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Ohana:

O resto da semana havia sido cheia, muitas atividades e pouco tempo livre. Meu irmão teve que conter sua diversão e dar atenção aos estudos, finalizou o trabalho com Mateo e adiantou as atividades, quando ambos passamos a nos ajudar. No fim do dia, entregamos a doação que nossos pais haviam feito na reunião do conselho.

-Parker: Temos aqui também a doação de 2 milhões de dólares feito pelos Lefundes. Pela instituição de advocacia de Sidney e a rede empresarial de Ivana (Grupo SBF). Os filhos vieram representar e entregar pessoalmente. - o diretor informou, sentado na ponta principal da mesa.

Me surpreendi, quando levantei-me da cadeira e ao me por diante da mesa, observei a figura feminina qual eu havia sussurrado no ouvido dias atrás. Seu olhar penetrante olhava-me como se pudesse deixar-me desnuda de corpo e alma. Sua postura séria na outra ponta da mesa encarou-me e um sorriso discreto e cretino foi direcionado a mim sem pudor algum.

-Ohana: Trouxe comigo a papelada financeira com a assinatura dos meus pais, e consequentemente exigindo a do conselho. - coloquei sobre a mesa os papéis necessários, sem tão pouco dar atenção a morena ou me intimidar com ela. - É de enorme prazer compactuarmos com a evolução da Harvey Mudd, e partilharmos deste ensino. Ademais, ficamos felizes em poder participar e ajudar inúmeras famílias e animais desabrigados.

Tão pouco precisavam daquele dinheiro e nem mesmo ficariam com ele, mas entregá-los e deixar que fizessem isso manteria nossa imagem honrosa ao pé da letra e isso era mais que importante pra mim e para os meus pais. Aquele dinheiro seria arrecadado para o fim do semestre, na doação semestral que a Harvey fazia para ONGs que cuidavam de animais de ruas, ou responsabilizavam-se por pessoas desabrigadas. Proporcionando alimento e as vezes até mesmo abrigo. Não que fizéssemos as doações apenas pra ter nossos nomes circulando por aí, entretanto fazer isso por meios que mencionassem nossa honra... era uma vantagem.

Assenti calma quando Parker questionou sobre distribuir os papéis, passando mão a mão pela mesa. Até chegar a mim outra vez. Observei as assinaturas tornando aquela papelada legítima, e no fim da folha analisei seu nome escrito com tamanha importância. Toquei sobre a assinatura feita em caneta e a olhei outra vez, enquanto sentava-me.

Quando tudo aquilo finalizou, já era por volta das 20:00 da noite, de sexta. Ergui-me da cadeira assim como Pietro, e agradecemos ao conselho e ao diretor, com um aperto de mão gentil e educado. Como bons "filhos de papai". Evitei a todo tempo me aproximar de Larissa, entretanto tive que apertar sua mão como a dos outros, afinal ela era uma das maiores investidoras ali. Possuindo 40% da instituição. Ela estava tão pouco intimidada pela minha presença, então... a provoquei como antes.

-Ohana: Belo decote. - sussurrei em seu ouvido assim que apertei sua mão.

Soltei sua mão e um sorriso escapou dos meus lábios, com meus olhos podendo evidenciar sua tão pouca expressão descarada.

-Larissa: Para com isso. - sussurrou um pouco falha, para toda aquela voz ousada. - Ohana, sou a mãe do seus amigos. - recitou com uma falsa chateação.

-Ohana: Sério? - questionei óbvia, com um sorriso tão pouco aceitável. Eu até diria, dissimulado. - Essa historinha toda não cola mais comigo.

Larissa buscou meu irmão, com o olhar. Sugerindo que temia a percepção dele ou dos outros ali presente. Pietro conversava com alguns investidores, e então me peguei observando-o com todo aquele ar sério. O terno ressaltava sua imponência e autoritarismo, ademais, ressaltava seus olhos castanhos e os cabelos loiros.

(...)

