Capítulo 29

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          Vítor Hugo parte 3

      Sentado à mesa da praça de alimentação do shopping, girei o canudo do copo de suco e sorvi um gole enquanto tentava processar tudo o que havia acontecido há pouco.

      Cara, eu havia mesmo mandado o Beto Corrêa à merda?

      Não sei de onde tirei coragem pra dar aquele murro nele. Talvez eu tivesse sido imprudente, e de repente, pensar com calma tivesse sido melhor antes de um ato tão extremo. Mas estava feito.

      O relógio do meu celular marcava 13h30. Faltava meia hora para começarmos as marcações de palco.  

      Um delicioso perfume de flores entrou nas minhas narinas, e eu reconheceria essa fragrância em qualquer lugar. Era da única pessoa capaz de me fazer sorrir.

      Ela passou ao meu lado e se sentou na mesma mesa que eu, com uma bandeja com um prato de arroz e filé de peixe, e um copo de suco de laranja. Obviamente, sem açúcar.

      — Oi — ela sorriu.

      — Oi — meus lábios delinearam um meio sorriso.

      — Tá tudo bem?

      Segurei uma das mãos dela, dando de ombros.

      — Não sei — respondi.

      Danielle mexeu a cabeça sutilmente, me olhando tão diretamente nos olhos como se procurasse algum segredo inconfesso dentro de mim.

      — Mas por telefone você disse que estava bem — ela lembrou.

      — Eu disse — admiti.

      A garota levou o garfo com um pedaço de peixe à boca, me fixando com seus olhos azuis e doces.

       — Eu fui ao hotel onde o Beto está — deixei de lado os subterfúgios.

      Danny semiabriu os lábios, seu rosto ganhando uma tonalidade pálida.

      — Terminei tudo com ele — me apressei em dizer antes que ela pensasse que fui dar pra ele. 

      O relaxamento súbito no semblante da garota me tranquilizou. Ela me deu o mais adorável dos sorrisos, me fazendo sentir bem.

      —  Tô orgulhosa de você, Vítor. Sério. Você precisava fazer isso — senti o calor da mão dela se espalhar pelo meu corpo ao ter minha mão segurada.

      — Mas ainda não é o bastante — ela emendou.

      — Não? — balbuciei.

      — Parar de se encontrar com o Beto não muda o fato de que ele cometeu um crime. Você tem que denunciá-lo.

       — Denunciar o Beto?
      
      A loura suspirou, abrindo e fechando os olhos, mostrando nitidamente impaciência e incredulidade, e também companheirismo.

      — É o que falta ser feito — respondeu.

      Balancei a cabeça negando.

      — Você acha que é tão fácil assim, Danny? — minha voz saiu irritada.

      — Não sei porque parece tão difícil pra você. Um cara cometeu abuso sexual contra você, Vítor Hugo. Ele tem que pagar.

      — Eu não posso.

      — Por quê? Por acaso você tem medo?

      Não consegui responder à pergunta dela e abaixei a cabeça, vexado.

      — Tudo bem — ela levou a mão ao cabelo louro, pondo uma mecha atrás da orelha. — Não é problema meu, não é? Eu não tenho o direito de te obrigar a fazer uma coisa que não quer.

      Quando abri a boca pra falar, meu corpo gelou ao ver Beto Corrêa se aproximando da nossa mesa. Por que logo agora?

      — Que bosta! — murmurei.

      Ele nos olhou com um sorrisinho provocante. Usava óculos de sol e estabeleceu um contato visual com a Danny, que empalideceu por se sentir intimidada por um homem de semblante duro e porte agressivo. Mas a garota não desviou o olhar, desafiando-o visualmente.

      — Vítor Hugo — o Beto começou, tirando o Rayban, encarando a Danny. — Agora entendo porque você está jogando sua carreira fora. Sua namorada é muito linda.

      Arregalei os olhos, impactado. O filho da puta estava se insinuando para a Danny na minha frente? Ele era mais doente do que eu imaginava.

      — O que você quer? — perguntei com toda petulância, sem medir as consequências das minhas palavras.

DanielleWhere stories live. Discover now