|Cap. 7|

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Ainda estou dentro do quarto. Não consigo sair e abandonar o que se passou tempos atrás. Os empregados vão abandonando lentamente o cômodo a medida que terminam seus serviços forçosamente noturnos. A jovem Mirha ainda permanece perdida à janela e sem aceitar qualquer ajuda. Sua voz já não ressoa pelo ambiente e nem seu corpo parece abatido pelo mal anterior. Em verdade, sua musculatura parece se enrijecer perante qualquer som, qualquer resquício humano em sua habitação. Sinto como sua natureza selvagem começa a sair de seus poros, como seu corpo busca incessante por qualquer desentendimento, por qualquer alívio físico que só as brigas podem oferecer. A maldade parece agarrar seus olhos injetados e escuros, seus dentes surgem entre lábios secos e a agressividade a domina mais uma vez.

––Saiam daqui! –– ela surge rouca e grossa, testado sua voz para um novo sopro de ódio. –– Você, maldita puta, porque ainda não foi embora? –– ela acrescenta ao me perceber ainda à porta. –– Você se arrependerá se continuar nesta casa, se arrependerá de não ter escutado minhas palavras. –– a jovem grita pouco antes de romper sobre mim, jogando meu corpo ao chão enquanto busca, com suas unhas, machucar meu rosto em toda sua cólera. –– Saia daqui! Vá embora! Vá embora! –– surge enquanto tenta me machucar com suas próprias mãos e ainda depois de ser afastada pelos braços fortes de Bughie.

–– É melhor a senhorita retornar ao seu quarto, Princesa! –– a voz do grandalhão ordena dura enquanto retêm em seus braços uma magra e bagunçada mulher que ainda grita em desespero.

–– E ela? –– pergunto, recuperando minha voz depois do susto. –– Como ela fica?

–– Ela ficará bem, precisa apenas de descanso. Eu ficarei com ela até não haver mais problemas. –– Bughie responde.

–– Ela não parece nada bem, Bughie... –– tento apreensiva.

–– Não se preocupe, senhorita Helena, as empregadas estão preparando outro chá calmante para ela. Logo tudo se resolverá! –– ele acrescenta.

––Eu... ela... Muito bem! –– Não consigo expressar nenhum dos tormentos que queimam minha mente enquanto me retiro do aposento iluminado e retorno lentamente para o quarto de origem. Meus olhos estão ainda mais acesos, me corpo ainda mais nervoso, a dúvida já grande agora parece não ter mais espaço para ocupar dentro de todo meu ser. Preciso de respostas ainda mais urgentemente do que antes, preciso confrontar ao senhor desta casa e exigir tudo aquilo que uma vez me prometeu.


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