|Cap. 33|

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Estou animada, minha mente carrega a energia de tantas ideias para um dia divertido entre meninas, e meus pés tocam o chão com a pressa de Hermes e a vontade pagã dos antigos homens que sabiam apreciar um excelente dia cheio de coisas para fazer. Me arrumo rápido e me coloco no mais confortável vestido, meu corpo sempre reagindo ao sol que adentra a janela, meu sangue se esquentando com o poder da natureza e as felicidades a tanto tempo esquecidas que o dia parecer vir a cumprir.

Caminho com toda a pressa da vitalidade que molda meu corpo até a penteadeira. Me olho no espelho, a imagem refletida parece ser a de uma outra mulher, de uma mulher crescida e madura. A imagem refletida parece querer dizer que algo em mim renasce, que se aceita e que a idade já não parece mais fazer conta. O mundo aqui é diferente, a contagem do tempo é mais lenta e desapegada, o amor pelo conforto e pela tranquilidade de Bjornan adentra o meu ser, entorpece meus sentidos com a deliciosa sensação - uma falsa sensação - de que tudo é possível e que enfrentar aos problemas numa madrugada me trazem como recompensa as delícias de uma manhã. Mas a verdade é outra, uma outra coisa que esse espelho não conta para essa moça de pele corada e de coração palpitante para com as surpresas do dia de hoje. Um piquenique e uma festa, felicidades monótonas de Londres e de Moscou agora me tomam em pavorosa, me agitam a alma e me revelam um sorriso bobo nos lábios. Até quando? Até quando conseguirei encarar o espelho e ver nele lindas e bem contadas mentiras?

Acordo dos meus devaneios em um pulo, afasto a nuvem ruim que começa a se formar numa cabeça que antes estava tão iluminada pela força boa e pura do sol. Caminho até a porta, num giro único a abro e exponho minha vontade para fora. Vou radiante, pois estou feita e pronta para o dia.


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