E Se Eu Te Perdoasse?

PRAZER - CAP 1

EUA, MANHATTAN

1:32 AM

Aqui estou eu, sentada em minha poltrona localizada no canto de minha sala, perto da janela com vista pra cidade de Manhattan. Com as pernas pra cima, e uma xícara com chocolate quente apoiada nos joelhos, penso em minha vida, como eu cheguei aqui. Ele acabou de sair daqui, mais um dia como os outros, mais uma noite de puro sexo com o cara que em troca de "favores" me sustentava, sustentava meu apartamento, minhas coisas, minha vida.. não me coloquem como vagabunda, mas eu tinha que encontrar um meio pra sobreviver, uma cidade desconhecida, uma adolescente perdida, uma mulher burra.

Anahí, 23 anos. Quando eu tinha 17 anos, ganhei uma bolsa de 100% pra cursar designe de interiores, meu sonho, vinda de um lugarzinho onde nao havia nem 2 mil habitantes, uma vida na cidade pequena, uma menina inocente, um pai decepcionado e uma mãe em lágrimas. Um primeiro amor, uma decepção, uma confiança, uma farsa. Engravidei em 2 anos e 2 meses na faculdade, pois é. Tentei voltar, mas meu pai disse na minha cara que tinha vergonha de mim, não era pra menos, a filha ir pra cidade grande e ja arrumar barriga, cursando a faculdade, onde ficou o orgulho que eu prometi dar a eles? Pois é, nem eu sei. Decidi ficar aqui mesmo, continuei na faculdade, até porque eu tinha um lugar pra dormir, depois arrumei um trabalho no shopping, larguei a faculdade, decidi criar meu filho, sozinha. Consegui um abrigo pra morar, fiquei 2 meses, e no sexto mês de gestação, perdi. Chorei, eu não sabia como iria criar uma criança sem ao menos ter onde dormir e sem saber o que ia comer no dia seguinte, mas eu chorei, mais do que nunca, me senti sozinha. Resolvi querer voltar para morar com meus pais, mas não tive coragem, eu devia dar orgulho a eles antes de voltar, eu sentia saudade. Consegui outro emprego, ainda não dava pra me sustentar limpando o chão de uma empresa, até que.. o chefe dela, me deu mole. Ricardo Gonzaga, milionário, dono de uma empresa de arquitetura, 47 anos, elegante, ignorante e safado. Casado, com dois filhos. Eu não tinha o que fazer, o jeito foi apelar. Sim, eu dei chance a ele, até hoje. E sei que errei, mas eu pensei que tendo caso com meu chefe, eu iria terminar minha faculdade, me formar e voltar pra onde sempre foi meu lar, ver meus pais e dizer o quanto me arrependia, mas provar pra eles que acima de tudo, eu fiz o que prometi, mas não, não foi bem assim que aconteceu, eu me acostumei, eu me criei como mulher, eu me acostumei com a vida que ganhei, infelizmente.

Toc toc

1:54

É sério isso? - levantei dos meus pensamentos e fui ver meu fã (pra bater na casa de alguém uma hora dessa, só podia me amar muito) olho pelo olho mágico, um sorriso brota em meus lábios

Liam: Meu amoooor - ele diz me abraçando, Liam, meu único amigo, fez designe de interiores comigo, ele se formou, eu não. Foi a única pessoa que me acolheu nesse lugar, a única que ficou comigo em todos os momentos, chegou a me levar pra morar com ele quando fiquei sem chão, mas sua mãe não permitiu uma mulher grávida, carregando um filho de um "qualquer" na barriga. Liam tentou me ajudar financeiramente, mas a bolsa dele era apenas de 20%, ele não podia, mas se pudesse, o faria. Assim que comecei a ter minhas relações com Ricardo, lhe arrumei um estágio na empresa, ele trabalha lá até hoje, e é o único que sabe do meu "caso" (pelo menos era pra ser o único) . Nunca aceitou, mas sempre respeitou minha "decisão", que está mais pra ser chamada de necessidade né.

Anahí: Achei que tinha me esquecido -dou passagem pra ele entrar. - o que lhe traz aqui a essa hora? -perguntei sorrindo e fechando a porta

Liam: Ér.. briguei com Audrey. -disse meio abatido deitando no sofá. * Audrey, uma jovenzinha de 20 anos, me odeia. Odeia nossa amizade. Me acha uma vagabunda, ela sabe sobre Ricardo, diz a Liam que não sou uma boa companhia. Eles estão juntos a uns 2 anos e meio, ela sequer ja mostrou os dentes pra mim, desde o início sempre teve ciúmes, pergunta se eu ligo? Obvio que não, o que há entre eu e Liam, sempre foi uma incrível amizade, nunca sequer trocamos palavras maldosas ou algum tipo de toque maldoso. E ela? Não acredita em nada. Liam era amigo de Ryan, meu ex e decepcionante namorado, mas como Liam sempre fora sensato, ele se afastou de Ryan ficando do meu lado, não concordando com as atitudes do amigo, ex amigo.