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"Se por te beijar tivesse que ir depois para o inferno, eu faria isso. Assim poderia me gabar aos demônios de ter estado no paraíso e nunca entrado." - William Shakespeare.

Ohana:

E como previsto, havíamos acordado durante a madrugada. Larissa entretinha-se mexendo no celular e rolando a timeline, enquanto tendo-a em meus braços eu podia observar o que fazia. Acariciando seus cabelos, e as vezes deixando beijos em seu rosto, eu permanecia.

As vezes éramos tão diferentes...

Eu havia amadurecido com a idade, ela com a dor. E era por isso que éramos diferentes.

-Larissa: Quando vamos nos ver de novo? - questionou baixinho, enquanto meus dedos adentravam seus cabelos longos e castanhos.

-Ohana: Eu não sei. - respondi no mesmo tom. - Mas não vai demorar, eu prometo.

Ela desligou o aparelho e virou-se, deitando a cabeça em meu peito, abraçando-me pela cintura e confortando-se melhor ao meu corpo. Beijei sua testa e a abracei da mesma maneira.

-Larissa: Acho que me acostumei a não ficar tão distante de você. - sussurrou.

Tudo que ecoava naquele quarto eram nossas vozes. Estava tudo escuro, e a única coisa a ser vista era a luz qual mostrava a temperatura do ar-condicionado. As cortinas fechadas impedia-nos de ver o céu. E o edredom cobria-nos de maneira excepcional.

-Larissa: O que disse pra mim, é verdade? - referiu-se a minha confissão enquanto chorava em meus braços. - Se sente segura comigo?

-Ohana: É verdade. - respondi no mesmo tom, baixinho. - Tudo que eu disse, é verdade.

Eu não podia ver seu rosto, pela maneira de estarmos deitadas. Mas sua risadinha me fez sentir-me tranquila e confiante. Meus lábios selaram a testa de Larissa mais uma vez, antes que eu prendesse-a mais a mim.

-Larissa: Por que me permitiu ter um pouco de você? - questionou confusa e ainda acariciando seus cabelos, procurei uma resposta.

-Ohana: Você não vê? - questionei óbvia. - Você tem tudo que eu preciso.

(.,,)

Pietro:

Ohana havia chegado um pouco atrasada aquela manhã na faculdade, e quando questionei o que fazia, ela apenas manteve-se silenciosa. Sua expressão era de quem havia descansado mentalmente e fisicamente, estava completamente bem e isso era notório de longe.

-Ohana: Eu a deixei em casa, por isso demorei. - respondeu-me depois de um tempo.

Ravi aplicava seu conteúdo através da plataforma digital, e enquanto seguia os passos dados por ele, Ohana mantinha-se atenta. Confesso que esse seu jeito indeciso de ser, as vezes fazia-me literalmente "andar sobre ovos". Ela podia ser muito fofa e tranquila, ou como o Diabo em seus momentos duvidosos e furiosos.

-Pietro: Papai convidou aquele amigo londrino que odiamos, pra jantar conosco essa noite. - relatei sobre o jantar.

-Ohana: Ótimo. - soou entediada. - Não tinha como ficar melhor... - concluiu irônica.

Ela passou uma das mãos nos cabelos lisos e loiros, revirando os olhos em seguida. Seu olhar resignado observou-me com chateação, realmente estávamos cansados de toda essa situação familiar. Era sempre assim, estávamos em família e muito felizes, ou tentávamos fugir a todo custo para não discutirmos.

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