| Cap. 52|

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-- Sinto muito, acredito que me perdi por uns instantes... -- tento me recompor ao chegarmos num dos espaços vazios dentro da enorme e abarrotada sala. 

-- Não se preocupe, Helena. Eu te provoquei o suficiente para ganhar alguns tapas. Mas sua reação, confesso, foi surpreendente. -- Bjornan apresenta com um sorriso conhecedor, seus olhos brilhando com as possibilidades que parecem rondar sua atrevida mente.

-- Por favor, senhor, vamos parar por aqui com essas brincadeiras. Temos coisas mais urgentes do que meu momento embaraçoso.

-- Foi o embaraço mais lindo que uma dama poderia ter. -- Bjornan aponta com uma voz sedutora.

-- E este homem ao qual deveríamos encontrar, por onde anda?! Como é sua aparência?! Porque não mudamos de assunto?!... -- dou por encerrada a brincadeira ao tranquilamente fazer uso dela. 

-- O senhor Zeki Kurye deverá estar aqui logo mais. Pelo que me lembro, não perderia por nada uma boa noite de festas e um possível amor para a madrugada. -- Bjornan solta despretensioso, suas palavras não medidas ao serem apresentadas à uma dama. -- Creio que podemos tomar uma bebida enquanto pensamos algumas ideias para angariar nossos intentos da noite, assim como acho pertinente acrescentar que Kurye é um homem difícil e ocupado, mas ainda  mais, é alguém perigoso, Helena. Então, por favor, se atenha às palavras que profere tão facilmente ao deixar seus ânimos dominarem sua mente.

-- Assim como o faz, senhor? -- apresento em ironia.

-- Há diferenças claras entre um homem e uma mulher em nossa sociedade, senhorita, por mais absurdas que sejam. -- Uma voz aveludada surge por sobre nossos ombros, é um chamado profundo e carregado pelo sotaque estrangeiro. -- Entretanto, não creio que me difame assim, tão abertamente, meu velho amigo. Se segue com isso, a dama ao seu lado terá mais receios do que o necessário para uma boa noite de festas. 

-- Senhor Kurye... -- inicio com um educado cumprimento. -- Sou Helena Ianievna.

-- É um prazer conhecê-la, senhorita Ianievna. -- sua voz sussurra açucarada, e seu sorriso cativante e despreocupado se anuncia em um rosto pronunciadamente belo e de traços fortes, uma pele morena e olhos castanhos e delineados que me prendem. -- Gostaria de dançar? -- pergunta direto -- Assim poderíamos estreitar um pouco mais nossa iniciante amizade.

-- Seria uma honra. -- digo pouco antes de seguir para a pista de dança sem dar satisfações diretas ao viking que me olha com perturbadores olhos lampejados de ciúme e posse.


  

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