Olá minha querida amiga e cunhada, é uma Helena cheia de saudades que lhe saúda!
Os dias nessa terra do mais vivo verde tem se passado como caracóis que vagueiam sem pressa, mas as novidades ainda tendem a surgir para uma tão pacata vivência.
Gostaria abrir esta carta lhe desejando tanta felicidade, amor e um excelente clima chuvoso para se aconchegar nas noite e tardes frias com meu belo irmão, seu afortunado marido. Gostaria que enviasse em meu nome os parabéns para o harmônico casal que agora têm um pequeno em seus braços. Esse bebê sera abençoado e muito amado por seus jovens e queridos pais, Bianca e William.
Mas é em meio à tantos desejos, tantos pedidos de felicidade e bonança, que me sinto na obrigação de expor os reais motivos para esta carta, Alexia. Que Deus me perdoe por lhes trazer mais esse golpe, que ele os salve e os proteja de mais essa desaventura, esse infortúnio.
As palavras parecem não querer angariar espaço no papel, meus pensamentos tentam colocar da melhor forma, proferir sem cerimônia e com zelo aquilo que devo dizer. Mas é tão difícil falar... Rabisco incontáveis folhas tentando escrever o que é certo, e no final as certezas são sempre fonte de dor.
Minha querida Alexia, peço desculpas pela demora, pela enrolação e por não saber lhe escrever de forma apropriada. Pedi que meu irmão enviasse uma carta, contasse em palavras mais duras e reais o que se passa por aqui, mas a necessidade de escrever eu mesma, de passar essa informação de meu próprio punho parece me tomar em cheio. Não sei qual carta chegará primeiro, então espero que sente-se e respire fundo antes de continuar se o meu nome for o primeiro que apareceu em suas mãos.
Minha querida,...
Pedro Fugiu!
Aquele homem maldito, aquele ser que mancha todos ao seu redor com o mau que o consome e que o transforma, está solto. Não tenho tantas informações como André pode lhes colocar a par, mas sei que seu rastro já está sendo devidamente seguido pelos homens de meu irmão. Sei também que isso não é conforto algum, pois o caos volta a reinar em nossos corações e em nossas vidas.
Estou com medo pelo destino, Alexia. Estou com medo de que nossa família não tenha pago com sangue, lágrimas e a própria alma pelos pecados de meu pai. Meu irmão parece focado em saber como prosseguir, seus passos seguem como o combinado, a jovem Magnólia já se encontra em nossa casa e logo mais, em alguns poucos dias, seguirá para seu destino final.
Pensar em tudo isso, sentir na pele a força do tempo e das ações humanas que tentam constantemente moldá-lo, isso me assusta. Estamos lutando contra o tempo, contra o mau e contra nossos infernos pessoais.
Peço que me perdoe por esta carta, pelas palavras finais tão malditas que carregam. Que você esteja bem para lutar mais essa guerra, que nossa família esteja preparada para derrotar novamente esse inimigo. Gostaria de dizer mais, contar sobre meus dias, sobre as experiências que tomam meu tempo, meu suspiro e até mesmo meu coração. Quero muito lhe escrever algumas palavras secretas, conversas que pertencem a intimidade de duas mulheres, mas agora não vejo momento certo.
Espero respostas suas, me conte um pouco como as coisas seguem na minha Londres de vida noturna e expressa, se sinta no direito de nos animar um pouco com qualquer novidade que lhes acometa nesta terra chuvosa e brilhante. Tenho enorme saudades de vocês, meus amados Alexia e Mikhail.
Um grande beijo e forte abraço,
Helena Korcwovski.

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Desejo Viking
Roman d'amourAlguém sabe quando o amor surge? Alguém sabe quando deixamos de temer perder a liberdade para ficar ao lado do outro? O amor seria mesmo essa faca de dois gumes, que de um lado te dá alegrias nunca antes vividas e do outro te toma alegrias nunca mai...