Corremos contra o vento, a força motora de nossos corpos queimando energia em cada pisada firme e desesperada sobre a grama verde e pacífica que se estende sob nossos pés.
Adentro a casa com a velocidade de um tigre, de minha garganta se desprende apenas gritos pesados por ajuda.
-- Socorr!... Socorro! -- grito, meu corpo sempre em frente, meus pés que não deixam de tocar o chão em busca de alguém que os pare. -- Socorro!... Precisamos de ajuda! -- grito mais uma vez, pouco antes de ser surpreendida por um corpo forte que sustenta o choque de minha parada abrupta. Seus braços fortes me rodeiam, seu abraço parece querer acalmar a angustia e a agonia que minha voz levanta.
-- O que acontece, Helena? -- a voz de Bjornan surge sobre minha cabeça. Seus olhos preocupados me fitam enquanto busco desesperada por ar. -- Se acalme! Respire! -- ele diz, sua voz uma melodia suave, um tom baixo que parece já tão cansadamente acostumado com gritos desesperados ressoando pela casa.
-- Guez... Mullan! Ajuda! -- tento dizer, forço as palavras entre um fôlego inexistente.
-- Respire um pouco mais e se explique melhor -- ele diz, seu olhar uma mistura de preocupação e pânico, seus braços me apertando um pouco mais em um aconchegante espaço. -- Mirha, o que acontece, sabe dizer? -- ele acrescenta para sua irmã.
-- Não, irmão. Ela apenas me chamou aos gritos e disse que precisamos de ajuda.
-- Rá-pido! -- tento ainda mais desesperada, a ausência de fôlego e o pânico não me permitindo comunicar um pedido de vida ou morte. -- Eles... estão em perigo! Um homem tentou... um homem fez Mullan de refém. Rápido!... -- termino minha sentença, meu corpo se amolecendo pela vontade de cair ao chão e chorar. Estou em pânico!
-- Deus!... -- a voz de Bjornan surge, seu corpo se enrijecendo enquanto me mantém em pé num abraço apertado. -- Alia! -- ele chama uma das empregadas que surge apressada no ambiente, seus rosto preocupado com a comoção que foi a minha entrada minutos antes. -- Por favor, peça para Bughie reunir alguns homens. Precisamos de reforços. Alguém invadiu a propriedade e quer machucar Mullan. --- sua voz é forte, seu comando é urgente e indiscutível. -- Agora, Helena, se acalme e me ajude. Preciso que me responda algumas coisas. -- ele acrescenta ao voltar seu rosto em meu encontro, sua voz calma e firme, suas mãos que não deixam de tocar meus braços em conforto. -- Este homem está armado? Vu se há mais alguém ou algo de suspeito enquanto corria para a casa?
-- Ele estava com uma faca encostada no pescoço de Mullan. Foi tão rápido...
-- Se concentre, Helena
-- Guez conseguiu chegar muito rápido também, mas parece só estar armado com uma pequena faca. Não consegui ver mais ninguém ou qualquer coisa suspeita, não conseguiria ver mesmo que quisesse. Estava correndo com meus pulmões, cega de desespero e medo.
-- Tudo bem! Você fez um excelente trabalho, não se preocupe mais. Mas agora quero que descanse aqui com Mirha, meus homens e eu vamos atrás deste maldito. -- ele continua calmo, os dedos de uma de suas mãos escovando suavemente meus cabelos.
-- Senhor! -- Bughie chama próximo, sua aparência é a de um homem que se apressou a estar de prontidão em tão poucos segundos. -- Eu e mais 4 homens estamos esperando suas ordens.
-- Helena, onde estão Guez e Mullan? -- Bjornan pergunta.
-- Estão no nosso círculo mágico, irmão. Lembra? -- a voz de Mirha responde abafada, sua mente parecendo que se dá conta a cada instante dos reais acontecimentos, seu rosto adquirindo a palidez dos mortos enquanto algo de suas memórias vai surgindo para lhe deixar amedrontada.
-- Irmã! Por favor, não podemos ter isso agora. Vê, precisamos salvar seus amigos. Você precisa ser forte. -- Bjornan diz, seu corpo ágil se separando abruptamente do meu enquanto se guia para o de sua amada irmã. O corpo frágil e magro de Mirha quase se desfazendo sobre os próprios pés, a brancura do medo tomando seus lábios trêmulos. -- Preciso que você esteja bem, Mirha!... -- ele diz ao soltá-la, seus olhos a fitando cansados, medrosos e tristes. -- Está tudo bem? Posso contar com você?
-- Sim!... -- ela responde fraca.
-- Muito bem, irei confiar em suas palavras. Helena, fique aqui com Mirha e... -- suas ordens são interrompidas pelo ruído que escutamos. O barulho é abafado, mas inconfundível. O som seco de dois disparos toma o recinto que se silencia. O ar pesado invade a enorme sala, as suspeitas, o medo e a vertigem parece tomar a todos os corpos. Corremos enlouquecidos para a saída, desesperados na tentativa de entender o que acontece, de aliviar nossas mentes e corações dos perigos que caíram sobre Mullan e Guez.
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Desejo Viking
RomanceAlguém sabe quando o amor surge? Alguém sabe quando deixamos de temer perder a liberdade para ficar ao lado do outro? O amor seria mesmo essa faca de dois gumes, que de um lado te dá alegrias nunca antes vividas e do outro te toma alegrias nunca mai...