Acordo assustada, um sentimento ruim me invade e de um pulo me rouba o sono. O quarto levemente clareado pelas chamas já enfraquecidas da lareira e da mais cheia lua que entra pela enorme janela lateral deixam o amplo espaço num estado de penumbra fácil para meus olhos distinguirem qualquer coisa. Olho a minha volta e não posso encontrar nada de diferente desde a poltrona próxima a lareira, a pequena mesa de cartas em madeira firme e os tapetes que recobrem delicadamente as paredes e o chão em seu tributo as deusas das águas.
Procuro indefinida por um qualquer vestígio do estranho que se pareceu alguns minutos atrás, algo que me comprove a sensação ruim e o estremecedor sentimento de que alguém esteve neste quarto. O medo me apavora, pois não é a primeira vez que este sentimento me congela, que toma meu corpo e, como num pesadelo, me deixa suando frio. Mas o medo costuma ser assim, um algo que destrói a alma humana e dilacera qualquer esperança.
Pensar sobre isso agora é perceber que nunca fui verdadeiramente comprometida pelo medo e que meu passado brilhante, fruto de uma imaginação despreocupada, foi algo prometido e forjado na dor dos meus mais que amados irmãos. A saudade me inicia e m seu embalo, a depressão me estilhaça e a culpa me engole.
Tento novamente procurar dentro do espaço aberto do quarto qualquer resposta que comprometa e afirme minhas mais íntimas preocupações. Estar nesta casa, neste quarto e sentir o cuidado quase compulsório de todos à minha volta, saber sobre nada e ter pressentimentos sobre tudo é algo que amarga em meus lábios, talvez um sinal claro de que preciso dormir e abandonar os pensamentos tortos que me tomam, o preconceito nojento que me assola e a necessidade crescente de me abrir para ajudar. Preciso dormir, alcançar o delicioso sono, respirar calmamente e sentir em meus sonhos o suave sabor do verde glorioso dos mais belos campos. Preciso restaurar, assim, a paz interior e seu poder de me guiar para mais um grandioso dia.
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Desejo Viking
RomansaAlguém sabe quando o amor surge? Alguém sabe quando deixamos de temer perder a liberdade para ficar ao lado do outro? O amor seria mesmo essa faca de dois gumes, que de um lado te dá alegrias nunca antes vividas e do outro te toma alegrias nunca mai...