Olá, amigos leitores do wattpad! Peço desculpas mais uma vez por atrasar tanto em escrever. É como dizem meus amigos: "Está sempre sumindo, mas nunca se deixando esquecer." Haha
Vou tentar postar três capítulos por semana e com isso voltar a me acostumar com todo esse processo que é escrever. Espero que desculpem esses "hiatus" desproporcionais para cada capítulo e não abandonem Helena nessa aventura que apenas começou.
Um forte abraço,
Jane B.
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Sinto centenas de olhos curiosos que queimam minha pele, murmúrios que ardem em meus ouvidos sobre quem sou e o que faço ao lado do mais selvagem, bonito e recluso senhor da Normandia. Olho a todos com a força de tão costumeiro acontecimento, de saber meu lugar diante de qualquer pessoa e em qualquer sociedade. Acompanho aos passos longos de Bjornan de cabeça erguida, deslizo pela sala alvoroçada em murmúrios para encontrar aos anfitriões que nos fitam curiosos.
-- Mas que surpresa agradável, Bjornan! Fico encantada que tenha aceitado ao nosso pedido, esta festa será a mais comentada em semanas. -- uma mulher de meia idade inicia seus cumprimentos, seus cabelos claros em um coque puxado na nuca, seu rosto ovalado e bonito, suas mãos enluvadas que se firmam nos braços do companheiro e seu vestido de tecido brilhante e azul marcam em um conjunto todo o significado forte de sua presença. É a anfitriã da festa, e sua conversa fácil demonstra a relação próxima que a família parece ter com o viking ao meu lado.
-- Olá, Merilen!... Guilherme! -- Bjornan acrescenta num aceno, seu corpo solto e confortável diante da sala cheia de olhos famintos de curiosidade que parecem querer arrancar de nossos corpos informações tão profundas como nossa própria alma.
-- Bjornan! -- o acompanhante de Merilen diz ao devolver o cumprimento. -- devo argumentar que fico muito feliz em vê-lo aqui, meu bom amigo. Creio que não sai daquele fim de mundo onde vive já faz anos.
-- Mas eu saio, Guilherme! -- Bjornan acrescenta num meio sorriso, seu corpo firme ao meu lado, o polegar de sua mão direita acariciando a pele interna de meu braço. É um contato íntimo, discreto e reconfortante.
-- Não para com os seus, meu caro. Suas festas e sua vida parecem se resumir entre aquela casa rodeada pelo bosque selvagem ou a loucura boêmia dos ingleses. -- Guilherme sorri, seus olhos que agora me encaram contam como uma suave provocação que se perde no engano de minha nacionalidade.
-- Não vai nos apresentar a essa bela dama, Bjornan? -- a voz de Merilen surge, seus olhos curiosos invadindo o meu corpo em cada detalhe.
-- Peço perdão pela falta de educação, acho que não estou mais tão bem acostumado à etiqueta básica dos meus refinados companheiros. -- inicia disfarçadamente irônico -- Esta é a senhorita Helena Ianievna. -- Bjornan se adianta, seus olhos me fitando em cuidado. Sei muito bem das desavenças entre nossos dois mundos, entre a França vitoriosa e a minha amada Rússia que se desmoronou. Sei do sentimento superior deste povo, mas sei, também, do sangue que corre limpo e quente sob minhas veias. O silêncio foi o pedido em uma conversa anterior entre nós, e pretendo manter a promessa selada nela.
-- Russa? -- Merilen surge um tanto espantada, seus olhos como um redemoinho de sentimentos.
-- Sim, senhora! Pedi-lhe que viesse a Normandia para fazer companhia a minha querida irmã. Uma senhorita que está sob minha proteção. -- a resposta firme de Bjornan não deixa espaço para outra interpretação, ela confere aos ouvintes o peso que cada possível ofensa possa vir a ter. É um aviso de cuidado, um que eu odeio. É uma placa que comprova a minha insignificância, que me força o peso de algo que nunca foi meu, de uma experiência opressora. O ódio, o preconceito e o medo marcam a vida daqueles que souberam o significado da guerra. Mas ainda assim, estando eu neste pedaço de mundo, é triste saber que somente a voz de um poderoso homem tira de meus ombros a culta de mortes que não causei, mas que carrego em nome da pátria.
-- Entendo! -- a jovem senhora apenas diz, seus olhos carregados de sincera compreensão por cada palavra proferida pelos lábio deste enorme viking. -- Você é muito bonita, senhorita Helena. Fico feliz que tenha feito nosso querido galanteador sair um pouco de casa. Espero que se sinta confortável e bem-recebida durante sua estadia nessa terra maravilhosa. -- sua mudança abrupta de assunto não me altera, já é fato costumeiro das memórias festivas de Moscou ou mesmo Londres. É fácil mudar sentimentos quando eles não são profundos.
-- Agradeço o cumprimento, senhora. Farei o possível para aproveitar cada momento e, se possível, trazer a vocês o deleite da presença do senhor Bjornan. -- apresento educada, as palavras treinadas, meio frias e falsamente gentis escorrem de minha boca já tão acostumada a todo esse pavor suculento que são os bailes aristocráticos, essas festas pomposas de pessoas que sempre creem ser melhores que o resto do mundo.
-- Se a senhorita diz tão facilmente sobre algo assim, devo esperar um aviso de casamento em breve? -- os olhos do senhor Guilherme brilham ao nos fitar, procuram uma brecha de verdade diante do que nos joga tão abruptamente. É um comentário maldoso, mesmo que pareça divertido, pois a resposta que vier, ou mesmo a ausência dela, pode me colocar como alvo de graves falatórios.
-- Senhor, por favor, tenha modos! -- sua esposa o repreende ao se espantar com a coragem de seu marido em fazer tão descarada pergunta. Sinto a curiosidade queimar seus olhos abertos ao me fitar em vergonha, seus lábios se apertarem em espera de alguma possível resposta bem elaborada ou mal acabada. Tudo isso, qualquer coisa, será o deleite de toda uma sociedade por dias. A intriga do momento, o mistério a ser discutido e remoído no desejo de distrair mentes tão enfadadas.
-- Quem dera eu tivesse essa sorte, Guilherme. A senhorita Helena é uma moça inteligente e gentil, e por isso não se deixa levar facilmente por meus malcriados encantos. -- Bjornan responde tranquilo, sua voz suave e seu sorriso desavergonhado parecem enfeitiçar aos olhos e ouvidos de todos os curiosos que se esforçam por entender o mínimo do que se passa entre os anfitriões e o casal formado por uma desconhecida jovem e o mais sensual, ardiloso e divertido homem de sangue viking. -- Mas creio que devemos desocupar aos anfitriões para que outros convidados possam vir e prestar seus cumprimentos. Assim, se nos dão licença... -- ele finaliza, seu braço ainda como um apoio firme para minhas mãos, e seus passos que forçam os meus para fora dali.
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Desejo Viking
RomansaAlguém sabe quando o amor surge? Alguém sabe quando deixamos de temer perder a liberdade para ficar ao lado do outro? O amor seria mesmo essa faca de dois gumes, que de um lado te dá alegrias nunca antes vividas e do outro te toma alegrias nunca mai...