|Cap. 12|

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-- O que acontece aqui? -- Bjornan pergunta direto, pouco antes de chegar a cama e observar com seus próprios olhos o colchão ensanguentado num vermelho escuro e pegajoso e, ao afastar um pouco mais o lençol de seda delicada e sujo, descobrir o corpo sem cabeça de várias galinhas aos pés da cama. -- Mas que merd...

-- Também encontramos isso aqui na mesa de cartas, senhor. -- Korhai  nos mostra um papel quando aproximamos da mesa. Nele, um recado pecaminoso e de uma mente doente e medonha se estampa:

"Devia ter escutado a pequena Mirha quando pediu que partisse, minha querida. Aquela levada criança sabe muito bem do fim que te esperaria caso eu a descobrisse... Mas agora que me atiçou com seus belos traços e suas belas curvas, não me cansarei até tê-la sob meu corpo e meu comando.Te caçarei ate no inferno, minha doce vagabunda!"

-- Deus!...-- as palavras saem dos meus lábios em choque. O medo estampado em meus olhos e o tremor do desespero em meu corpo. -- Eu...eu... mas o que acontece? Por que eu?

-- Não sei o que acontece aqui, Helena, mas prometo que descobriremos. -- a voz de Bjornan é suave e decidida enquanto se aproxima lentamente e com os braços afaga meu corpo perceptivelmente fatigado.

--Como não sabe?! Este louco fala sobre sua irmã. Sobre nós! -- minha voz aumenta a cada palavra projetada por meus lábios, ela se quebra a cada tremor que percorre meu corpo e chega à minha espinha. Os braços poderosos desse homem ao meu lado não mais me protegem. Não quando sua boca mente aquilo que seus olhos se negam a  esconder. Maldito!

-- Helena, me escute! -- sua voz ressoa profunda. -- Não sei o que acontece aqui. Tenho uma miserável ideia. Uma miserável ideia que precisa de tempo e da sua ajuda para que se transforme em fatos. Eu sei que está com medo de tudo isso, mas ainda preciso da sua ajuda! -- sua voz termina baixa, rouca. É um sussurro de socorro, o mesmo que minutos antes tentei liberar de meu corpo pelo medo. Seus olhos também me mostram o medo e a dor.

Eu conheço essa força e perfeição no corpo firme e na postura rígida, mas também conheço o olhar triste, perdido e desamparado que se recusa a sair, que se recusa a deixar que o todo poderoso humano demonstre falhas. Que se recusa a deixar de ser, mesmo que no mais íntimo, humano. Eu sei desse olhar porque convivi com ele, mas naquele momento não ousei estender a mão em ajuda. Naquele momento abandonei em dor ao meu amado André. -- Muito bem! -- minha voz sai decidida. -- Prometo te ajudar no que puder, mas em troca não deve esconder nada de mim. -- acrescento corajosa, aceitando o destino que me foi traçado, me agarrando a estupida ideia de que aquilo se equiparava ao que deixei de fazer no passado. Talvez diminua esta sensação de impotência, não?! Talvez deixe meu coração menos pesado pela culpa.

-- Não esperava menos de uma Korcwovski! -- seus olhos brilham ao me fitarem, seu rosto assumindo um ar mais calmo. -- Mas agora precisamos descobrir o que se passou aqui. Tomei muito tempo e deixei que meus sentimentos invadissem minhas responsabilidades. -- continua firme -- Korhai, chame Bughie e alguns outros homens para uma vistoria completa em toda propriedade.

-- Sim, senhor! -- a voz do soldado responde pouco antes de sair do quarto juntamente com seu companheiro.

-- Agora você,  minha bela Helena, peço que durma em meu quarto por tempo indeterminado. Isso foi uma ameaça contra sua vida, e estou mais que disposto a lhe proteger custe o que custar. Tem minha palavra!


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