Capítulo 38

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Lorenzo D' Angelo.
( Pai do Esdras)







Quando conversei com os meninos, não contei toda a verdade para eles.

A verdade é que eu não só iria atrás do meu pai, mas também iria atrás do meu irmão.
Muitos não sabem, mas meu pai sequestrou a minha mãe, e na época ele a manteve em cárcere privado. Ela ficou com ele durante dois anos, até o seu marido a encontrar.
Durante esses dois anos ela ficou grávida de mim, e quando eu nasci o meu pai mandou que me tirassem dela.
Conclusão, nunca conheci a minha mãe.
E como eu  sei dessa história?
Minha babá na época me contou, ela era amiga da minha mãe.

Quando tudo veio à tona meu pai foi expulso da máfia pelo meu avô.
Meu avô me criou para ser o Capo que meu pai não foi.
Nunca tive contato com a minha mãe, fui proibido de me aproximar, mas eu sempre soube quem ela era.

Hoje embarco para o Brasil.
Isso mesmo! Meu pai se encontra no Brasil, e meu irmão também.
Se ele souber disso, acho que ele mata o meu pai.

[...]

Acabei de chegar em São Paulo, vou direto encontrar meu irmão. Ele é um juiz renomado aqui em São Paulo.
Assim que chego em seu escritório fiquei sabendo que o mesmo não está.
Vou até a sua casa.
Assim que chego sou recebido pela governanta da casa.

_ Olá! Gostaria de falar com o seu patrão!

Ela me olha de cima a baixo, vê os meus seguranças na calçada e me convida pra entrar.

_ Espere aqui que irei chamar.

Olho tudo à minha volta.
Meu irmão não mexeu em nada, está tudo igual a anos atrás.
Meu irmão abriu mão do seu cargo na máfia, ele nunca gostou dessa vida, e piorou quando a nossa mãe morreu. Então ele veio pro Brasil construir a sua vida. Casou-se com uma médica e tiveram uma filha.
O último encontro que eu tive com Roberto foi após o nascimento da sua filha. 
Daí nunca mais.
Ele faz de tudo pra se manter longe.
Só que como dizem né " não podemos fugir das nossas raízes".
E vejo isso aqui!
Apesar de não fazer parte da máfia sua casa é bem segura e vigiada.

Ouço um pigarreio e me viro. Dou de cara com o meu irmão que me olha surpreso.

_ Lorenzo o que faz aqui?
Pergunta.

_ Vim evitar uma guerra meu irmão. Mas me diga como andam as coisas por aqui ?
Pergunto.

E o vejo respirar fundo.

_ Vamos para o meu escritório.

Tem alguma coisa acontecendo!

O sigo até seu escritório, e assim que entramos ele enche seu copo de whisky, e me oferece nego com a cabeça.

_ Fala logo Roberto o que te perturba!

Apesar de não conviver com Roberto, sei que o mesmo está angustiado, algo o perturba. Sei disso porque herdamos isso da nossa mãe.

Vejo meu irmão desabar. Ando até ele e o abraço. Nunca fui dado a afetos, mas neste momento sei que o mesmo precisa disso.
Ele me abraça e chora muito.
E sussurra:

_ A levaram!

Solto ele tentando entender.

_ Levaram quem Roberto?
Falo em alerta.

_ Elena!
Fala

_ Como assim a levaram ?

Pergunto sem entender.  Até porque o meu irmão sempre prezou muito pela segurança das duas, depois do que aconteceu na Itália a anos atrás. Mas isso não vem ao caso agora.

_ Levaram irmão! Elena estava reclamando dos seguranças atrás dela, falou que já não precisávamos mais deles. Marina concordou que já não era mais necessário, então eu cedi, retirei os seguranças.
A oito meses Elena começou a trabalhar em um escritório de um amigo meu. Fez novos amigos. E foi aí que as coisas desandaram.
Elena nos comunicou de que iria pra uma festa de um amigo, junto com umas amigas no Guarujá. Até então era pra ser só dois dias fora. Mas aí se passou uma semana e nada dela. Colocamos a polícia atrás delas, e nada. Achamos o carro da Elena no estacionamento do escritório desse meu amigo, mas não tinha pista nenhuma. E daí em diante não achamos mais nada. Quase um mês depois recebemos uma suposta carta dela.

Meu irmão está perdido, angustiado. Desolado seria a palavra certa.
Ele dá um longo suspiro e continua.

_ Na carta ela dizia que estava indo embora com um namorado. Vê se pode isso!
Conheço muito bem minha Elena. Lorenzo ela jamais iria embora sem nos dar satisfação, mesmo que ela estivesse perdidamente apaixonada.
Só que o mais estranho é que se ela realmente fugiu porque estava apaixonada. Por que não entrou em contato conosco?
Já faz seis meses que ela sumiu Lorenzo! Seis fudidos meses que eu crio coisas na minha cabeça. Não sei como está a minha menininha.

Ele bate na mesa, e volta a chorar.

_ Seis meses Lorenzo que vejo Marina definhar, e se culpar por ter me convencido a tirar os seguranças da cola dela.
Mas algo em mim não acredita que ela fugiu. Eu tenho quase a certeza de que ele a levou. E eu não sei o que fazer, não sei por onde começar a procurar, me sinto tão perdido.

Escuto tudo sem dizer uma única palavra.

_ Eu preciso de ajuda, irmão!  Você sabe que eu nunca quis essa vida, nunca quis me envolver nisso, mas agora eu não tenho mais escolha.

Respiro fundo e me levanto da cadeira.

_ Eu irei ajudar você a encontrar a Elena. Só que eu preciso resolver umas coisas primeiro. Você me espera?

Meu irmão me olha e balança a cabeça afirmando.

_ Vou entrar em contato com os meus filhos e explicar a situação. Eles tem homens pelo mundo todo, preciso de uma foto de Elena, uma foto recente.

Ele assente.

_ Obrigado irmão! Você veio como um sopro de esperança pra mim.

Diz. E eu o abraço.

_ O sangue pela família! Lembra?
Falo segurando nos seus braços e o encarando.

_ Lembro sim!

Diz me abraçando novamente.

Nesse momento me sinto um lixo, por ter esquecido do meu irmão. Prometi ao mesmo que estaria aqui pra tudo. E olha a merda que aconteceu.
Mas eu juro que assim que eu achar aquele russo, eu mesmo vou acabar com a raça dele. Ninguém mexe com a minha família e sai impune.

Peço pro meu irmão me mostrar a tal carta que Elena deixou e as fotos dela atualizadas.
Assim que eu falar com o meu pai irei entrar em contato com os meus filhos.
Preciso saber por onde esse russo figlio di puttana está!

Me despeço do meu irmão com a promessa de que irei voltar.
Agora irei atrás de Bruno D'Angelo!










Dom D'AngeloOnde histórias criam vida. Descubra agora