Desejo Viking

|Cap. 36|

O tempo passa rápido e divertido mesmo após o constrangimento anterior. Guez segue como se nada tivesse acontecido, como se perguntas recheadas de curiosidade e -- como suas palavras bem disseram -- ofensa, nunca tivessem sido pronunciadas. Sua boca é sempre firme, nenhum sorriso ou comentário escapa de seus lábios. A conversa segue agradável, trivial. A comida apetece nossa boca e acalenta nosso estômago, a mastigação incansável tira o foco e a pretensão de muita conversa mais. O silêncio parece querer reinar entre nos, mas não é nada que pareça ser forjado diante do desgaste, da opressão ou da vontade de não estar ali.

-- O que tem mais adiante, Mirha, dentro deste bosque? -- a voz de Mullan surge altiva, seu rosto  em uma expressão favorável e a tentativa de ser agradável após o comentário maldoso.

-- Há um pequeno círculo de flores selvagens, um oasis de ternura antes da mata densa. Meu irmão e eu costumávamos colher flores para nossa mãe ali. -- Mirha responde, seus olhos em lembranças, sua mente projetando um conto doce.

-- Por que não vamos lá colher algumas flores, em?! -- Mullan inicia.

-- É lindo e acredito que irá agradá-la, mas eu não me sinto confortável em adentrar a mata. Dei a sugestão de ficarmos aqui, tão perto, como um primeiro passo, uma espécie de decisão corajosa, mas meu coração não me permite um pouco mais de forças. Helena pode te acompanhar se desejar, ficarei aqui com Gaspar.

-- Gostaria de colher algumas flores? -- pergunto com um sorriso, sentindo desabrochar sobre essas mulheres a vontade de agradar seus dias enquanto lhe resta tempo e a coragem de dar mais um passo para uma nova vida.

-- Sim, adoraria! -- Mullan diz

-- Então vamos! -- falo empolgada um pouco antes de me levantar e sacudir as saias amarrotadas -- Se não for um problema, claro. -- acrescento ao me virar para Guez com olhar pidão e um sorriso bonito, no que ele balança a cabeça em permissão.