A chegada

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Resolver de uma hora para outra ir morar em uma república era algo típico da Ino, afinal, a loira podia ser responsável na faculdade, mas na vida, a impulsividade dela às vezes falava mais alto. Eu não tinha concordado de primeira, tentei argumentar sobre os prós e contras, claro que eu tentei colocar mais contras, pois apesar de ficar sobre a vigilância assídua de meus pais através dos empregados da casa, eu gostava de ter um lugar só nosso. Contudo, quando aqueles olhos azuis brilhavam, não conseguia negar nada à minha melhor amiga, que era um tanto persuasiva. Então lá estávamos nós, como em todos os momentos de mudanças em nossas vidas, indo juntas para uma república onde não conhecíamos ninguém.

A gente procurava a casa, que ficava em um bairro próximo da universidade de Kagoshima, onde estudávamos, onde na verdade todos que moravam naquela cidade estudavam. Quando começamos a nos aproximar, onde o GPS apontava o destino, consegui ver três pessoas na frente de uma casa, só podia ser ali. Encostei o carro na garagem e os vi cochichar entre eles e já podia até adivinhar:

"Garota rica quer passar um tempo em uma república pra ver como é ficar com os pobres."

Talvez eu tivesse um carro caro demais para alguém que iria morar em uma república, eu sei, Ino praticamente me obrigou. Tudo bem, ela não me obrigou, mas foi convincente o suficiente para me fazer aceitar. Quando a loira com o cabelo até a cintura, esbanjando beleza com os olhos azuis da cor do mar, usando um top e uma saia, curtos o bastante para deixarem suas curvas sinuosas à vista, saiu do carro fez com que os dois homens próximos a varanda da casa ficassem vidrados nela.

Eu tive que revirar os olhos.

Saí do carro com meu óculos escuros no rosto e me apoiei na lataria do carro.

— Boa tarde, colegas de república! — Yamanaka sorriu largo para eles, que cumprimentaram também sorrindo, vindo em direção ao carro, a garota loira de cabelos curtos preferiu apenas acenar e esperar na varanda.

— Sejam bem-vindas. — O moreno de cabelos compridos se aproximou e foi abraçado pela minha melhor amiga maluca, o deixando visivelmente desconfortável.

Espremi os olhos; céus.

— Ino, por favor, controle-se, vão nos expulsar antes mesmo de nossas malas passarem pela porta — falei ao fechar a porta do carro, o óculos pousava na ponta de meu nariz arrebitado, meu cabelo rosa estava preso em um rabo de cavalo alto, eu usava um short jeans, uma blusa regata qualquer e um tênis; sempre gostei de andar de forma despojada. Fui até o porta malas e o abri, começando a retirar as bagagens.

— Itachi Uchiha, prazer. — Olha só, o dono da casa é o moreno de cabelos compridos.

— Sakura Haruno, satisfação em conhecê-lo. — Tive que sufocar o comentário: você é gostoso para um senhor caralho, que quase pulou da minha língua, no cantinho da minha mente.

— Quer ajuda? — Itachi se ofereceu, e eu sorri aceitando.

— Vem ajudar, Shikamaru! — Ele o intimou com os olhos negros direcionados ao amigo, dava para perceber, pela expressão em seu rosto, que Shikamaru era um tanto quanto preguiçoso, já que ele arrastou seu corpo até a calçada pegando duas das menores malas e partiu para dentro da casa.

— Sakura. — Sorri quando cheguei na varanda em frente a mulher, que ainda analisava nossos movimentos com um cigarro pendurado na boca.

— Temari, prazer. — Soltou a fumaça no ar e eu sorri mais uma vez antes de continuar andando para dentro da casa junto aos outros.

Temari subiu com a gente para o segundo andar para nos mostrar os quartos disponíveis e quando ela mostrou que dois quartos se interligavam por um banheiro, ficamos extremamente satisfeitas e animadas. Depois que colocamos as malas em nossos quartos, descemos e Itachi ofereceu um tour pela residência, mostrando todos os lugares comuns: sala de estar, sala de estudos, banheiro social, cozinha e, finalmente, ao final da casa, um quintal enorme.

A casa era a medida certa para seis pessoas, no primeiro andar tinha quatro quartos, o do fim do corredor já era ocupado pela Temari, o Shikamaru e o Itachi, ficavam no andar de baixo. A cozinha foi o que mais chamou a minha atenção, eu adorava cozinhar, a ilha espaçosa bem no centro do ambiente, e próximo da janela que dava para o quintal tinha uma mesa para doze pessoas. E o que mais chamou a atenção da Ino foi o quintal, óbvio, já que o Uchiha disse que era ali que faziam as famosas festas da Folha.

— O que vocês fazem na UK? — Temari perguntou quando todos nós já estávamos espalhados pelos sofás da sala.

— Eu faço medicina — respondi meio sem graça. Eu estava um pouco desconfortável, estava tendo um certo conflito interno se aceitar ir morar em uma república tinha sido a melhor escolha. Nunca tive problemas com as pessoas, pelo contrário, as pessoas sempre tinham problemas comigo, e ali naquela cidade, com tantas pessoas novas, eu ficava um pouco amedrontada. Confesso que morar com pessoas que nunca vi na vida estava totalmente fora da minha zona de conforto.

— Eu faço Biotecnologia. — Foi a vez da Ino se pronunciar. — E vocês?

— Perícia criminal. — Itachi respondeu sorrindo.

— Eu e o mal educado aqui fazemos relações públicas. — Temari deu um tapa na cabeça do Shikamaru, que estava totalmente indiferente à conversa.

— Ai — reclamou. — Precisava disso? — Massageou onde recebeu o tapa.

— Mostre alguma hospitalidade às garotas, deixe elas te odiarem com o passar dos meses, Nara. — Os olhos verdes dela rolaram enquanto ela bufava.

— Ignorem esses dois. Gostaram da casa? — Uchiha perguntou, animado.

— Sim, ela é enorme e muito bonita — respondi simplista.

— Eu morava aqui com meus pais e meu irmão, mas como eles se mudaram para Tóquio, eu resolvi transformar em uma república. Tem muitos quartos aqui para eu morar sozinho. — Ele sorriu divertido, e que sorriso.

— Falando nisso, vi que tem mais um quarto lá em cima, falta alguém chegar? — perguntou a Yamanaka, interessada.

— Ah, sim, meu amigo de infância vai vir morar aqui também. Ele deve chegar mais tarde. — Itachi falou de forma leve, e eu e a loira maluca acenamos, entendendo.

— É melhor irmos arrumar nossas coisas, Ino — falei olhando para ela, que concordou se levantando. Subimos a escada e a vagabunda que habita na minha melhor amiga não esperou nem cruzarmos a porta do quarto.

— Que homem! — Ela sussurrou.

— Oi? — perguntei, mais por esperar a conclusão do seu comentário, já que eu tinha entendido bem o que ela tinha falado, só não sabia de qual dos dois ela falava, mas já fazia ideia.

— O Itachi, ele é um gostoso.

— Faz nem 24 horas, Ka...

— E daí? Vai dizer que não percebeu? — Comecei a rir descrente, ela não muda nunca.

— Ok, não vou ser hipócrita, mas não vim atrás de macho.

Apenas revirei os olhos e fui arrumar as malas, não entraria nessa discussão mais uma vez.




Notas:

Capítulo alterado dia 01/03/2022

História sendo betada pela annefinsland

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