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Ohana:

Retornamos para empresa dela após o fim do café com minhas tias. Eu fiquei em sua sala enquanto ela finalizava o projeto importante qual eu havia atrapalhado mais cedo. Eu entretinha-me em mexer nos objetos decorativos da sua mesa, em analisar suas fotos. Bem, tinha um ar meio rústico, mas não deixava de ser luxuoso. Aquele lugar de cara, carregava meus pensamentos impuros.

Aconcheguei-me melhor na cadeira de couro, levei os pés a descansar em sua mesa, cruzando as pernas. De forma completamente desrespeitosa, como meu pai diria. Em mãos, eu tinha um dos seus quadros, analisando sua foto deveras espontânea. A mesma qual ela havia ressaltado-me ter sido tirada por Matteo, assim que chegaram a Los Angeles.

-Larissa: Você fica linda assim... - vociferou assim que adentrou o ambiente. 

Seu sorriso carinhoso me levou a sorrir também. Eu adorava cada expressão amável sua, mesmo que estivesse cansada ou estressada, nunca faltava-me uma revelação de amor.

-Ohana: Terminou o que era tão importante? - - questionei de fato curiosa.

Ela aproximou-se em passos lentos, encostando-se na mesa, por resquícios, não sentando-se.

-Larissa: É... terminei. - respondeu-me com tranquilidade. - Demorei muito?

-Ohana: Um pouco... mas nada tremendamente insuportável. - sorri fraco, colocando-me em postura. Sentando-me corretamente. - Eu entretive-me analisando suas fotos... - revelei a medida em que levei o quadro a por sobre a mesa outra vez.

-Larissa: O que acha... ter uma nossa por aqui também? - questionou sorrindo fraco e eu assenti, erguendo-me.

Fiquei entre suas pernas, tendo as mãos repousadas em sua cintura bem demarcada no vestido colado, e o rosto a milímetros do seu. Roubei-lhe um selinho fraco, e toquei-lhe a face com calmaria.

-Ohana: Eu acho que temos que tirar fotos. - sorri em meio ao beijo, e ela concordou em um resmungo.

Sua mão acariciou-me a face, eu podia sentir todos meu corpo eriçar em arrepio. Era sempre assim, um tocar sútil dela, ou a voz doce e rouca... capazes de tirarem-me do eixo, de levarem-me ao paraíso. Era sempre ela, bastava apenas ela.

-Larissa: Eu fico feliz que tenhamos nos entendido. - sussurrou fraco. - Eu prometo que não vai acontecer de novo.

-Ohana: Ja conversamos sobre isso. A culpa não é só sua. - ressaltei, ainda tendo seu acariciar em meu rosto.

-Larissa: Eu sei que já conversamos e que a culpa não é somente minha. - ela disse visivelmente preocupada, e eu sorri fraco. - Mas eu não quero... não quero vivenciar momentos como aquele outra vez.

-Ohana: Não vamos. - sussurrei roubando-lhe ainda mais atenção. - Não precisa se preocupar com isso, coisas assim acontecem... mas, vamos evitar, ok? - sugeri e ela assentiu, abraçando-me.

Sua face escondeu-se em meu pescoço, a medida em que suas mãos deslocavam, subindo e descendo por minhas costas. Em um carinho incessante. Eu podia sentir seu respirar morno contra minha pele, e seu corpo tão delicado em meus braços, envolvido em meu amplexo amoroso.

-Larissa: Conversei com o Parker, vão aceitar sua volta ainda amanhã, desde que situações como aquela não ocorram mais. - ela sussurrou baixinho. Quase inaudível.

-Ohana: Ocorrerão se continuarem a tentar moldar seu caráter na minha frente. - não menti.

-Larissa: Meu amor, por favor! Eu sei do meu caráter e você também, é isso que importa. - ela argumentou.

-Ohana: Você lutou muito para chegar aonde está hoje, não vou tolerar ditos como aquele. Entendeu? Além do mais, eu também tenho uma reputação a zelar. Nós temos. E não vou deixar que estraguem isso.

-Larissa: Apenas os deixem dizer, não precisa rebater. - pediu baixinho.

-Ohana: Posso tentar, mas não posso garantir que conseguirei. - mencionei enquanto acariciava seus cabelos, tendo-lhe ainda em meus braços.

Ainda ali, eu tinha visão através das vidraças o fim de tarde lá fora. Já era quase noite, a temperatura começava a baixar, e notoriamente, em Los Angeles choveria. A cidade conhecida por seu calor "interminável", estava à beira de uma tempestade.

-Ohana: Está cansada... - sussurrei, em convicção. E ela respirou fundo. - Foi um dia intenso, eu sei. Quer que eu leve você pra casa?

-Larissa: Quero que fique comigo. - sussurrou manhosa, dengosa.

-Ohana: Hoje, amanhã, depois de amanhã... e assim vamos. - mencionei e ela sorriu fraco.

De fato, já não ficávamos quase nenhum dia sem dormirmos juntas. Eu tinha uma parte no seu closet, e ela uma enorme parte no meu. Fora que quase sempre ela levava-me na faculdade antes de ir pro escritório em Downtown, ou acabávamos indo juntas para o interior da faculdade.

-Ohana: Na minha casa? - questionei baixinho.

-Larissa: É... - respondeu-me em um sussurro falho.

(...)

Larissa:

Ao adentrarmos sua casa, percebemos a enorme bagunça no hall e na sala de estar. Ao avistar de longe seu irmão e alguns amigos na piscina, em meio a chuva e o céu quase escuro, ela suspirou pesado.

-Ohana: Aí como eu odeio esse moleque! - reclamou chutando algumas peças de roupas espalhadas pela casa.

Ela colocou a bolsa de grife sobre a mesinha central e deu início a uma ação qual julguei surpreendente. Lá estava a patricinha agachada catando as peças de roupas jogadas ao chão, com impaciência e irritação.

-Larissa: Por Deus! - praguejei quando a vi arremessar as peças de roupas em meio a parte externa.

Algumas caíram na parte coberta, entretanto, outras foram de encontro ao chão molhado. Pietro olhou-a notoriamente frustrado com a ação, mas com um sorriso irritado e imbecil nos lábios, ela fechou as portas de vidro. Ele falava algo, completamente inaudível devido às  portas trancadas. Ohana acenou com um tchauzinho, enquanto sorria idiota.

-Larissa: Você vai deixar ele lá fora? - questionou surpresa com sua atitude.

-Ohana: Ah... vou sim. - respondeu ainda estando de costas para mim. "Dando dedo" para o irmão.

Com um apertar de leve no controle digital das cortinas, ela fechou todas de uma só vez. Suspirou pesado, descendo dos saldos com facilidade, e então guiou-nos para seu quarto tendo as sandalhas ainda em mãos. Ligou o ar-condicionado antes de preparar-nos um banho quente, para quando retornássemos, termos uma temperatura agradável. Ascendeu um incenso, e deu-me toda sua atenção, afeto, enquanto nos encontrávamos na banheira com água quentinha e as luzes levemente escurecidas. Mantendo um clima.

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