-Larissa: Nic e Mat disseram que vão dormir lá em casa. - ela chamou os "filhos" pelo apelido, sabia ser manipuladora e nem se quer tremer um dedo, quando fazia isso. - Querem ir comigo e poupar o tempo do motorista de vocês?

A morena questionou paciente, quando meu irmão aproximou-se. Os olhos de Pietro a fitaram com respeito, diferentemente de mim, que a fitava com um extremo desejo. Eu tão pouco me importava com os bons modos, ou senso crítico naquele momento. Havíamos marcado de dormir na sexta para que pela manhã fôssemos pra Santa Monica, onde rolaria a tal festa, em uma mansão próxima à praia.

-Pietro: Por mim tudo bem. E você pequena? - ele direcionou-me a pergunta e assenti sem dizer nada. - Tudo bem, vou avisar o Oliver.

Pietro afastou se enquanto levava as mãos aos botões do terno Armani, fechando-os com estilo e postura. Desde sempre ensinados a nós. Pietro sabia onde o carro da empresária estava estacionado, portanto me locomovi a ele somente ao seu lado. Larissa evitava me olhar, acho que o jogo tinha virado... era eu quem a intimidava agora.

-Larissa: Não faça nada notório na frente do seu irmão. - ela pediu com a voz angelical, em tom manso. - Conversamos sobre toda a historinha, em outro momento. E se fizer piadinha com isso na frente das pessoas, eu arrasto você comigo.

-Ohana: Tudo bem. - respondi em um sussurro, antes de me aproximar e morder vagarosamente o lóbulo de sua orelha. Arrastando meus lábios por seu rosto, almejando beijar sua boca. Enquanto podia sentir apenas seu cheiro.

Afastei-me somente quando notei pelo retrovisor do motorista, a chegada do meu irmão. Pietro adentrou o carro e com um sorriso discreto, me senti vitoriosa. Eu tinha a farsante nas mãos.

(...)

Não demorou tanto para que estivéssemos no condomínio qual ela morava com os filhos, Larissa estacionou e então entramos juntos. A morena não passou se quer mais que um minuto no andar principal, logo direcionou-se a escada e subiu para sua suíte.

-Mateo: Fiquem a vontade. - o gêmeo mais sério, comunicou gentil.

Ao descer as escadas, Nic me abraçou de forma carinhosa e deixou um beijo demorado em minha bochecha.

-Nicolas: Oi! - cumprimentou-me informalmente. 

Eu confesso que sempre fui insociável, e geralmente não fazia questão de ter amizades. Entretanto, Nic estava mudando meu ponto de vista quanto a isso. Eu adorava sua presença leve e calma, ele me deixava a vontade e confortável com sua presença, tirava de mim sorrisos sinceros e me respeitava de uma maneira indescritível. Talvez eu tivesse de fato achado a minha pessoa, a pessoa que se pode denominar "melhor amigo".

-Ohana: Oi! - cumprimentei de volta abraçando-me a ele.

Pude sentir sua pele quente devido ao fato de estar sem camisa. Deixei um beijo rápido em seu rosto e então ele nos guiou até seu quarto. Conversamos sobre nossos dias, quais foram separados e então ele me mostrou algumas conversas que havia tido com Felipe e o possível encontro deles na festa, em Santa Monica. Eu não podia negar que estava feliz com isso, eu o queria bem, e talvez Felipe trouxesse esse bem a ele.

-Nicolas: Ah... eu já estava quase esquecendo. - o moreno levantou-se da cama e caminhou até o pequeno frigobar em seu quarto. - Pedimos comida francesa, e no restaurante tinha aquele coquetel que te vi bebendo em frente ao campus.

Nicolas era observador e eu apreciava isso nele. Fiquei grata pela atitude simples, entretanto cheia de afeto e verdadeira.

-Ohana: Obrigado! - o agradeci assim que entregou-me o coquetel Sgroppino.

Tomei banho em seu banheiro enquanto conversávamos em alto tom, e quando sai de lá, vesti algo noturno. Um pijama básico da Louis Vuitton. E após isso, retornamos ao andar principal.

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