Atenção! Violência (Possível gatilho)
Boa leitura!
Lara
Minha cabeça dói como nunca, penso em abrir meus olhos, mas não consigo no momento, ainda estou tentando lembrar o que houve aqui, está tudo confuso e meu corpo todo está dolorido.
Vou me mexendo aos poucos até conseguir abrir minimamente os olhos, o silêncio preenche o ambiente e eu não sei se isso é um alívio ou me assombra. Engulo em seco e me viro para encarar o teto, acabo soltando um gemido de dor assim que minhas costas encontram o chão, viro o rosto para observar ao redor e ter certeza de que não tem mais ninguém aqui, os fleches do que aconteceu vão surgindo, os desgraçados arrastando a Saori, o brutamonte batendo minha cabeça contra a parede...
Suspiro e passo minhas mãos contra o rosto, de repente o frio se instala em meu corpo, me abraço na intenção de me esquentar e ai eu percebo que estou nua, meus olhos se arregalam e minha respiração some.
As lágrimas de medo começam a escorrer pelo meu rosto, eu precisava olhar para meu corpo, mais eu não conseguia nem me mexer, eu não tinha coragem de olhar, minha respiração estava desregulada eu só queria... apagar outra vez.
Alguns borrões passam como fleches na minha mente, eu me lembro de risadas, lembro do peso em cima do meu corpo, dos apertões, do toque que parecia queimar sob a minha pele e a dor que eu senti...
A ardência entre minhas pernas me faz fraquejar várias vezes, me sinto a pessoa mais suja e quebrada desse mundo, mas a minha amiga e o bebê que ela carrega precisam de mim, eu preciso ser forte.
Mesmo que agora eu queira morrer.
Olho ao redor de quarto e me lembro que eu não havia desmaiado aqui, então isso significa que me trouxeram, seguro na ponta da cama e tento me levantar outra vez. Assim que me mantenho de pé me apoio na cômoda ao meu lado, minhas pernas vacilam, meu corpo dói, eu me sinto fraca, me sinto quebrada.
Respiro fundo e encaro o lugar q eu estava deitada, o carpete estava manchado de sangue, que com certeza é meu, caminho devagar até o grande espelho que tinha no quarto, paro em frente, mas ainda não consigo olhar para mim, ás lágrimas não cessam um minuto se quer, minha única vontade é de deitar outra vez e voltar a dormir.
A imagem de Saori sendo arrastada e gritando meu nome passa pela minha mente outra vez e pensando nisso eu encaro minha imagem no espelho.
E sim, tudo de ruim que eu suspeitava ter acontecido comigo, aconteceu, foi real, eu nunca pensei que fosse passar por isso e cá estou eu querendo desesperadamente sumir.
Começo analisando meu rosto, eu estava pálida e sem vida, minha boca está machucada, o lado direito da minha face está com um mancha roxa, havia um corte na minha testa, na minha bochecha e na minha cabeça, fui descendo meu olhar para meu pescoço que está com uma marca nítida de mãos, logo depois observei o hematoma enorme que tinha na minha costela e quadril, fechei os olhos tentando segurar algumas lágrimas e respirei fundo, voltei a me analisar, mesmo sabendo que isso está me machucando mais ainda.
Abaixo o olhar e vejo sangue seco entre as minhas pernas e isso foi o auge para mim, caio de joelhos no chão, tentando controlar minha respiração, parecia que o ar me faltava, parecia que estavam me enforcando outra vez, mas eu sei que isso é uma crise de pânico.
-Não – sussurro aos prantos- Não pode ser.
Me olho no espelho outra vez e tudo que eu vejo é uma mulher que não se reconhece mais.
- Não.
Passo minhas mãos pelo cabelo enquanto observo meu corpo.
- NÃO! – grito em desespero socando o espelho, a dor que sinto nos meus punhos agora, não são nada comparado a dor de ser violada- NÃO PODE SER!
- NÃO! NÃO! NÃO! - Esmurro o espelho com toda minha força até ele se despedaçar em minha frente, minhas mãos sangravam, meu corpo doí, minha mente está confusa.
Eu não sei para quem eu vou pedir ajuda, eu não sei em quem confiar mais.
Eu estou sozinha e perdida.
Olho ao redor ainda confusa em pensamentos, meu estômago se revira só de pensar no que ouve aqui, eu preciso sair dessa casa. Avisto uma camisola jogada no canto da quarto, suspiro e caminho até ela ignorando a dor latente no corpo, coloco a mesma e pego um casado qualquer.
Saori precisa de mim.
Esse é único pensamento que me fez levantar daquele chão.
Saio do cômodo e desço as escadas indo em direção a porta de entrada.
Eu preciso de um taxi, isso- penso.
As únicas pessoas que eu tenho para pedir ajuda agora é Russel e Luka e se eles não me ajudarem eu não sei mais o que eu vou fazer. Olho para rua escura e engulo em seco, não havia uma alma penada, ainda está de madrugada e o frio dessa cidade está de matar.
Caminho alguns minutos, mesmo com uma dificuldade absurda, até uma rua mais movimentada e procuro por um taxi disponível, não demora muito até eu achar um. O homem me olhou de cima me baixo, ele percebeu que eu não estou nada bem, mas não fez nenhuma pergunta, apenas seguiu para o endereço que eu passei.
Saori precisa de mim.
Saori precisa de mim.
Saori precisa de mim.
Repito essa mesma frase várias e várias vezes, para me lembrar que eu preciso ser forte por ela.
- Chegamos – diz me tirando dos devaneios.
Um dos seguranças se aproxima do taxi.
- O que faz aqui? – pergunta de uma vez.
- Vim trazer a moça- o motorista apontou para o banco de trás onde eu estava.
Saio do carro mesmo estando fraca e peço para o motorista esperar por alguns minutos.
- Preciso falar com Luka- minha voz está falha, minha cabeça gira.
- Senhorita agora não é hora.
- Eu preciso falar com ele, agora! – grito me apoiando no carro atrás de mim.
O segurança me analisa e fala alguma coisa no telefone, não demora para ele se aproximar e pagar o taxista que logo vai embora.
- Ele está vindo, precisa de ajuda? – diz se aproximando para pegar meu braço, mas eu me esquivo rapidamente.
- Não toque em mim – digo apavorada, meu corpo volta a tremer e minha visão fica turva de uma hora para outra.
- Moça? Sua boca está roxa, a senhorita está bem? – pergunta e nesse momento minhas pernas vacilam, o frio toma conta do meu corpo e eu não consigo mais ficar com os olhos abertos.
- Lara! – reconheço a voz de Luka, mas tudo fica preto e a última coisa que eu sinto é alguém segurando firme minha cintura.
❣❣
Confesso que foi difícil escrever esse capítulo sem chorar.
Até mais 💔
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Russel Rurik - Chefes da máfia
RomantizmRussel Rurik, um dos chefes da máfia russa, foi criado para governar um império sem remorso ou compaixão. Temido e respeitado por todos ao seu redor, ele sempre mantém o controle de tudo. No entanto, quando uma jornalista curiosa demais entra em seu...