|Cap. 8|

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Abro meus olhos, o escuro domina todo o ambiente. Procuro, a medida que minha visão se acostuma com a escuridão do quarto, a janela espaçosa e a lua que não aparece. Sei que a janela está aí, nítida e aberta, mas a lua parece ter se esquecido de me agraciar com um pouco de sua refletida luz pela madrugada que se segue. A lareira não está mais acessa, seu fogo uma vez tão crepitante, se calou por falta de madeira que usa como combustível. Ainda permaneço deitada, presa na teia da paralisia e do torpor que o pânico confere. Posso escutar algo se movendo pelo quarto.

Meus olhos injetados tentam bruscamente se acostumar com um mundo escuro, sinto o calor que queima meu corpo e o suor frio que orvalha meu peito. O barulho de movimentos não cessa, e o algo que vagueia tais aposentos nem parece ter a devida vontade de se manter no anonimato.

–– Quem está ai? –– sussurro corajosa para o amplo quarto, minha voz em eco demonstra com clareza todo meu pavor.––  Exijo saber quem ousa entrar em meus aposentos.––continuo agora em falso arrebatamento de força e atrevimento. A altivez como último esforço para me manter longe de ser refém do meu próprio e desconhecido medo. Medo provocado por palavras enredadas em lábios maldosos, insanos e amargos alguns momentos antes.

 –– Seus aposentos, senhorita? –– a zombeteira voz me toma em profundo alívio, e um riso calmo e seguro alcança meus lábios. –– Não sabia que havia se tornado a senhora da casa, minha doce Princesa. Se soubesse de tal honra, principalmente quando se trata de meu próprio casamento, teria voltado para esta casa muito antes. –– ele diz se aproximando da lareira em passos ainda mais fortes e, com agilidade e destreza, impondo vida à madeira nova.

–– Peço desculpas, senhor! Não estamos casados e esses aposentos não são meus. Mas se cabe como desculpa, tive bons motivos para abandonar meu antigo recinto. –– minha boca trabalha árdua pela madrugada que já não me assusta e pelo homem que em poucos segundos consegue me forçar a provocá-lo no mais doce tormento, me deixando abandonar os medos insólitos de segundos antes.

–– Bughie me informou rapidamente sobre o ocorrido, e creio que devo as mais sinceras desculpas. –– ele diz se voltando para mim e abrindo caminho até a enorme cama em que estou. –– Era meu dever te deixar informada sobre minha irmã, principalmente se isso poderia lhe trazer algumas desagradáveis consequências. Mas acredite, Mirha não o faz por mal.

–– Eu sei, mas não posso ajudá-la assim. Creio, senhor, não ser indicada para o que realmente me pede.

–– Peço apenas que estenda sua mão para um jovem dama que sofreu desventuras que trazem tormento ao seu suave coração. Minha pequena irmã não era assim, Princesa. Minha pequena Mirha era doce e alegre, seus olhos demonstravam compaixão pelos mais fracos e suas mãos buscavam cuidar dos necessitados. Mas alguns terríveis acontecimentos marcaram seu suave destino, transformaram uma encantadora mulher no mais assustado, e por vezes louco, dos seres. –– ele diz em sua voz suave e seu tom potente, me encarando profundamente enquanto as chamas da lareira aumentam e tomam gulosas a madeira posta.

–– E como quer que lhe ajude, senhor? –– pergunto um tanto enfeitiçada por seu cabelo longo e seu corpo forte. Meus olhos varrem a imensidão do seu ser, dos braços grandes e definidos pelo trabalho, das coxas grassas e a cintura fina, lhe concedendo a mais pura imagem de Thor. Lhe concedendo a imagem de um poderoso e luxuriante deus nórdico.

––Me ajudaria muito se não me olhasse assim, com tanto desejo. –– ele inicia enquanto se senta na beirada da cama e, com maior intensidade, me toma com seus olhos. –– E salvaria minha alma se aceitasse ajudar Mirha. –– termina antes de se abaixar  para retirar suas botas.

–– Não tenho ideia de como posso ajudá-la, senhor. Eu... apenas não sei como fazer! –– tento algo  coerente enquanto o vejo retirar por sobre a cabeça a camisa. –– O que faz? –– pergunto entre a incredulidade e o forte desejo que me toma em continuar admirando seu belo físico em tal situação.

–– Apenas me preparando para dormir. Porque pergunta?

–– Talvez por estar ocupando este quarto no momento, senhor. Pode não ser para você e seus costumes vikings, mas uma dama não deve ter um homem em seu quarto em plena madrugada, principalmente se a delicada jovem for solteira. –– solto com ironia.

–– Delicada jovem? -- ele ri -- Helena, por favor, somos adultos e mais que experimentados sobre a vida. Você  não é uma mulher inocente, assim como não sou um homem que foge de meus desejos. –– ele diz antes de içar seu corpo pela cama e se impor sobre o meu. –– Precisamos falar sobre minha irmã, mas precisamos também dar fim a esse desejo que vejo corromper em seus olhos, e que sinto queimar meu lábios em vontade de tomar sua boca. –– ele termina antes de tocar seus lábios nos meus.

Suas palavras galantes e bem colocadas dão  um toque dandesco ao cru de toda sensualidade que domina o ar que respiramos. Suas palavras bem colocadas quase dissipam seu real significado, mas seus lábios doces e sua língua quente me entregam a delícia da experiência. Retribuo com vontade ao todo que ele me entrega, deixo os pensamentos importantes para depois e agarro com força a luxuria que nos consome. Lhe ofereço os lábios em um profundo beijo, o corpo para uma ardente união.


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