O prazer de entrar em casa, numa casa que já tomo como minha, é gratificante e relaxante diante do dia tumultuado que se iniciou. A sala bem iluminada pela luz do sol que agora não mais fere nossas peles, os confortáveis sofás e delicados trançados de tapetes que deixam aqui como o mais aconchegante dos lares me faz desejar que o sentimento dure e perdure pela eternidade, que as sequelas negativas dos acontecimentos de hoje nunca cheguem para essas famílias que se uniram pela desgraça e pela determinação em lutar e vencer.
-- Helena, por favor, chame um dos empregados e peça para prepare um quarto para sua nova moradora. -- Bjornan diz pouco depois de entrar na sala espaçosa. Seus olhos varrendo tudo com a mesma saudade e felicidade que eu fazia em momentos antes. O sentimento de estar novamente seguro tomando possivelmente seu coração.
-- Não há necessidade de outro quarto, Bjornan. Mullan ficará comigo! -- a voz de Gaspar se faz ouvir, seu chamado fraco e decidido. É um comunicado ao senhor da casa, não um pedido.
-- Gaspar, não acha seu pedido um pouco exagerado?! Indelicado de sua parte querer que a jovem Mullan durma no mesmo quarto que você?!
-- Não vejo como seria indelicado, Helena. Mesmo querendo fornecer uma excelente estadia aqui, ainda preciso vigia-la. -- Guez iniciar direto -- Mas se faz este questionamento com medo de que eu possa vir a molesta-la, por favor, saiba que nunca faria isso. Mullan compartilha comigo a mesma alma que Mirha, e por elas eu dou a minha própria vida.
-- Não foi isso... que eu quis... bem... - o embaraço me toma, os segundos de desconfiança agora me envergonham.
-- Se não há nada a dizer, irei subir para os aposentos. -- Guez afirma pouco antes de se encaminhar para as escadas acompanhado pela jovem e silenciosa Mullan. Seu rosto firme, suas passadas silenciosas e seu corpo ereto mostram seu afrontamento diante do que ousei pensar.
-- Creio que farei o mesmo que eles, irmão. Irei tomar um longo banho agora, mas venha depois ao meu quarto para que possamos conversar melhor. Não sei se hoje te darei muitas respostas, mas espero confortar nossos corações. Não sei se estou apenas nos contando uma boa mentira, mas espero que ela dure um pouco mais. -- Mirha diz e logo se encaminha, bem como Guez e Mullan, para seus aposentos.
-- Acho que ficamos só nós dois aqui, senhorita Korcwovski. -- Bjornan inicia ao se aproximar lentamente, suas palavras me surpreendendo não muito tempo depois de estarmos sozinhos na enorme sala -- Esses jovens de hoje não parecem ter mais o devido respeito com os mais velhos, sempre estão fazendo o que bem entendem...
-- Estão cansados, senhor. O dia foi longo e tirou o fôlego de muitos. -- acrescento ao ver o corpo grande e firme que segue ininterrupto para cada vez mais perto. Seus braços se apertam sobre os meus, seu rosto que se aproxima num sorriso sensual e ousadamente desavergonhado.
-- Não posso reclamar, senhorita. Eu gosto quando ficamos sozinhos. E agora, se me permite, irei lhe beijar em agradecimento e oportunidade. -- acrescenta antes de roçar seus lábios aos meus e, sem esperar qualquer resposta, iniciar um contato mais íntimo.
Seus lábios, sua língua, seu calor me deixam fraca e necessitada. Meu corpo se desmancha ao sentir suas fortes mão que o amparam, que o apertam, se moldam e me forçam a ficar ainda mais perto, sentir ainda mais a toda curvatura de seu próprio corpo. Seu beijo é apaixonado, sua boca segue firme em demanda, sua língua me esquenta e me enlouquece. A respiração nos falta, o desejo de retirar nossas roupas, nos deitar no chão frio e nos amar loucamente afunda minha mente já nublada pelas sensações desse simples contato. Sua força me comanda, me ordena em desejo pulsante que rasga minhas veias na procura de um pouco mais. Minhas mãos também não se contentam, elas querem tudo aquilo que ele oferece, sonham em ir um pouco mais longe que aquilo que as roupas castamente permitem. O desejo com loucura, seu corpo apertado ao meu me faz sentir a necessidade de me apossar de todo ele. Meu coração, acelerado em desejo e encanto se arrasta sem se deixar compadecer de tal impossibilidade. A verdade aqui é una, o desejo é o único que nossos corpos e este coração louco podem ter. O amor é dedicado a outro ou a nunca existir.
-- Por Deus, não podemos fazer isso assim! -- solto as palavras em dificuldade enquanto o afasto forçosamente de meu espaço pessoal.
-- E porque não, Helena? -- suas palavras também saem em dificuldade, a respiração antes esquecida agora cobrando seu momento.
-- Estamos no meio da sala, com todos podendo observar o inapropriado que fazemos. Não somos mais jovens, nem pertencemos a um mundo sem regras.
-- Aqui é minha casa, e com ela minhas regras, senhorita.
-- Deus... o mundo não funciona assim! E agora, creio que devo também seguir os exemplos dos mais jovens e fugir daqui. -- as palavras ganham meus lábios mal me viro rapidamente para as escadas, para o segredo e a proteção de meu quarto.
-- Não negue o que temos, Helena. Não esconda que gostou do que acabamos de fazer.
-- Negarei tudo enquanto tiver forças para tal. -- digo já quase alcançando o meio da escada, meu corpo distante o suficiente para que a sanidade possa invadir meu cérebro e deixar que palavras conexas saiam por meus lábios. Essa é a verdade, e nela tentarei riscar meu caminho. Que a sorte esteja comigo ou estarei perdida num mundo que não devo arriscar, num sentimento que será a força destruidora de minha vida.
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Desejo Viking
RomansaAlguém sabe quando o amor surge? Alguém sabe quando deixamos de temer perder a liberdade para ficar ao lado do outro? O amor seria mesmo essa faca de dois gumes, que de um lado te dá alegrias nunca antes vividas e do outro te toma alegrias nunca mai...