo meu cabelo no mesmo coque no caminho.
Peguei um copo de água, e enquanto bebia, senti alguém tocar meu cabelo, e logo depois senti ele caindo nas minhas costas. Senti também meu coração disparar no peito.
- O que você está fazendo aqui? – consegui perguntar depois de um tempo.
- Esperando seu irmão. – eu podia ouvir o sorriso em sua voz, ele estava gostando daquilo.
- E isso inclui me irritar?
Ele riu. Um riso suave, irônico, estava rindo como alguém que acaba de descobrir a mentira que esteve a sua frente o tempo todo. Coloquei me copo delicadamente na pia, e me virei para frente. Me dirigi à porta da cozinha, prendendo meu cabelo novamente enquanto andava. Quando alcancei a saída, o cabelo já preso, ele decidiu que não ficaria calado.
- Você deve saber que isso é mais bem que te irritar. E sabe que não é só irritação que você sente.
- Você precisa de tratamento. – falei, lê-se: nós dois precisamos.
E por mais estranho que fosse isso, o que eu mais queria era tê-lo perto de mim agora, sentir os lábios dele junto aos meus. Eu queria que ele calasse a boca, parasse de ser o idiota que eu odiava, e me beijasse, para se tornar o idiota que eu desejava mais que qualquer outro menino. Esse desejo foi... Meio fácil de mais de conseguir. Ele queria o meu corpo quase tanto, ou quem sabe ainda mais do que eu queria o dele.
Eu sabia de tudo isso, e sabia que naquele momento, ele iria para onde eu fosse, só pra ter meu corpo junto ao seu.
Andei despreocupadamente até a sala e me sentei na poltrona que ficava de costas para a porta da cozinha. Não demorou muito. Antes que eu pudesse ficar sequer um pouco ansiosa, seus lábios estavam nos meus ouvidos, meus cabelos já soltos de novo.
- Você é muito teimosa. – ele sussurrava devagar, como ele sempre fazia quando queria me deixar louca.
- E você é idiota. Estamos praticamente em pé de igualdade, não acha?
- É, talvez.
Então ele me beijou e eu não consegui resistir, como sempre. Eu apenas fechei meus olhos, e deixei me guiar por ele.
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o melhor amigo do meu irmão-urridalgo
RomanceSabina é uma garota comum, e com a convivência do melhor amigo de seu irmão, que no entanto odeia, cresce um amor onde jamais qualquer um acharia possível. Mas é um dos mais belos amores. Eles descobrirão esse grande amor por um simples jogo de sedu...