Capítulo 84

5.1K 515 20
                                    

Dois dias depois.

Elena

Ontem eu recebi alta, na verdade só fiquei no hospital mesmo por causa da minha pressão que subiu muito. Mas minha mãe prometeu ao meu médico que ficaria de olho em mim, e como a mesma é médica ele me liberou.
Hoje iremos embarcar para a Itália, meu pai queria ir sozinho mas eu insistir e disse que se ele não me levasse eu iria sozinha.

Desde que Esdras levou os gêmeos Dário se afastou um pouco de mim, mesmo que ele não diga eu sei que se culpa por Esdras ter levado os gêmeos.
E a prova disso foi que eu vi o mesmo essa madrugada chorando sentado no quarto dos gêmeos. Eu queria ter tido força para consolar ele, mas a verdade é que eu não tenho força nem pra mim.

Agora estou aqui olhando pro nada pensando nos meus filhos. Como será que eles estão? Será que sentem a minha falta? Será que estão mamando direito?
Meus bebês são tão pequenininhos. Meu olhos enchem de lágrimas, mas eu as enxugo, ontem eu prometi a mim mesma que não iria mais chorar que iria ser forte por eles.

Eu vou achar meus bebês!

Mas pra isso eu preciso me resolver com alguém. Ando até o meu quarto e vejo Dário deitado. Ele está com o braço direito sobre os olhos e o outro está repousado na cama, sei que está acordado ele mal tem dormido. Ando até ele e me deito ao seu lado. Ponho minha cabeça no peito dele e ele me abraça apertado.

_ Perdão!
Ele diz.

_ Dário você não tem culpa de nada.
Digo.

Ele tira o braço do rosto e me olha.

_ Meu amor, nós no fundo sabíamos que o Esdras iria fazer alguma coisa.
Falo.

_ Eu sei Lena, só que se eu não tivesse ido tomar café, se eu não tivesse saído, eles estariam aqui com a gente.
Ele diz aflito.

_ Meu amor olha pra mim! Você não tem culpa, se não fosse no hospital, seria aqui em casa ou em qualquer lugar, ele daria um jeito de pegar os bebês. Esdras é perverso. Você não tem noção do que ele é capaz.
Digo segurando no rosto dele.

Ele se levanta e me abraça e começa a chorar.

_ Eu só queria tirar essa dor de você, só queria os nossos filhos aqui.
Diz entre soluços.

Me aconchego nos braços dele e ficamos assim por um bom tempo.

_ Precisamos arrumar as nossas coisas para irmos atrás dos nossos filhos!
Digo.

Ele apenas assente e nós levantamos para nos arrumar.

Matteo.

Emília!

Faz exatamente dois dias que estou procurando a Emília, mas a vagabunda sumiu do mapa. Meu pai colocou os seus melhores homens atrás dela, mas a filha da puta é muito boa em se esconder.

Não vou mentir que tem sido fácil pra mim, não paro de pensar no que Esdras fez, e no que levou a fazer com ele. Meu pai deixou essa função justamente pra mim. Nunca pensei em torturar o meu irmão, a cada corte que eu fazia nele, era um corte que eu fazia na minha alma, ele sangrava eu sangrava junto, ele chorava eu chorava junto. Nesses dois dias em que eu tive que o torturar sobre os olhos do meu pai, eu não conseguia dormir depois. O meu velho disse que isso era pra nós aprendemos como a vida pode ser dura e que todo ato tem consequências.

O avô de Elena está tocando o terror por aqui, nesses dois dias ele já matou desessete membros da famiglia, e nós sabemos que ele não irá parar até colocar as mãos no Esdras, por isso estamos fingindo que ainda não achamos eles.

_ Esdras não deu mais nenhuma informação?
Pergunta Vicenzzo.

_ Não! Ele só disse que irá falar quando Elena chegar.
Digo.

_ Mas como ele sabe que ela virá?

_ Porque ele armou tudo isso direitinho, só que eu temo que ele tenha escolhido a pessoa errada pra cuidar dos filhos dele.
Digo.

_ Então ele fez isso só pra atrair Elena pra cá? Com qual intuito? Não tem lógica!
Diz Victor.

_ Tem sim! Na mente dele aqui ela estaria mais vuneravel, e ele poderia colocar ela contra parede e ameaçar ela e talvez até chantagear. Por isso ele armou tudo isso, ele não está se importando se apanhou ou não. Ele sabe que no fundo irá se safar.

Meu pai diz pensativo e é aí que nossa ficha começa a cair.

_ Então esse tempo todo ele estava armando?
Pergunta Victor.

_ Sim! Ele sabia que nós não o entregariamos para o avô de Elena. Então ele quer que a trouxemos aqui, para que ele de um jeito de chantagear, aí ele irá magicamente se libertar e a prender novamente. Só que dessa vez ele irá prender ela e os filhos.
Digo.

Meu deus! Como ele pode ter a mente tão perversa desse jeito. Ele armou tudo, ele não se arrependeu de nada! Tudo isso faz parte de um plano. Mas eu irei acabar com isso.

_ Precisamos entregar ele!
Digo.

Todos no escritório me olham com espanto exceto meu pai. Ele não esboça nenhuma expressão.

_ Você está doido Matteo? Irão matar ele em dois segundos.
Diz Victor.

_ Não! Eles não irão matar o Esdras!
Diz meu pai.

_ Eles irão tortura-lo até ele não aguentar mais. Mas quem irá matar ele vai ser ela!

Meu diz com uma convicção que até me assusta.

_ Ligue para o chefe da Camorra e diga que iremos entregar ele. Mas marque em um lugar que seja no nosso território.
Meu pai diz para Vicenzzo.

_ Pai o senhor tem certeza disso?
Pergunto.

_ É óbvio que tenho! Dessa vez o Esdras vai aprender, e vai ser da pior maneira. Quero ver ele ser torturado por quem ele tanto diz amar.

Meu pai diz e sai andando, sei que o mesmo está magoado com Esdras e sinceramente eu entendo. Ele colocou a vida de todos nós em perigo, principalmente a dos seus filhos, que está lá sabe-se Deus onde.

_ Você acha certo o que papai vai fazer?

Pergunta Victor com o semblante preocupado. Na verdade nem eu sei o que fazer mais. Só quero achar os meus sobrinhos e saber se eles estão bem.

_ Sei lá! Só sei que essa guerra tem que acabar.

A porta do escritório é aberta com brutalidade e um dos nossos guardas entra desesperado.

_ Senhor os membros da Camorra então invadindo a vila!
Diz.

_ MERDA!
Grito dando um tapa na mesa.

_ Fica aqui e tenta entrar em contato com o chefe deles eu e Vicenzzo iremos resolver isso.

Diz Victor saindo e levando todos junto com ele.

_ Que merda, Esdras!

Digo passando as mãos pelos cabelos. Essa merda vai acabar ou não me chamo Matteo D'Angelo.









Dom D'AngeloOnde histórias criam vida. Descubra agora