|Cap. 57|

43 1 1
                                    

Nossos lábios se encontram, se apertam diante do fogo que vai rapidamente nos consumindo. Meus baços formigam, minhas mãos se desesperam pela necessidade de tocar ao homem que me aperta junto a seu corpo, que me queima em seus beijos ardentes. Estamos no final da viagem, mas o tempo parece seguir em passos lentos diante da ansiedade que nos toma, que adentra nossa pele e segue o fluxo do sangue que nossos corações bombeiam para nossas cabeças em vertigem.

A respiração pesada que nos ganha em cada entrelaçar de línguas, em cada desesperado sopro de necessidade de nos tocar um ao outro esquenta e abafa ainda mais o pequeno ambiente, o espaço fechado que guarda em si a lascividade de dois amantes. Os gemidos que escapam de nossos lábios, o barulho das nossas roupas que agonizam nossas peles e parecem ser um empecilho para o desespero que vai recobrindo a ponta de nossos dedos ansiosos é um contraste com a vida do lado de fora. O caminho por entre árvores, frescor e silêncio é violado pelo som de nossos corpos em perfeita volúpia.

Posso escutar a pesada respiração de Bjornan, o ar quente que sopra  enquanto respira nos pequenos espaços que dá entre nossos beijos. Sinto o tecido pesado e grosso de seu casaco, a maciez da camisa de algodão e de músculos firmes que tremulam em cada toque que meus atrevidos dedos lançam em agonia. Todas as sensações estão expandidas, assim como a necessidade que vagueia meu corpo em toda sua fúria. -- Por favor...-- solto sem nexo, a angustia da urgência que toma meus lábios em súplica. O tecido do banco e do vestido que levo, o balançar do carro, o pequeno espaço que agora é tão incômodo e sufocante parece ganhar proporções colossais diante do desespero que toma meu âmago.

-- Estamos quase chegando, Helena. Espere um pouco mais, sim?! -- Bjornam sussurra duro, uma voz forçada em respirações difíceis e dentes apertados. -- Talvez seja melhor pararmos um pouco, não quero que nos vejam assim. 

-- Não era o senhor quem bem dizia sobre o valor de seus empregados e em como manteriam silêncio e compostura diante da desavergonhada existência de seu empregador? -- provoco ainda em seus braços, a aceitação de suas palavras esfriando o calor entre nós.

--Me sinto enciumado diante da mínima ideia de ter outro alguém vendo seu corpo avermelhado, sua respiração ofegante e esses olhos aturdidos pela paixão. Me enlouquece pensar que outra pessoa possa ver algo que me seduz tanto, possa se sentir igualmente seduzido. Quero que seja apenas minha, Helena. -- Ele diz, suas palavras terminando com o parar do carro, o silêncio tomando o ambiente ainda abafado e ofegante das emoções de momentos antes. Estou confusa com o significado de suas palavras, desnorteada por todo o desenrolar da noite que se encaminha a passos que começam a correr incertos. -- Vamos minha doce princesa, sigamos elegantemente para o covil de amor e abrasamento que nos espera. -- O sorriso de Bjornan é sorrateiro, conhecedor e cheio de promessas.

Desejo VikingOnde histórias criam vida. Descubra agora