Capítulo 5

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Boa leitura!

Saori

- O que? – pergunto no impulso- E você vive aqui?

- Sim- responde incomodada. Ela não é de falar muito, ou só não fala muito com estranhos.

Observei o ambiente precário em que essa jovem vivia e não paro de me perguntar como ele pode deixar a filha nessa situação? Ele é realmente deplorável.

O que eu vou fazer? Não posso deixá-la aqui depois de ver essa situação, eu me culparia pelo rosto da vida.

-Tudo bem, tudo bem... pense Saori- digo baixinho. Eu tenho uma vida financeira boa e uma vida calma, seria uma péssima ideia a levar para casa por essa noite pelo menos?

- Você já comeu? – pergunto chamando sua atenção- Podemos comer alguma coisa, o que acha?

- Olha eu não quero que sinta pena de mim, só quero ficar em paz, já disse que não sei onde ele está.

- Desculpa, mas não posso te deixar aqui depois do que eu vi, você está esperando um bebê, tem que ter pelo menos um espaço confortável e comida – percebo que ela ficou ainda mais constrangida – Eu só quero ajudar, podemos comer alguma coisa e nos conhecermos melhor.

Ela pondera em responder, parece que ela está lutando consigo mesma para achar uma resposta e enquanto isso eu ainda me pergunto como pode um pai fazer isso com a filha.

- Tudo bem- ela diz me analisando por inteiro.

- Certo- olho ao redor e depois a encaro outra vez- Pegue suas malas.

- O que? Não era só uma refeição? – pergunta assustada.

- Vou te levar para minha casa, e como eu disse não se preocupe eu não vou te fazer mal. Nem pense que eu vou deixar uma mulher grávida nessa situação- digo firme.

- Olha...- ela tenta negar.

- Por favor pegue suas coisas e vamos comer algo- digo saindo da casa. Não quero ser rude, mas ela parece ser uma pessoa muito desconfiada e não a culpo por isso, ela já deve ter passado por poucas e boas, isso é só um modo de defesa.

Espero por alguns minutos até que ela aparece com uma pequena mala na mão e trancando a porta em seguida, percebo que ela colocou um grande casaco com capuz, isso me chamou atenção, pois o dia está agradável em questão de temperatura.

- Tudo certo? Podemos ir? – pergunto para mesma.

- Acho que sim- diz envergonhada.

Ótimo, vim ter informações e acabo saindo daqui com uma garota grávida.

Droga de coração mole.

Decidi fazer algo para comermos em casa, o caminho inteiro foi silencioso, coloquei uma música para distrair um pouco e ela pareceu gostar, isso me animou um pouco.

- Resolvi que vou preparar algo para comermos em casa- digo estacionando na garagem.

Ela concorda movendo a cabeça discretamente.

- Pode ficar à vontade, eu moro sozinha... tenho um quarto disponível- digo olhando para o andar de cima e logo olhando para ela novamente- Fique por favor.

- Você não me conhece, por que quer me ajudar? – me questiona.

- Eu não me sentiria bem se deixasse você daquele jeito, e não é só por você é por essa criança também. Você precisa de um lugar confortável.

Ela observa a casa atentamente e direciona o olhar para mim novamente.

- Você é amiga dele, então não é confiável- diz amarga.

- Não é bem assim, eu menti- digo incomodada- Eu vou te mostrar o quarto, fique a vontade tome um banho e podemos esclarecer as coisas no almoço, está bem?

- Está bem.

Mostrei o quarto e banheiro para a mesma, coloquei uma roupa confortável e desci para preparar o almoço.

Aproveitei para ligar para Dimitri dizendo que iria trabalhar em casa uns dias porque precisava de concentração total.

Depois de uns minutos ela adentra a cozinha com a feição menos cansada, isso é bom.

- Está quase pronto, vou colocar a mesa enquanto isso.

- Eu te ajudo- ela diz abaixando a guarda.

Colocamos a mesa e não demorei para servir a comida, o começo do almoço foi silencioso, assim como no caminho para casa, mas percebi que ela comia com gosto.

- Qual seu nome? – tento puxar assunto.

- Emma. Se não é amiga do Yure então o que queria com ele? - pergunta sem rodeios.

- Eu sou jornalista, preciso de informações sobre um antigo escândalo em que ele estava envolvido.

- Isso explica- diz simpática- Quantos anos você tem?

- 25 anos e você?

- 22 – diz simplória.

Aceno dando um sorriso amigável.

Continuamos nossa refeição até que ela volta falar.

- Obrigado por isso – diz sincera.

- Não precisa agradecer.

- Você é uma pessoa boa, acho que eu tenho que ser sincera com você, já que... vou ficar aqui por uns dias- diz abaixando a cabeça- Yure é uma pessoal ruim e trabalha com pessoas ruins, então se for continuar com isso, tome cuidado. Quanto a mim... eu tentei fugir disso tudo, mas não consegui e acabei engravidando de um amigo próximo ao meu pai, só estou tentando seguir a minha vida. 

Ficamos caladas por alguns segundos até eu processar as informações.

- Não quero te envolver nisso e entendo se não quiser mais me deixar ficar aqui.

- Se você está tentando seguir sua vida sozinha quer dizer que o pai do seu filho fez merda? Estou certa? – pergunto um tanto curiosa.

- Sim- suspira cansada.

- Se eu estivesse no seu lugar eu também gostaria de receber ajuda. Então eu vou te ajudar – digo decidida.

- Eu realmente não sei o que te dizer além de te agradecer por tudo isso- diz chorosa.

- A primeira coisa que você tem que saber é que eu não posso ver as pessoas chorando, se não eu choro também- digo e vejo um sorriso divertido invadir seu rosto.

- Eu te ajudo com a louça.

- Não, pode deixar, vai descansar eu cuido disso.

Suspiro enquanto ela sobe para o quarto e eu tento pensar em tudo que foi dito aqui. Não posso deixá-la sozinha, eu me culparia por isso.

Ela precisa de mim agora.

Céus, o que eu vou fazer?

❣️❣️

Capítulo de hoje!

Até mais 💛

Russel Rurik - Chefes da máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora