Dom D'Angelo

Epílogo

Anos depois….

Esdras

Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais.

Mas pra mim todo dia é dia de comemorar. Tenho uma vida estável, uma esposa maravilhosa e filhos incríveis. O que mais posso querer?

Nesse exato momento eu estou sentado na ponta da cama de um dos meus filhos vendo os dois se arrumarem. Eros e Hélio!
Sim, o nosso caçula é um menino. Na verdade um homem.
Hélio leva  o nome do Deus do sol porque nasceu depois de uma tempestade. Não só no clima como também na nossa família. Meu filho veio como o sol, brilhando e iluminando tudo à sua volta. Como minha esposa costuma dizer.

" Hélio veio para completar o que achávamos que já estava completo"

E isso eu tenho que concordar. Não pense você que temos predileção pelos nossos filhos. Jamais!
Mas Hélio veio num momento em que eu estava me sentindo perdido novamente. Mas ao ver o mesmo parece que a minha vida tomou um sentido novamente. Meu filho me fez entender que às vezes fazemos coisas para o bem deles que não são inexplicáveis, mas que são necessárias para o bem dos próprios.
Aprendi muita coisa em todos esses anos sendo pai.
Não vou mentir e dizer que aquele Esdras Sanguinário não existe, pois ele ainda existe. Mas ele fica da porta pra fora. Fora de casa sou Don D'Angelo, mas dentro sou papai ou papa.
E tenho que confessar que amo isso. Amo estar em casa com minha mulher e meus filhos.
Dizem que filhos são herança que deixamos para provar o nosso legado. Acho que isso é verdade, porque nesse exato momento eu estou olhando para os meus dois filhos se arrumando para a coroação deles. Quatorze anos se passaram e eu ainda não me acostumei com isso. Eros e Laura irão assumir as máfias.

Sim! Eles irão assumir, já era de se esperar, né!
Eros irá assumir a Ndrangheta que é a minha máfia e Laura irá assumir a Camorra que é a máfia da Elena. Óbvio que eles não assumiram cem por cento, ainda! Eu e Elena decidimos que eles irão começar devagar. Mas decidimos dar essa responsabilidade a eles. Não que eles sejam irresponsáveis, longe disso. Mas achamos que chegou a hora deles fazerem o legado deles.

_ Esdras, você ainda tá aqui amor!

Elena diz parando ao meu lado e olhando para onde eu estava olhando.

_ Eles cresceram, né?!

Ela diz admirando os filhos com os olhos marejados. Sorrio com amor e sinto braços sendo passo por minha cintura e sei bem quem é.

_ Vocês parecem dois velhos babões.

Ravenna diz e minha mulher fuzila a mesma com o olhar.

_ Vou deixar a senhorita sem ver uns tais amigos e primos e aí você vai ver quem são os velhos aqui!

Minha mulher diz com uma cara nada agradável e nossa filha corre para abraçar a mesma.

_ Não, mama eu estava brincando.

Diz e minha esposa abre um enorme sorriso e a abraça. Elena é uma mãe maravilhosa. Apesar de ser muito amiga dos nossos filhos, ela não deixa que eles percam a noção. Porque antes de ser amiga ela é mãe. É ela sempre quem dá a última sentença e eu apenas concordo.

_ Meu amor vai terminar de se arrumar e agilizar o seu filho enquanto eu ajudo esses dois. Ravenna ajuda o seu pai.

Ela diz e minha filha só concorda com a cabeça.

_ Vamos meu velho!

Ravenna fala passando o braço na minha cintura. Não sei o porquê dela me chamar de velho, estou com quarenta e seis e ainda dou um bom caldo, segundo a minha digníssima esposa.