O silêncio se estabelece como imperador dentro do carro, a luz parca e amarelada da lamparina esconde em sombras nossos rostos e as respostas que eles provavelmente carregam. Quero me afundar no acento de couro, enlaçar meus sentimentos que se calam diante de qualquer murmúrio em resposta ao anteriormente anunciado. Um casamento... o som doce e firme daquelas palavras ainda arrepiam meu corpo mesmo após longos minutos. Não tenho coragem de professar uma só palavra, de dar uma resposta que ponha fim a ousadia descabelada ou que mude absurdamente o foco do assunto. Mas o certo é que durante todo o silêncio, a necessidade de irromper contra o som daquelas palavras já não se faz essencial. O momento passou, e com ele a negativa que deveria sair de meus lábios.
-- Acredito que chegamos, Princesa. -- a voz de Bjornan corta meus pensamentos em cheio. Sua voz calma e direta, seu corpo que já prepara o próximo passo.
-- Tao logo? -- questiono assustada ao ser pega de sobressalto, desconfinada dos pensamentos que tão tortuosamente dominavam minha mente.
-- Sim, senhorita! Agora venha, se apresse e coloquemos em prática nossos planos de dominação mundial. -- seu sorriso se estende na claridade dissimulada, seus olhos ainda carregam o brilho antecipado da aventura que está por vir, e suas mãos se estendem diante de mim ao guiar meu corpo na descida. São modos encantadores, é uma conduta típica de um nobre e elegante cavalheiro. Todos esse pequenos momento, esses segundos que recobrem a nossa retirada do interior seguro do carro me fazem esquecer o motivo de estar aqui, e me fazem relembrar das doces e luxuriosas noites de gala de um passado não tão distante. O sabor adocicado das memórias parece se misturar ao amargor da realidade. A pressão firme e quente das mãos do homem a minha frente me chamam para uma realidade pujante, mas não me forçam a confrontar esse destino tão logo e tão sozinha. -- Não se preocupe, Helena, estarei todo o tempo ao seu lado.

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Desejo Viking
RomantiekAlguém sabe quando o amor surge? Alguém sabe quando deixamos de temer perder a liberdade para ficar ao lado do outro? O amor seria mesmo essa faca de dois gumes, que de um lado te dá alegrias nunca antes vividas e do outro te toma alegrias nunca mai...