Capítulo 119

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Elena 

Respira fundo, coragem, Elena! 

Eu repetia esse mantra na minha mente pela décima vez. 

Estou nesse exato momento parada na soleira da porta da mansão onde meus pais estão. Depois do fatídico dia, eu não os vi mais, só tenho umas pequenas informações, que felizmente Karol me passa. 

Respiro fundo pela milésima vez e aperto a campainha. 

Em alguns minutos a governanta vem abrir a porta. 

_ Senhora Elena, que prazer em revê-la! 

Diz a mulher à minha frente. Abro o meu melhor sorriso e a cumprimento com um aceno de cabeça. 

_ Meus pais se encontram? 

Pergunto quando ela me dá passagem para entrar dentro da casa. 

_ Seu pai sim, mas a sua mãe saiu pra ver o hospital da vila. Parece que tem umas crianças doentes e ela decidiu ir ajudar. 

Diz rápido e eu apenas assinto. 

_ Você poderia dizer ao meu pa… quer dizer ao senhor Roberto que eu estou aqui. 

Digo e ela sai em disparada corredor a dentro me deixando naquela sala imensa sozinha. Olho tudo em volta e custo a acreditar que a pouco tempo eu estava aqui achando que seria realmente feliz. Como o destino nos prega peças, não é mesmo? 

_ O que devo a honra da presença da vossa senhoria ? 

Ouço a voz gélida do pai e me viro ficando frente a frente com o mesmo. 

_ Não precisa de tanta formalidade, meu pai. Eu vim porque tenho algo importante a dizer. 

Digo e ele me olha de cima a baixo, talvez procurando alguma brecha para que eu desmorone. Mas se tem uma coisa que eu aprendi com Lorenzo, foi: independente de como esteja seu coração, sempre aja com a razão. Seu coração pode lhe matar. 

E ele está completamente certo. Meu coração está na minha boca nesse exato momento. Eu só queria correr para os braços do meu pai, mas infelizmente sei que isso não será possível. 

E isso é o preço que pagamos por nossas escolhas. E infelizmente eu não posso mudar isso. 

_ Lógico que precisa! Até porque estou diante do meu Don, não é mesmo? 

Diz num tom debochado. 

"Estou vendo que essa conversa não vai ser nem um pouco fácil" 

Meu subconsciente diz e eu apenas balanço a cabeça negando. 

_ Não estou aqui como Don. E sim como sua filha! 

Digo firme e ele dá um leve sorriso. Mas não é um sorriso de felicidade, e sim de deboche. 

_ Ok! Vamos até a varanda. Infelizmente essas paredes tem muitos ouvidos. 

Ele diz e caminha até a sacada onde meu avô gostava de sentar para tomar café e apreciar. À vista. No caso as casas da famiglia. Acho que aquele velho tinha algum problema, não é possível. Acho que ele se sentia um Deus aqui de cima. 

_ Pedi pra governanta trazer um café para nós. 

Ele diz e aponta a poltrona para que eu sente. Acato o seu comando e me sento e logo ele faz o mesmo. 

E então começa. 

_ O que aconteceu para você vir até aqui? 

Pergunta rude e eu respiro fundo. Assim que vou falar a governanta entra e deixa o café na mesa a nossa frente e se vai. 

Dom D'AngeloOnde histórias criam vida. Descubra agora