|Cap. 43|

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Andamos, Alia e eu, pelo corredor quase interminável da exótica e surpreendentemente aconchegante casa de Bjornan. A ansiedade me come viva, toma meu corpo em agonia. Um destino nos espera, algumas palavras que podem mudar o mundo ou algum silêncio que pode devastar relações e sentimentos. Espero que não me escondam nada, rogo aos céus que não invalidem minha capacidade apenas por meu sexo. Preciso ajudar, preciso enfrentar o mundo em nome daqueles que carregam o meu sangue e, ainda mais agora, daqueles que quero tanto escolher como família. 

-- Chegamos, senhorita! -- Alia apenas diz algum tempo depois, sua voz um sussurro gentil e medroso, seus passos abruptamente parados ao pé da enorme porta escura e lacrada. Seus olhos são curiosos, mas a turbulência do medo agita em sua força brilhante. Sinto como se ela quisesse chorar, a tensão tomando seu corpo e o meu. Desejo ardentemente que ela segure essa vontade tão amarrada em seus olhos, em seu corpo curvado pela espera e pelo silêncio que agora reina. Nossa respiração parece forte, audível na espera tão rente ao mundo que essa enorme porta esconde. Também desejo chorar, cair no chão e me deixar ir pela amargura, pelo medo, pelo pavor, por tantas ânsias contrárias que me arrebatam cada grama de ser. 

-- Muito bem, Alia. Obrigada pela companhia até aqui! -- apenas respondo automaticamente, sabendo que não poderei força-la como um escudo humano nesta batalha que deve ser tão logo travada.

-- Precisando de algo, senhorita, por favor, não tenha receio em chamar. -- sua fala educada é abafada pela rapidez de seus passos ao se apressar fora dali, me deixando sozinha para encarar o estrangeiro que só a verdade pode trazer. Então, com toda coragem reunida, ergo meu braço direito e com a mão em punho forço meu destino sobre a dura e impenetrável porta. 

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