Capítulo 88

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Esdras

Eu sabia que era ela a todo instante, eu sabia que era pelo seus passos, mas quando o seu cheiro atingiu o meu olfato eu tive certeza absoluta.
Elena estava parecendo uma mafiosa nata. As roupas pretas a adaga dourada na mão, o jeito de se portar. Eu estava vendo o chefão da Camorra na minha frente, até me preparei para o que viria pela frente, mas nada me preparou para o que iria acontecer. Ela não me furou, não me espancou. Apenas jogou na minha cara toda a mágoa que sente de mim. Quando ela falou dos meus filhos aquilo me quebrou, porque eu sempre sonhei em ter filhos e que eles teriam muito orgulho de mim, assim como eu e meus irmão tem do nosso pai.

A verdade é que eu me perdi em mim mesmo. Nem me reconheço mais. Até agora eu não sei o que sobrou de mim, nem sei o que sou mais.

Apenas abaixo a minha cabeça e choro.
Ouço a porta se abrindo e Pierre entra pela mesma.
Ele é um dos melhores torturadores da Camorra, assim como o seu pai.

_ Olha eu nunca imaginei que iria ver essa cena!
Ele fala gargalhando.

_ Elena tem razão, tortura piscologica é muito melhor do que física. Mas ainda assim prefiro a física.

Ele vem até mim e desfere dois soco no meu rosto. A essa altura a dor física não dói mais. Minha consciência e alma estão mais pesadas e qualquer coisa que ele faça comigo vai doer menos do que a dor que eu estou sentido. Essa é a dor que Elena falou que queria que eu sentisse.

Depois de quase duas horas me torturando ele se levanta cansado e me olha com pena.

_ Olha só pra você! Não dá nem da vontade de te torturar. Está parecendo um monte de merda. O que uma mulher não faz, hein.

Ele diz e não consigo raciocinar mais nada. Minha cabeça pesa meu corpo está exausto. Meus olhos vão fechando a única coisa que sinto é Pierre me soltando.
Em seguida apago.


Elena.

Estou nesse momento na sala da mansão dos D'Angelos. Nunca imaginei que pisaria meus pés aqui novamente.

_ Meu pai está no escritório falando com Vanessa. Tivemos que mandar ela e Ravenna pra longe, por conta do que o Esdras fez seu avô declarou guerra contra a gente.
Ele explica.

_ Podem ficar despreocupados assim que eu pegar meus filhos essa guerra irá acabar.
Digo.

Depois de uns quinze minutos Lorenzo aparece. Apresento ele a Dário e meu pai o abraça. Ele pede desculpa por tudo a meu pai, e nessa hora eu percebo que o amor entre os dois é muito maior do que tudo que estamos passando. Até porque meu pai doeria virar as costas pro irmão, mas ao invés de disso o que eu vejo nos olhos do meu pai são preocupação.
Eles se abraçam e ficam um bom tempo assim. É como se eles precisassem disso.
Admiro tanto meu pai por isso, ele e seu Lorenzo tem uma relação maravilhosa. Queria ter tido irmãos.

_ Elena, Matteo falou que você gostaria de falar comigo?

Diz Lorenzo assim que solta o meu pai.

_ Sim! Esdras me falou onde estão os gêmeos, só que eu preciso de sua ajuda.
Digo.

_ É claro! Sente-se.

Ele pede gentilmente e eu faço.

_ Tio, Esdras falou que eles estão na Grécia.

Digo e Matteo e eles se olham tentando entender o que eu estava falando.

_ Impossível Lena. Nós procuramos lá e nem sinal de Emília.
Diz Matteo.

_ Como é que é?
Lorenzo pergunta.

_ O que foi pai?
Pergunta Matteo.

_ Emília está com os bebês?

Ele pergunta e sua feição começa a mudar, posso dizer que o mesmo está com ódio no olhar.

_ Sim! Esdras deixou as crianças com ela.

Matteo diz e meu tio ateca um vazo na parede, e nós o olhamos sem intender.

_ Tio tá tudo bem?
Pergunto preocupada.

_ Sim meu amor!
Ele diz mas não me convence.

_ Posso continuar sem interrupções?
Pergunto sem paciência

_ Claro! Desculpa.
Matteo e Lorenzo falam juntos.

_ Bom, Esdras falou que eles estão na Grécia, pra ser mais precisa em Mikonos. E ele falou que o senhor saberia onde.

Tio Lorenzo fica um tempo estático. Mas logo sua feição muda.

_ Como eu não pensei nisso!
Ele diz sorrindo.

_ A casa de Mikonos que a sua mãe gostava de ir lembra? Aquela que dá de frente pra praia!
Ele fala pra Matteo e o mesmo assente.

_ Como não pensamos nisso antes. Ele os colocou num lugar óbvio porque sabia que nós não iríamos procurar lá.
Diz ele.

Tenho que confessar que Esdras é esperto. Se nem o pai dele que o conhece desde criança não imaginou isso que sou eu.

_ Vou mandar preparar o jatinho. Partiremos pra lá daqui a duas horas!
Ele diz.

E eu não falo nada apenas assinto. 

_ Vocês já jantaram?
Pergunta.

_ Não!
Digo.

_ Então vamos jantar e depois vamos buscar os meus netos. Estou louco para vê-los.

Diz meu tio sorrindo, e eu sorrio com a vontade dele de ir atrás dos netos. Lorenzo vai ser um avô maravilhoso. Meus filhos tem os melhores avós, e isso não se pode contestar.

_ Vamos meu irmão!

Ele chama o meu pai e vai arrastando ele pra sala de jantar. Assim que todos saiem da sala só fica eu e Dário, quando vejo que o mesmo vai fazer o caminho dos outros eu seguro no seu braço.

_ Dário está tudo bem?
Pergunto receosa com a resposta.

_ Depois nós conversamos, Elena!

Ele diz sério e eu apenas assinto. Ele sai andando em direção a sala de jantar e eu o sigo. Pronto mais essa.

Será que eu nunca vou ter um minuto de paz?!






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