|Cap. 58|

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Entramos silenciosos e tímidos na casa. Os empregados despertos nos olham furtivos, milhares de pensamentos parecem rondar suas mentes ávidas por assuntos novos e fofocas quentes. Meu coração bate forte, posso sentir as desvairadas marteladas em meus ouvidos. Tenho medo de que mais alguém ouça, que descubra o inapropriado de momentos antes. Somos como amantes quase pegos em flagrante. As roupas amassadas, uma tentativa torpe de se recompor nos segundos antes da porta do carro se abrir para o conhecido e acolhedor mundo do senhor dessas terras. 

-- Boa noite, senhor! Senhorita... -- a voz do empregado que nos recebe é polida, parece, mesmo que seus olhos curiosos digam o contrário, não demonstrar interesse na cena que se passa.

-- Boa noite, Thyra! -- Bjornan diz com altivez, suas maneiras fáceis bem manejando o ambiente cheio de olhares suspeitosos.

-- Quer que lhe prepare algo, senhor? -- o homem continua.

-- O quarto já está pronto? 

-- Pedirei que alguém acenda a lareira, senhor. De resto está tudo o mais cômodo.

-- Não há necessidade para que alguém faça um trabalho que eu mesmo posso executar, homem. Todos estão dispensados do dia. Vá descansar! -- Bjornan acrescenta. Nossos olhos não se encontram, meu corpo segue ao lado do dele, como uma pedra imóvel por tantos sentimentos que vão lentamente me tomando. Meu corpo parece cansado e excitado, duas condicionantes opostas que tão perfeitamente parecem se casar. Não quero ninguém em nossos aposentos. Não quero que mais alguém veja o vermelho de nossas bochechas, o brilho de nossos olhos, a ansiedade que nos domina e o calor que está a ponto de nós consumir. Não quero que saibam mais do óbvio, do lascivo que é a nossa existência, minha e do homem que tão sorridente me encaminha escadas acima sem eu mesma fazer conta. -- Boa noite à todos!

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