Dom D'Angelo

Capítulo 50

Esdras

Dias atuais...

Eu sou um filho da puta mesmo!
Desde que Elena chegou estou tentando ao máximo me esquivar dela, evito ficar  a sós com a mesma. Sempre que estou em um ambiente e ela chega eu dou um jeito de sair.
Está sendo horrível pra mim ficar aqui e não poder toca-la. Mas também não quero voltar pra casa e ter que encarar Catarina. A história da sua gravidez está me tirando o juízo, ela vive cobrando a minha presença. Mas eu não consigo, eu não sinto nada por aquela criança, sei que é errado, mas eu não consigo, não me vejo pai do filho de Catarina.

São exatamente três da manhã e eu estou sem sono nenhum. Resolvo ir até a cozinha caçar algo pra mim comer.
Quando estou andando no corredor ouço um sussurro, parece alguém chorando. Quando chego a cozinha vejo Elena de costas pra porta ela está com as mãos sobre o balcão e chora copiosamente. Ver a cena acabou comigo. E sem pensar em mais nada vou até a mesma e a abraço por trás deixando minhas mãos na sua barriga.

A mesma fica tensa mas quando percebe que sou eu o seu corpo relaxa.
Beijo o topo da sua cabeça e a mesma continua chorando.

_ Ei meu amor o que foi?
Pergunto.

Ainda abraçado com ela a mesma vira o rosto pra me encarar mas não vira o restante do corpo.

_ Eu não consigo dormir. Toda vez que fecho os olhos vem a imagem de Petrov na minha cabeça, ele está em cima de mim passando as mãos pelo o meu corpo. E eu só quero gritar só quero correr, mas não consigo.

Ela continua chorando e eu a abraço ainda mais forte. E me amaldiçoo por não ter feito nada antes.

_ Está tudo bem, você está aqui agora e ele não vai mais lhe fazer mau. Eu sei que é difícil mas isso vai passar.

A mesma continua agarrada a mim.
Faço cafuné nos seus cabelos. E a pergunta que eu estava fugindo vem átona.

_ Por que você não estava lá? Por que fugiu de mim?

Eu tento me soltar mas a mesma me segura, eu sabia que não poderia mais fugir disso. Então a abraço de volta e respondo a sua pergunta.

_ Porque eu não suportava ver você daquele jeito e saber que eu é quem tinha lhe causado aquilo. Ver você naquele galpão toda machucada quebrou o meu coração. E eu achei melhor me afastar de você.

Disse. Elena me encara.

_ Mas eu precisava de você lá! Eu só queria você ao meu lado. E ao invés disso você só pensou em você.

Eu podia ver a mágoa nos olhos de Elena, e era isso que eu não queria. Eu queria o seu amor!

_ Eu sabia de toda a verdade Esdras, mas mesmo assim que queria você lá. Eu me sintia segura com você. Não teve um dia se quer que eu não estive naquela casa ou naquele galpão que eu não pensasse em você. Eu tentava ser forte porque eu queria pelo menos uma última vez olhar nos seus olhos. E não me pergunte o por que! Eu também não sei responder.

Ela passa as mãos pelo meu rosto e olha nos meus olhos, e eu me perco naquela íris castanha quase um mel.

_ Me deu um último beijo Esdras!

Ela pede com calma e eu acato. O nosso beijo era calmo, não tinha segundas intenções nele só tinha saudade, amor e despedida. Eu sabia que essa hora chegaria.
Paramos por falta de amor. Eu encosto minha testa na dela e sem pensar falo que eu tenho guardado a sete chaves dentro de mim.

_ Eu amo você!

Ela afasta um pouco a cabeça e me olha incrédula.
Quando ela tenta falar eu coloco o dedo em sua boca.

_ Apenas me escute agora!
Ela concorda.

_ Quero que você volte pra sua vida. Quero que você se esqueça de mim!
Por mais que isso seja difícil pra mim eu não posso mais.
Não posso mais mentir pra você.

Ela me olha sem entender.

_ Catarina está grávida e eu vou ser pai.

Ela se solta rapidamente e vira de costas pra mim posso ver que a sua respiração está acelerada.
Eu continuo.

_ Não posso prender você aqui Elena. Não posso manter você como minha amante o resto da vida.
Quero que volte pra casa e esqueça que um dia me conheceu, siga a sua vida.

Digo e a mesma se vira com lágrimas nos olhos.

_ Impossível esquecer você Esdras, mas eu vou tentar seguir a minha vida.
Diz

Eu vou até ela e a abraço novamente. Ela me aperta como se sua vida dependesse desse abraço e eu não faço menos.
Meu coração está quebrado, mas sei que é o certo a se fazer.

_ Estou com sono só que estou com medo de dormir.

Ela diz.

_ Vamos irei colocar você na cama. Irei ficar lá para que você se sinta segura.

Ela assente e nos subimos. Assim que chegamos no quarto a mesma deita na cama e eu a acompanho. Ficamos frente a frente. Ela carícia o meu rosto como se estivesse registrando cada traço meu e eu faço o mesmo com ela.

_ Você precisa dormir meu amor!

Falo e a puxo para os meus braços a mesma não demora muito pra apagar. Fico um tempo a olhando.

_ Te amo!

Digo e arrumo ela na cama me levanto devagar e saio do seu quarto.
Vou para o meu e resolvo que está na hora de encarar a realidade e a realidade se chama Catarina!